Política

Deputado tenta se projetar apostando em falta de memória da população

Imagem Deputado tenta se projetar apostando em falta de memória da população
Zilton Rocha propôs redução de recesso em 2007   |   Bnews - Divulgação

Publicado em 20/03/2013, às 11h50   Luiz Fernando Lima (twitter: @limaluizf)




A base salarial dos deputados estaduais da Bahia é atrelada à dos deputados federais. O subsídio corresponde a 75% do que é pago para o parlamentar da Casa Baixa do Congresso Nacional. A despeito de outros benefícios não estarem vinculados, moralmente acaba-se alinhando alguns.

O caso mais recente foi o que extinguiu o pagamento do 14º e 15º salários. Aprovou-se a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) em Brasília o que provocou uma reação em cadeia que percorreu o Poder Legislativo dos estados brasileiros.

Sem constrangimento, houve deputados que levantaram a questão como verdadeiros idealizadores da proposta. No Palácio Luís Eduardo Magalhães também tentou-se “capitalizar politicamente” a matéria. Não levou-se adiante a personalização porque uma ação articulada entre as lideranças de bancadas colocou o projeto como oriundo da Casa.

Nesta semana, comete-se outro desvio de origem. Um parlamentar conta com alguma falta de memória histórica para se apresentar como proponente da redução do recesso. O tempo atual chega aos 90 dias. A maioria dos deputados concorda que o período pode ser reduzido.

Contudo, a PEC que pode mudar o Art. 67 da Constituição Estadual não data de hoje. Tampouco deste ano. O então deputado estadual Zilton Rocha, agora presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE), há seis anos tentou emplacar o projeto.

A PEC 107/2007 foi relatada pelo deputado Paulo Rangel (PT), à época membro da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ). O parlamentar decidiu pela legalidade da matéria, mas o assunto deixou de ser tratado.
Durante a sessão desta terça-feira (19), Rangel trouxe o assunto à baila. Lembrou, assim como outros deputados, que é importante discutir o assunto entre os pares para se construir uma proposta que reflita o sentimento da Casa.

“Não sou contra a redução, mas tentar empurrar um projeto, sem discutir, fazendo pressão não é o caminho. Eu não aceito este tipo de chantagem barata”, afirmou Rangel.

O deputado não está sozinho neste embate. O próprio presidente Marcelo Nilo (PDT), que já se posicionou favorável à redução do recesso, também manifestou opinião contrária ao tipo de ameaça velada e chantagem explicita que vem sendo encampada no plenário.

Voltando à proposta de Zilton Rocha à constituição atual estabelece que: A Assembleia Legislativa reunir-se-á anualmente, em sua sede, de 15 de fevereiro a 30 de junho e de 1º de agosto a 15 de dezembro.

A proposta reduziria de 90 para 60 dias o recesso. Bruno Reis (PRP) em pronunciamento declarou que o tempo poderia ser ainda menor: 30 dias.

Não há data para a PEC ser votada, mas uma coisa é certa, os deputados que buscam individualizar posições coletivas ou ainda apostar na falta de memória da população podem cometer uma injustiça com aqueles que buscaram afinar o trabalho do Legislativo com a expectativa da sociedade.


Nota originalmente postada às 20h do dia 19

Classificação Indicativa: Livre

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