Lula não vê Roma com chances contra Wagner e ironiza busca por terceira via: "Parece programa de calouros"

O ex-presidente Lula afirmou nesta terça-feira (6), em entrevista à rádio Salvador FM, que não vê a possibilidade de vencer uma "terceira via" na Bahia, hoje supostamente representada pela candidatura do ministro da Cidadania, João Roma, que tem a benção de Jair Bolsonaro, na briga pelo governo do estado.

Os anos de PT na Bahia, segundo Lula, foram positivos e os eleitores devem escolher pela "continuidade" do "governo primoroso". Ministro no mandato de Lula, Wagner deve tentar novamente uma vaga no Palácio de Ondina, após 8 anos no Senado.

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"Acho que Jaques Wagner é um dos mais importantes analistas políticos que conheci na vida", disse o ex-presidente, que admitiu a sua preocupação quando o então ministro decidiu, em 2006, sair como candidato ao governo da Bahia contra Paulo Souto, do grupo do falecido Antônio Carlos Magalhães. 

Considerado um conciliador, Lula elogiou a capacidade de manter uma "base de sustentação muito sólida" do grupo de Wagner na Bahia, o que não só permitiu nas vitórias ainda no primeiro turno em todas as eleições, incluindo do seu sucessor e atual governador Rui Costa, como de promover políticas públicas fundamentais para o crescimento do estado.

"Eles construíram uma base de sustentação muito sólida e isso permitiu que eles fizessem um governo primoroso que estão fazendo na Bahia, cuidando de questões como o emprego, energia, sobretudo eólica de alto desenvolvimento, educação, agricultura familiar, é um governo que faz as coisas pensando no povo".

Lula defendeu o direito de outras candidaturas, como a de João Roma, e pediu que os partidos lancem os seus próprios candidatos no primeiro turno. "Todo mundo que quer ser candidato, que saia, vamos parar com essa bobagem", disse. Contudo, reconheceu que a "perspectiva" da eleição de Wagner é "muito grande".

"Podem inventar terceira via, a quarta via, mas a perspectiva de Wagner ser eleito, se for candidato, é muito grande", admitiu.

PROGRAMA DE CALOUROS

No cenário nacional, destaca Lula, a tentativa incessante por emplacar uma "terceira via" é inútil. O ex-presidente lembrou que as disputas presidenciais são marcadas pela polarização não apenas no Brasil, que viveu por anos com a dualidade PT X PSDB, mas em diversos países como França, Alemanha, Espanha e Estados Unidos, onde a eleição se concentra em dois representantes: um social-democrata, normalmente, e outro conservador.

Segundo o ex-presidente, as especulações sobre um nome que possa figurar entre ele e o atual presidente Bolsonaro remontam a um "programa de calouros". "Acho uma piada", ironizou.

"Acho muito engraçado esse negócio de terceira via, no mundo inteiro você tem bipolaridade, dualidade na disputa eleitoral [...] ficam criando terceira via para evitar extremos, a radicalização entre Lula e o governo, mas não tem essa rivalidade, não esse ódio, pois o povo tem que escolher entre o fascismo, representado por Bolsonaro, e a democracia, representada por Lula, mas não impede que surjam outros candidatos", salienta o petista, lembrando eleições que participou no passado ao lado de mais de 10 outros nomes.

Ele pediu que os partidos "tenham vergonha" e coloquem os próprios nomes na disputa.

"Que os partidos tenham coragem e lancem seu candidato, não tentem fazer concurso. Parece programa de calouro para escolher terceira via, tenham vergonha e lancem seus candidatos e vamos ver quem o povo vai escolher [...] foi assim em 90, eu não tinha quase nenhuma chance e fui para o segundo turno com Collor [...] eu acho piada isso de terceira via, parece até que vai ter um programa de calouros 'Quem vai ser a terceira via'. Eu preciso que o jurado seja o povo brasileiro", ironizou.