Política

Permanência de Battisti no Brasil gera reações

Publicado em 02/01/2011, às 08h51   Redação Bocão News


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A decisão do ainda presidente Luiz Inácio Lula da Silva de negar, no último dia do ano de 2010, a extradição do terrorista italiano Cesare Battisti pode gerar sua primeira consequência diplomática ao Brasil dentro de poucas semanas.

O governo italiano está decidido a utilizar todas as vias legais para conseguir a extradição de Battisti, inclusive recorrendo ao Tribunal de Haia. Após conversas com o primeiro-ministro, Silvio Berlusconi, e com o ministro da Defesa, Ignazio La Russa, o ministro das Relações Exteriores italiano, Franco Frattini, decidiu pedir à Câmara dos Deputados o congelamento do acordo estratégico entre Itália e Brasil que deveria ser ratificado em janeiro.

As reações contrárias já começam a dar mostras de que a decisão de Lula vai causar estragos. No próximo dia 11, o Parlamento italiano deve votar a aprovação de um acordo de cooperação militar firmado entre Brasil e Itália que prevê o desenvolvimento de projetos para a construção de navios de patrulha oceânica, fragatas e embarcações de apoio logístico.

Boa parte das críticas à decisão do Brasil de manter Cesare Battisti no Brasil saíram de parlamentares que, agora, terão de analisar o acordo militar em questão.

Em recente entrevista à imprensa italiana, o ministro da Defesa, Ignazio La Russa, afirmou que tudo o que o governo italiano podia fazer em relação ao acordo há havia sido feito e que o "resto cabe ao Parlamento".

Antes mesmo da decisão oficial de manter Battisti, ele disse que "ninguém deveria imaginar que um 'não' à extradição de Cesare Battisti não teria consequências". "Eu consideraria isso um grande dano às relações bilaterais", completou.

Ao decidiri pela não extradição de Battisti, no último dia de 2010, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva justificou que, se ele voltasse à Itália, poderia sofrer perseguição ou discriminação por sua atuação política na Itália, na década de 1970.

Lula contrariou o que havia dito o STF (Supremo Tribunal Federal), que entendeu não haver essa possibilidade e autorizou o envio de Battisti ao seus país, onde ele foi condenado à prisão perpétua acusado de assassinato de quatro pessoas.

A Itália chamou de volta seu embaixador no Brasil, ato que representa o primeiro sinal de um possível rompimento diplomático entre dois países, sendo a primeira reação contrária à decisão do governo brasileiro de manter Cesare Battisti no Brasil foi imediata.

Deputados italianos prometem fazer campanha para boicotar a visita de  cidadãos europeus, especialmente italianos, ao Brasil.

Por outro lado, o ministro das Relações Exteriores italiano, afirmou que a Itália enviou uma carta à nova presidente brasileira, Dilma Rousseff, para que reconsidere a decisão anunciada por Lula sobre Battisti.

Na carta, a Itália pede a Dilma que revise "a decisão de seu antecessor" e considere a "sentença do Supremo Tribunal Federal (STF)" que autorizou a extradição de Battisti, condenado à prisão perpétua na Itália por quatro assassinatos cometidos na década de 1970, durante a ditadura.

Autoridades brasileiras acreditam que a reação da Itália, contudo, não deve passar disso. Além disso, o caso ainda precisará passar por nova análise do STF, antes que Battisti seja posto em liberdade.

O tribunal pode anular o ato de Lula, caso o considere ilegal, como aconteceu com a decisão do então ministro da Justiça, Tarso Genro, quando decidiu pela permanência do italiano sob a condição de refugiado. (Com informações Agência EFE e Folha )

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