Política

Deputados aproveitam obstrução para treinar discursos

Imagem Deputados aproveitam obstrução para treinar discursos
Outros lembram do tempo em que estavam na oposição e davam canseira nos governistas  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 07/03/2012, às 20h33   Luiz Fernando Lima


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Foram quase 12 horas até que os três projetos que integravam a pauta de votações na Assembleia Legislativa da Bahia fossem votados. A demora foi fruto da articulação da oposição ao governador que obstruiu os trabalhos. A estratégia é uma velha conhecida pelos parlamentares que atualmente estão na situação. Inclusive, muitos deles, em conversas informais na antessala do Plenário, lembravam saudosos dos tempos que eles se prestavam ao papel de dar “canseira” nos governistas.

O deputado estadual, Bira Corôa (PT) falou do tempo em que era vereador de oposição em Lauro de Freitas e junto com outro do bloco, vararam a noite impedindo a votação de projetos de interesse do Executivo municipal. “Aí eles interrompiam a sessão e 20 minutos virava uma hora”. Os governistas de hoje garantem que estar do lado que estão é melhor, mas a saudade de vez em quando bate.

Dito isso, na sessão de ontem, a oposição fez o jogo que aprendeu com deputados como Paulo Jackon, Moema Gramacho, Nelson Pelegrino, todos petistas, Lídice da Mata (PSB), Alice Portugal (PCdoB) e a lista corre. A diferença está na habilidade e intimidade com a tribuna e com o microfone. Alguns quadros a exemplo de Luciano Simões, Sandro Régis, Elmar Nascimento, Targino Machado e Bruno Reis são iniciados na arte da retórica.

Outros como Tom Araújo e Hebert Barbosa, ambos do DEM, não são tão íntimos do púlpito. Na verdade, os dois Democratas subiram para usar os 20 minutos regimentais sob olhares desconfiados dos jornalistas que acompanhavam a sessão e dos minguados deputados que permaneciam em plenário para ouvir os discursos. Sairam-se bem, a despeito da falta de “habilidade”, como definiu um repórter, que emendou, mas foram ajudados pelos colegas de bancada. Mas houve que se queixasse do tom monótono, assim como aqueles que sentiram a falta de Targino Machado. "Obstrução boa é aquela que faz chacota. A gente sabe que não se negocia em Plenário, então, o discurso ali em cima tem que motivar, empolgar e sacanear mesmo", declarou outro membro presente no tribuna da imprensa da Casa.

Enfim, em sessões muito vazias ou diante da necessidade de usar todo o tempo possível para cansar os governistas vale a iniciativa de falar à vontade, até para ganhar experiência. Mas isso não passa despercebido de quem acompanha os trabalhos diariamente.

Foto: Roberto Viana // Bocão News

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