Política

Recorde de greves, protestos e perda nas urnas marcam o 2012 de Jaques Wagner

Imagem Recorde de greves, protestos e perda nas urnas marcam o 2012 de Jaques Wagner
Governador fecha o ano com saldo negativo na educação e segurança  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 01/01/2013, às 07h00   Caroline Gois (twitter: @goiscarol)



31 de janeiro de 2012. Esta, sem dúvida, é uma data que entrou para o calendário da política baiana como sendo o momento no qual a segurança pública e o controle do Estado sobre ela estavam ameaçados. Cerca de 31 mil PMs pararam na Bahia e levaram a insegurança e o medo às ruas da capital e do interior por 12 dias. O movimento se estendeu para cidades no interior do estado. Em todas as regiões, houve mudanças na rotina dos moradores, com o fechamento de escolas, universidades, fóruns e outros órgãos públicos.

Quando a ação foi iniciada, a Polícia Militar emitiu uma nota do que parecia ser mais uma reivindicação d edireito de uma categoria. Mas, oq ue não se esperava é que esta longa e tensa paralisação desgastasse tanto a imagem do Governo.

A Polícia Militar do Estado da Bahia vem a público tranquilizar a população baiana informando que os serviços da instituição estão, regularmente, mantidos com a confiança que o Governo do Estado e o Comando-Geral possuem na responsabilidade e compromisso da tropa de garantir a paz dos seus familiares, amigos e a sociedade como um todo.  Ao mesmo tempo esclarece, também, que todas as propostas da Polícia Militar estão sendo discutidas com o Alto Comando da Corporação e com a participação direta das associações legais e legitimamente constituídas. As providências estão sendo tomadas junto ao Governo do Estado para implementação das ações de Segurança Pública no seu todo, além de melhorias das condições, não só na área salarial, mas também com a aquisição de viaturas, equipamentos de proteção individual, entre outros.

Desde o início da greve em Salvador e Região Metropolitana, o número de homicídios chegou 156 nesta quinta-feira (9). A média é de 15,6 assassinatos por dia. Em 2011, a média foi de 5,6 mortes por dia e, em janeiro deste ano, foram 6,9 por dia. Em um comparativo com dias anteriores a greve, entre os dias 22 a 29 de janeiro foram registrados 56 homicídios - um crescimento de 278%.  Entre os registros, também houve casos de policiais que foram assassinados.

Após a ocupação na Assembleia Legislativa e 172 homicídios em Salvador e na região metropolitana chegou ao fim a greve. Depois de uma intensa queda de braço, os militares desistiram de cobrar a revogação das prisões de dirigentes da Aspra e abrirão mão da anistia geral para todos os manifestantes.

A proposta do governo foi mantida: os militares terão reajuste de 6,5% retroativo a janeiro deste ano e receberão as GAP 4 e 5 diluídas ao longo de 2013, 2014 e 2015. Assim, o policiamento ostensivo deve voltar a ser normalizado já neste domingo (12), dia do primeiro Ba-Vi do ano. Além disso, a segurança do carnaval está assegurada, para alegria de baianos e turistas.

Segurança

Entretanto, o suspiro de alívio do governo Jaques Wagner durou pouco tempo. No dia 11 de abril os professores da rede estadual de ensino decidiram deflagrar greve por tempo indeterminado. A categoria não aceitou a proposta do Governo de reajuste de 22% no piso salarial em parcelas até abril de 2013. Os professores, representados pela APLB Sindicato, pedem que pagamento do rejuste seja feito ainda em 2012.

Por meio de nota oficial, o governo do Estado disse que todos os professores da rede estadual de ensino receberão o piso nacional estabelecido em lei. "Atualmente, todos os professores licenciados, integrantes da carreira do magistério estadual, já recebem salário inicial acima do piso fixado", afirmou o governo. Ainda segundo a nota, "o projeto de lei que assegura o cumprimento do piso nacional da educação aos 5.210 professores de nível médio (carreira em extinção), que ficaram com os  salários abaixo do novo patamar nacional, de R$ 1.451,00, será enviado, nesta quarta-feira (11), pelo governo à Assembleia Legislativa".

Depois de 115 dias com os braços cruzados, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB-BA) decidiram suspender a paralisação. A categoria aceitou a contraposta oferecida pelo governador Jaques Wagner. Segundo a contraproposta, além dos reajustes salariais concedidos à categoria neste ano, que variam de 6,5% a 11,5%, o Governo prometeu conceder a todos os professores licenciados da carreira de Magistério, por meio de curso de atualização de práticas pedagógicas, promoção com ganho de 7%, em novembro de 2012, e nova promoção, também com ganho de 7%, em março de 2013.

Pelo documento, o Estado encaminhou para revogação o artigo 3º da Lei 12.364, de 25 de novembro de 2011, que previu reajuste de 3% e 4% para os meses de outubro de 2013 e de 2014, respectivamente. Além disso, qualquer reajuste salarial linear concedido aos servidores públicos, vai comtemplar os professores.

As solicitações do sindicato relacionadas a demissões, processos administrativos, salários dos professores e repasses das contribuições sindicais foram aceitas pelo governo que somadas às questões econômicas se configuram como base do acordo.

“Para efetivação da proposta atual, é necessária a assinatura de concordância entre as partes, bem como o compromisso do sindicato em suspender imediatamente o movimento reivindicatório e os professores cumprirem o calendário de reposição das aulas”, detalha o documento enviado à APLB, com cópia para o MPE, TJBA e Ministério Público do Trabalho.

Saúde

Em junho, os médicos de todo o Estado decidiram cruzar os braços por dois dias. Após assembleia realizada no útimo dia 30, os médicos que atendem nos hospitais públicos decidiram paralisar as atividades. A greve foi o ultimato ao Governo sobre a insatisfação dos médicos, que “além de não aguentarem mais a remuneração aviltante, sofrem com a precariedade das condições de atendimento nos locais de trabalho”, informou nota.

Segundo o Sindicato dos Médicos (Sindimed), em seu discurso aos profissionais, Jorge Solla não conseguiu convencer a categoria. “Sem números precisos nem prazos definidos, a proposta não foi capaz de aplacar a insatisfação e a revolta dos médicos com o governo, de quem eles esperavam muito mais”, consta em nota oficial.

Eleições

E chegando outubro, o reflexo de todo desgaste dos meses anteriores refletiram na campanha de Nelson Pelegrino (PT). Mesmo apresentando boa pontuação nas primeiras pesquisas de intenção de voto , o petista não conseguiu alcançar o tão almejado sonho e foi derrotado por ACM Neto (DEM) no segundo turno. Com 100% das urnas apuradas, Neto teve 717.865, ou seja, 53,51% dos votos. Já Pelegrino (PT) teve 623.734 votos, que correspondem a 46,49% do eleitorado soteropolitano.

Salvador tem o terceiro maior colégio eleitoral do país e segundo os resultados das urnas, divulgados pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-BA), houve 36.579 (2,48%) votos brancos, 98.353 (6,66%) nulos e 405.013 (21,53%) abstenções.

Pelegrino concedeu entrevista coletiva para a imprensa atestando a derrota nas urnas e agradeceu aos eleitores que depositaram confiança em suas propostas. “Aquilo que nos cabe é reconhecer a derrota. Mas, todos vocês podem ter certeza que irei continuar na oposição. Continuarei a lutar por tudo que lutei nos últimos 30 anos de história de militância”, contou emocionado.

Segundo o petista, ele foi alvo de ação, considerada criminosa por parte de ACM Neto e fez acusações ao adversário que saiu vitorioso. “Fui objeto de uma sórdida campanha. Tenho 22 anos de vida pública e de vida limpa. De uma hora para outra aparecem ruas asfaltadas no Bairro da Paz, ruas iluminadas em cima da hora, cooptação de líderes de bairro. Foi uma campanha que jamais imaginaria que iria acontecer”. Pelegrino agora concentra as suas atenções em Brasília, onde retorna para cumprir seu mandato de deputado federal. Uso da máquina da prefeitura.

O PT elegeu quatro prefeitos de capitais neste ano, menos do que em 2008 (seis) e 2004 (nove), mas ampliou seu espaço no conjunto dos 83 municípios com mais de 200 mil eleitores, o chamado clube do 2.º turno.



Foto: Robert Stuck


Dando adeus a 2012

E no fim, chegando à conclusão dos 365 dias, Wagner - após momentos de tensão, embate, imbróglios e desgastes, se reuniu com o prefeito eleito. Em uma reunião de mais de uma hora com a presidente Dilma Rousseff e ACM Neto, o governador Jaques Wagner disse que foi selado um pacto por Salvador nas três esferas de poder. “As divergências não vão obstruir o que Salvador merece receber”, garantiu Wagner após a audiência.

Neto disse que saiu entusiasmado da reunião. “Foi determinante o papel do governador Wagner para que a conversa se realizasse. Existe disposição dos três para desenvolver, em conjunto, projetos importantes e prioritários para a cidade”.   

E nessa perspectiva, Salvador e os soteropolitanos aguardam 2013, afim de reconstruir mais uma história.


Fotos: Roberto Viana // Bocão News

Postada às 16h50do dia 30 de dezembro

Classificação Indicativa: Livre

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