Política

Ao indicar meia no ferry, Marcell “furou o olho” de Cláudio Tinoco

Imagem Ao indicar meia no ferry, Marcell “furou o olho” de Cláudio Tinoco
Tinoco deu a ideia original na tribuna e diz que Moraes aproveitou para ser pai da ideia  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 04/04/2013, às 08h24   Lucas Esteves (Twitter: @lucasesteves)


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Na conquista entre homem e mulher, existe o acordo não dito de que quando um varão galanteia uma dama, os outros não se intrometem. Quando esta regra é quebrada, entra em cena a incômoda figura do fura-olho. E foi exatamente o que aconteceu na Câmara de Vereadores de Salvador nesta terça-feira entre o “furão” Marcell Moraes (PV) e o “furado” Cláudio Tinoco (DEM) em relação à indicação de meia entrada no ferry boat apresentada pelo verde.
Ocorre que, em um debate interno acerca da instituição do programa “Domingo é Meia” em Salvador, Tinoco e Luiz Carlos Suíca (PT) debatiam sobre a opinião do petista, crítico ferrenho do projeto. No entender de Suíca, o decreto assinado semana passada "não é tão meia assim" por excluir o Salvador Card da cobrança. Por sua vez, Tinoco defendeu o "Domingo é Meia" e cobrou melhores argumentos do colega. Aproveitando o ensejo, foi à tribuna fazer um pronunciamento neste sentido.
Ao explanar seu apoio à iniciativa do Poder Executivo, Tinoco indicou que, para continuar um processo positivo de benefício à população, o Governo do Estado poderia instituir meia-entrada aos domingos no ferry boat, ônibus intermunicipais e até mesmo os pedágios das estradas. No final da seção, ele afirma ter sido pego de surpresa com a indicação de Marcell Moraes, que justificou tê-la feito em nome da Comissão de Direitos do Cidadão.
A justificativa, porém, não convenceu o democrata, que deixou claro pessoalmente a Marcell que não gostou de sua postura. “Ele disse que fez em nome da comissão, mas na verdade fez em nome próprio. Não posso afirmar se se trata de ingenuidade, não quero adjetivar, mas com certeza foi uma atitude precipitada e incorreta do vereador”, bradou. Segundo ele, o verde usou da prerrogativa de que os autores de indicações e projetos que o façam primeiro junto à Mesa Diretora são nomeados seus “donos”, não importando de onde veio a ideia original.
Tinoco Lembrou que, no episódio ocorrido dias atrás relativo à coincidência de projetos entre ele e Suíca em relação à regulamentação dos mototaxistas, os colegas entraram em acordo e, após refazerem o projeto, o encaminharam como pauta conjunta. Para o ex-presidente da Saltur, se Moraes tivesse este entendimento, teria feito a indicação da meia no ferry como um projeto coletivo. “A atitude dele foi indevida, eu comuniquei isso a ele e vou manter isso (a postura)”, encerrou.
Em sua defesa, Marcell Moraes alega dois pontos. Primeiro, jura ter feito a indicação unicamente em relação ao ferry boat, enquanto Tinoco abrangeu sua sugestão em relação a outros meios de transporte. Por último, confirma ter representado oito vereadores quando indicou o requerimento via Comissão de Direitos do Cidadão. Para ele, trata-se de um projeto comunitário.
“Meu foco não sou eu. Eu não sou vereador, eu estou vereador. E até quando o povo decidir não me eleger mais, daqui a quatro, oito ou 12 anos, eu pretendo ser conhecido como um vereador inquieto, que trabalha bastante e busca melhorar a cidade”, argumentou. Ele afirma não ter ficado nenhum sentimento de irritação em Tinoco e que ambos conversaram, equacionaram a oposição e se comprometeram a repercutir o fato positivamente na tribuna nesta quarta. Sem citar nomes, Marcell disse também que há “fogueira de vaidades” na Câmara e que gostaria chegasse ao fim a necessidade de haver nomeação de “donos” de projetos para que o parlamento pudesse ser mais representativo e menos personalista. 
“Os projetos não devem ser desse ou daquele vereador. Devem ser de toda a Câmara”, projeta. O verde, que também dirige o partido em Salvador, afirma que não pretende pecar por omissão em seu mandato e que dos quase 100 projetos de lei, indicações e outras solicitações feitas em menos de 100 dias de trabalho são cobrados pessoalmente por ele e seus assessores nas instâncias internas competentes. “Trabalho 24 horas por dias. Sou vereador do PV e todos os filiados do PV têm liberdade de sugerir projetos e dar ideias para a execução do mandato.”

Publicada no dia 03 de abril de 2013, às 16h19

Classificação Indicativa: Livre

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