Política

Exclusivo: Yoani Sánchez diz não se sentir persona non grata" na Bahia

Reuters
Blogueira cubana rebate declaração do deputado Álvaro Gomes (PCdoB) na AL-BA esta tarde  |   Bnews - Divulgação Reuters

Publicado em 18/02/2013, às 19h15   Lucas Esteves (Twitter: @lucasesteves)


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Em Feira de Santana desde a manhã desta segunda-feira (18), a blogueira e dissidente política Yoani Sánchez declarou ao Bocão News que, diferentemente do que disse o deputado estadual Álvaro Gomes na tribuna da Assembleia Legislativa à tarde, que não se sente “persona non grata” na Bahia. Ela participará, a partir das 19h, de uma exibição comentada de seu documentário “Conexão Cuba>Honduras” no Museu Parque do Saber e diz que tem cada vez recebido mais apoio no Brasil.
Comunista filiado apo PcdoB e deputado estadual há vários mandatos, Álvaro Gomes é, notadamente, defensor do regime de Fidel Castro em Cuba e consequentemente opositor da dissidente. E para engrossar as fileiras dos que repudiam a visita da blogueira à Bahia, o parlamentar usou seu tempo na Assembleia Legislativa nesta tarde para dizer que a jornalista caribenha é não era bem-vinda e que faz um trabalho exatamente oposto ao que deveria fazer em serviço à sua pátria.
"Ela é uma persona non grata (na Bahia) porque atenta contra um dos regimes mais belos do mundo, que é o cubano, quando deveria exaltá-lo. Um regime que sobrevive a um embargo criminoso imposto pelos Estados Unidos. Ela (Yoani) é financiada por este país, além de trabalhar para CIA", bradou um exaltado Gomes, como se discursasse para uma multidão inflamada ao declarar seu amor ao socialismo castrista.
“(Ser persona non grata) Não é bem o que estou vendo aqui. A gente que eu encontro diz para mim uma coisa totalmente diferente. A cada lugar que vou, a cada pessoa que encontro, é um abraço que recebo. Há muitas manifestações positivas e acho que estou sendo muito querida na Bahia”, contou em entrevista por telefone. Segundo ela, as manifestações como as que o deputado fez e que encontrou na chegada a Recife e Salvador são fatos costumeiros em sua vida de dissidente.
Yoani revelou ainda que poderia, se tivesse uma posição cômoda, começado a visita pela badalada Europa ou até mesmo por Miami, nos Estados Unidos, onde vive uma irmã. Porém, afirmou que na Bahia estavam as pessoas que mais batalharam para que ela pudesse, enfim, sair de Cuba por alguns dias em prol de fazer visitas a locais diferentes, conhecer outras culturas e debater as questões sobre as quais se debruça há anos em seu blog e outras atividades como a escrita e o documentarismo.
“A Bahia é um lugar onde há mais gente entre as que fizeram mais para que eu saísse de Cuba. Aqui, tenho um número de pessoas, amigos, gente que não conhecia, que fizeram o possível e o impossível para que o governo me deixasse sair, aprovasse o meu visto, reconhecesse este direito. Até mesmo quando eu perdia as minhas esperanças, quando achava que nunca sairia, os amigos da Bahia e outros tantos sempre me ajudaram a recuperar a fé e o desejo de manter o objetivo”, elogiou.
Apesar do apoio, a cubana duvida que tenha a possibilidade de se encontrar com governantes ou do Estado ou do Governo federal nos dias em que ficará no Brasil. Por enquanto, ela acredita que a única autoridade que deverá conhecer na “turnê” brasileira será o senador Eduardo Suplicy (PT), que virá a Feira especialmente para encontrá-la. Mesmo assim, mantém a esperança e torce por uma oportunidade por considerar o debate “saudável”.

(*Colaborou o editor Luiz Fernando Lima)

Classificação Indicativa: Livre

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