Política

Centrão tem cargos em áreas estratégias na negociação de vacinas no Ministério da Saúde

Wilson Dias/Agência Brasil
A indicação de atual chefe da DLOG teve influência do deputado federal Ricardo Barros (PP), líder do governo na Câmara   |   Bnews - Divulgação Wilson Dias/Agência Brasil

Publicado em 27/06/2021, às 09h36   Redação BNews


FacebookTwitterWhatsApp

Com indicações em diferentes ministérios e secretarias, hoje o Centrão ocupa cargos importantes e considerados estratégicos para a compra de vacinas. Um deles é Departamento de Logística (DLOG), hoje comandado por Roberto Ferreira Dias, que tem um orçamento bilionário e é o setor responsável pela pressão para aquisição da Covaxin, denunciada pelo servidor de carreira, Luís Ricardo Miranda.

A indicação de Dias teve influência do deputado federal Ricardo Barros (PP), líder do governo na Câmara e que, segundo o deputado Luís Miranda (DEM-DF), foi citado pelo próprio presidente com um dos nomes que estariam por trás do contrato irregular.

Somente em compras destinadas ao enfrentamento da Covid-19, o departamento fechou contratos que totalizam R$ 15,7 bilhões - valor maior do que o orçamento de pastas inteiras, como o Ministério da Ciência, Tecnologia e Comunicações.

Dias já teve cargo na gestão de Cida Borghetti, esposa de Ricardo Barros, no governo do Paraná. Ele foi nomeado ainda na gestão do ministro Luiz Henrique Mandetta, em movimento que teve além de Barros a ajuda do deputado Pedro Lupion (DEM-PR).

O titular do DLOG é apontado por Luís Ricardo como um dos superiores que faziam pressão para que ele agilizasse a aprovação da documentação da Covaxin, apesar das irregularidades e pontos a serem alterados. Luís diz ter recebido ligações fora do seu horário de expediente, à noite e também no fim de semana, o que segundo ele é incomum e não teria acontecido na negociação de nenhum outro imunizante.

Outros nomes ligados ao Centrão também fazem parte hoje do ministério. O farmacêutico Arnaldo Medeiros, por exemplo, foi nomeado secretário de Vigilância em Saúde por indicação do PL, partido de Valdemar Costa Neto, preso no caso do "Mensalão".

Deborah Roberto, esposa do líder do PL na Câmara, Wellington Roberto (PB), foi nomeada ainda em 2019 como diretora de saúde ambiental da Fundação Nacional de Saúde (Funasa). As informações são do O Globo.

O ex-ministro Mandetta confirmou que existia uma pressão do grupo político para indicar cargos, principalmente aqueles responsáveis por cuidar dos contratos da pasta.

"Infinitas vezes eles quiseram indicar gente para departamentos que têm muitos contratos, como de apoio administrativo e o DataSUS. Toda vez vinha alguém pedir esses cargos. Eternamente, eles (do Centrão) paqueravam essas cadeiras", afirmou. 

Classificação Indicativa: Livre

FacebookTwitterWhatsApp