A revista Veja desta semana traz uma reportagem que narra uma suposta reunião ocorrida entre representantes de movimentos sociais e lideranças nacionais do PT na ebaixada de Cuba em Brasília para promover uma campanha difamatória contra a blogueira Yoani Sánchez. A dissidente do regime castrista desembarca em Salvador na noite deste sábado e durante uma semana inteira cumpre agenda em diversas cidades do Brasil, entre elas Feira de Santana. De acordo com a reportagem, a intenção era utilizar as redes sociais e de influência do partido para, a partir de um dossiê, desmoralizar Yoani em todo o país.O texto, assinado pelo jornalista Robson Bonin, cita que o dossiê era semi-amador e que traria “evidência” de que a blogueira era, na verdade, uma “mercenária” sustentada pelo regime dos Estados Unidos e que, por ganhar dinheiro com sua atuação virtual via Twitter, é capaz de se dar a “luxos” inconcebíveis na ilha, como comprar cerveja e bananas. A reunião teria acontecido no último dia 6 de fevereiro na embaixada e coordenada pelo cônsul Carlos Zamora Rodríguez.
Os petistas – do governo e fora dele – chamados ao encontro ás pressas, não deveriam se identificar pessoalmente ao chegar, mas apenas dizer a que instituição pertenceriam. Logo após o quórum ser alcançado, os motivos do encontro foram explicados e o dossiê de mais de 250 páginas foi exibido. Apesar de todas as instruções, houve quem achasse a estratégia e o material de mau gosto e abandonado a reunião.
Já outros representantes de movimentos sociais permaneceram na reunião e propuseram alternativas de protesto que não a divulgação das informações. O embaixador, porém, disse que a menos de duas semanas da visita não seria possível articular os movimentos de tal maneira e que a melhor maneira de desmoralizar Yoani seria levar adiante suas orientações. Um dos presentes na reunião sigilosa seria Ricardo Poppi Martins, que trabalha diretamente com o ministro da Secretaria geral da Presidência, Gilberto Carvalho.
Outra estratégia revelada na reunião seria a de espionagem direta sobre a blogueira e seus acompanhantes em terras brasileiras. Entretanto, o embaixador não revelou o que exatamente seria feito, uma vez que a presença assumida de espiões de um país em outro seria um grande rompimento de relações entre as duas nações, por melhor que fosse sua situação mútua. O trabalho seria feito pelo G2, o serviço secreto cubano.
Martins também teria viajado a Cuba logo após o encontro para participar de encontros que, narra a reportagem, aprender técnicas de “ciberguerra” e “novas formas de comunicação de rede e batalhas políticas”. O governo negou que a reunião na embaixada tivesse acontecido, mas confirmou a viagem do servidor, a título de “trocar experiências” sobre atuação no semiárido. Já o embaixador Rodríguez não respondeu aos contatos da publicação, assim como a presidência do PT.
