Política

Assessor-bomba do PTN: Antes só eu trancava pauta. Agora seis podem trancar

Imagem  Assessor-bomba do PTN: Antes só eu trancava pauta. Agora seis podem trancar
Alcindo da Anunciação dá recado aos vereadores: "voltarei em 2015"  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 28/02/2013, às 15h56   Marivaldo Filho (Twitter: @marivaldofilho)


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Um dos personagens mais polêmicos da 16ª Legislatura da Câmara Municipal de Salvador foi, sem dúvidas, Alcindo da Anunciação. O neo-petista colecionou discussões acaloradas com os demais vereadores pelo estilo "homem-bomba" de legislar. Quando os edis soteropolitanos mais queriam aprovar projetos, lá estava Alcindo, na Tribuna de Honra, obstruindo a votação. Como não conseguiu renovar o mandato, não pode mais obstruir as sessões. Mas se engana quem acredita que o "homem-bomba" está fora do cenário político do município. O petista, no papel de assessor da bancada do PTN, articula e orienta os seis colegas de bloco.
"Eu tenho uma experiência legislativa de quatro mandatos: três de vereador e  um de deputado. Nesse último, ajudei a formar o bloco dos independentes, vi o crescimento e o amadurecimento desses vereadores. Fui convidado por eles e estou fazendo um papel diferente porque, antes, eu era um legislador e um fiscalizador. Hoje, sou assessor. Encaro com muita honra. Primeiro, porque eles me ouvem. Nós trocamos muitas ideias sobre o Regimento Interno, Lei Orgânica do Município e proposições para a Casa. Em virtude deles estarem agora com mais experiência, fica mais fácil o trabalho. Minha passagem pela Casa foi importante. Uns entendiam que eu obstruía e atrapalhava, mas meu papel era de valorizar o Poder Legislativo, que não pode ser subordinado ao Executivo. Tenho certeza de que essa bancada parlamentar de seis vereadores vai estar cada vez mais fortalecida  e com possibilidade de incorporar outros vereadores", avisou Alcindo.
O estilo "homem-bomba" de legislar pode ser incorporado pelos vereadores da bancada do PTN, que atualmente conta com Alan Castro, Carlos Muniz, Geraldo Júnior, Kiki Bispo, Tiago Correia e Toinho Carolino. Para Alcindo, se não houver consenso na Casa, o bloco, "em nome da independência do Poder Legislativo" deve incorporar a entidade "tranca-pauta" e obstruir as sessões.
"Eu forçava que tivesse discussão na Casa. Não aceitava que as matérias viessem sem ser discutidas. Naquele momento, quando acontecia o "tranca-pauta", só eu obstruia. Agora são seis vereadores. Então, se não houver consenso entre a Casa corre o risco de ter não só um "tranca-pauta", mas seis. Eu não estou orientando eles neste sentido, mas se eu sentir que existe a necessidade de um debate, claro que eu vou conversar com eles nesta linha. Não podemos admitir que a Câmara seja atropelada pelo Executivo, pela mesa diretora ou por qualquer outro vereador. Então, pode acontecer, em determinado momento, de os seis estarem na tribuna da Casa protestando e até trancando a pauta", adiantou Alcindo.

Alcindo da Anunciação garante que não se importa e "tira de letra" os apelidos que foram colocados pelos colegas de Casa. "Levo na esportiva. Tive debates acalorados em que tentaram me atingir. Não tinham o que falar e, para me irritar, muitas vezes, iam por esse caminho. Me chamam de 'homem-Bomba' e, pior ainda: 'exu-tranca-pauta'. Mas eu mantinha minha linha, não ligava e focava no debate de ideias", justifica.
Sobre a dificuldade do Partido dos Trabalhadores em aceitar a nova função, Alcindo relatou que ainda há resistência de alguns integrantes da legenda. 
"De início, houve uma resistência muito grande da bancada do PT à minha ida para a bancada do PTN, principalmente da nobre colega Marta Rodrigues, que entendia que se eu fosse trabalhar como assessor do PTN, eu teria que sair do PT. Eu tenho dito que não tenho interesse em sair do PT. Até gosto do PT porque é um partido que discute, debate, e que quando não tem com quem debater, debate entre eles mesmo. É desse tipo de trabalho que eu gosto. Agora, impedir que eu desenvolva outra atividade política neste bloco parlamentar é complicado. Estou aqui para somar para a cidade. Se o PT, por outros motivos, pedir para me alijar do processo, eu não poderei fazer nada. Agora, eu pedir para sair do partido, jamais acontecerá", garantiu.
Para os vereadores que se dizem satisfeitos com a ausência do estilo "homem-bomba" nas sessões ordinárias da Câmara, Alcindo manda um recado: o petista acredita quem em janeiro de 2015 estará novamente na Casa Legislativa de Salvador. "Eu não disse 'adeus'. Disse 'até logo'. Tenho certeza de que a minha coligação deve eleger 3 ou até 4 deputados estaduais. Se Deus quiser, a partir de janeiro de 2015, estarei de volta e não irei mudar minha postura de jeito algum. Continuarei sendo o mesmo Alcindo de sempre, mesmo com os apelidos que colocaram", concluiu Alcindo da Anunciação.

Classificação Indicativa: Livre

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