Política

Afonso Florence não conseguiu avançar na reforma agrária

Imagem Afonso Florence não conseguiu avançar na reforma agrária
Baiano deixa o ministério do Desenvolvimento Agrário sem deixar grande legado   |   Bnews - Divulgação

Publicado em 13/03/2012, às 06h40   Luiz Fernando Lima



O deputado federal, Afonso Florence, deixou a Esplanada dos Ministérios na última sexta-feira (9), à noite, a pedido da presidente Dilma Rousseff. Após algumas especulações sobre a produtividade, a própria chefe de estado enviou nota à imprensa afirmando que Florence prestou grandes serviços ao processo de inclusão social no campo.

O governador Jaques Wagner, que indicou o ex-ministro, lamentou a exoneração. Disse, pela primeira vez em caso de demissão de ministro, que foi um golpe para o estado. “A gente não se contenta nem se conforma com a saída dele. Não vejo nenhum motivo para sua saída. Creio que Dilma fez isso por questões políticas e não de gestão”, declarou à Tribuna da Bahia.

Contudo, o deputado federal Valmir Assunção (PT), ligado ao Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), conversou com a reportagem do Bocão News na mesma sexta pela manhã. O parlamentar ainda não tinha conhecimento da saída do correligionário, mas ressaltava que apesar do empenho de Florence, o governo Dilma “fez muito pouco pela reforma agrária em 2011”.

De acordo com ele, foram desapropriadas 60 áreas no ano passado, todas em dezembro. “Isto abrigou entre três e quatro mil famílias. Para se ter um parâmetro, na Bahia são 25 mil famílias sem terra.No Brasil são 100 mil. Destas áreas apenas oito estão na Bahia. De todos os anos, desde o governo Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002, este (2011) foi o pior ano”.

Assunção minimiza os efeitos da mudança no governo. Segundo ele, não havia necessidade de transição, pois o projeto de Lula e Dilma é o mesmo. Um dos entraves apontados pelo petista que corroboraram para o fraco resultado foi a demora na escolha do presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). O agrônomo e matemático Celso Lacerda foi nomeado apenas em março do ano passado.

Outra razão é histórica. “O índice de produtividade é o mesmo desde 1973. Avançamos em muitas áreas para considerarmos este como recorte. A tecnologia é outra, as formas de produção também e não nós não adequamos esta situação ao índice”. Para, Assunção é preciso que o governo federal se dedique mais ao tema, até porque a prioridade é a erradicação da miséria. “Volto a dizer que a culpa não é de Afonso”, concluiu.

Outra versão

O colunista da revista Veja, Lauro Jardim, interpretou a demissão de Florence de outra forma. De acordo com ele, “Dilma Rousseff demitiu o ministro Afonso Florence, do Desenvolvimento Agrário (o aposto é necessário, pois em quatorze meses de governo foi um zero à esquerda), por incompetência na sexta-feira.

Como todos os jornais fizeram a correta leitura de que Florence foi demitido por incompetência, Dilma resolveu soltar no sábado uma nota oficial agradecendo-o por sua “importante colaboração”, garantindo que ele “prestou grandes serviços” e lamentando “interpretações em contrário”.

Essa é uma daquelas manifestações protocolares e sem sentido. Florence foi mesmo demitido por incompetência”.

Fotos: Agência Brasil e Agência Câmara

Matéria originalmente postada no dia 12/03/2012 às 13h40

Classificação Indicativa: Livre

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