Política

Na disputa por cargos, PT atropela Wagner

Imagem Na disputa por cargos, PT atropela Wagner
Duas forças internas fazem pacto para abocanhar os principais postos do primeiro escalão  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 17/01/2011, às 10h30   Ivana Braga



A disputa do PT por cargos no governo Jaques Wagner pode criar algumas situações delicadas para o governador, segundo avaliam algumas fontes do partido que acompanham as articulações que vem sendo desenvolvidas internamente. dentro do partido. No vale tudo por cargo, as tendências Construindo Novo Brasil (CNB), antiga campo Majoritário, e a Articulação de Esquerda (AE) fecharam um pacto para que ambas ocupem os principais cargos do primeiro escalão do governo.

A CNB conseguiu emplacar o deputado federal Zezéu Ribeiro na Secretaria do Planejamento (Seplan), uma das mais importantes da estrutura governamental. Sem esperar ter seu nome oficializado pelo governador Jaques Wagner como novo secretário do Planejamento da Bahia, Zezéu assumiu a postura de secretário e começou a falra como tal, dizendo o que pretende ou não fazer ao assumir a pasta.

Agora o próprio partido não consegue “segurar a língua” e se encarrega de tornar pública a escolha do jornalista e professor da Faculdade de Comunicação (Facom) da Ufba, Albino Rubim, como o nome indicado pela cúpula do partido para substituir o diretor teatral Márcio Meirelles na Secretaria de Cultura na nova gestão do governador Jaques Wagner, escolha, inclusive, elogiada pelo senador eleito Walter Pinheiro no seu twitter.

Albino Rubin seria mais uma indicação da “força” da Articulação de Esquerda que ainda quer emplacar Marcelino Gallo na Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza (Sedes) indicado por Valmir Assunção, eleito deputado federal.

A gestão de Assunção foi alvo de muitas críticas internas do PT.  “A passagem de Assunção pela Sedes foi desastrosa e motivo de inúmeras pressões as quais o governador foi submetido ao longo desses quatro anos dentro e fora do partido”, diz uma fonte do PT, referindo-se às denúncias de roubo de urnas, aparelhamento eleitoral da Sedes, distribuição de recursos indistintamente a entidades conveniadas alvo de questionamentos da Procuradoria Geral do Estado (PGE), entre outras a que o nome de Assunção está envolvido.

As informações dão conta, no entanto, que ao governador já teria dado demonstrações da vontade de retirar da AE o comando da Sedes. Ao governador o nome da deputada estadual e ex-prefeita Neuza Cadore, ligada à Democracia Socialista (DS), tendência integrada por Walter Pinheiro e Afonso Florense, é muito mais simpático. Ou a opção pelo deputado Yulo Oiticica;

É justamente a ligação da deputada com o grupo de Pinheiro o maior motivo para ela ser limada pelo presidente do PT, Jonas Paulo, da Articulação, sob a argumentação de que DS está fortalecida nos governos federal, com Florense no Ministério do Desenvolvimento Agrário, e estadual, com Robinson Almeida na Assessoria Geral de Comunicação (Agecom), indicação de Pinheiro.

A DS acusa a direção do partido de perseguição política e bate pé firma na indicação de Cadore como opção para ser definida pelo governador dos baianos.

O nome de Yulo também foi vetado pela direção do PT. “Ao vetar nomes como o do deputado Yulo Oiticica, um dos parlamentares mais experiente do PT no legislativo baiano, ou de Carlos Brasileiro, que está na pendência de perder a vaga na Assembleia Legislativa, o presidente Jonas Paulo deixa o governador numa verdadeira saia justa. uma situação constrangedora”, avalia uma fonte petista.

Sejam quais forem as escolhas internas do PT, que conta com o compromisso do governador de contemplar opartido com cargos no primeiro escalão, a postura da direção ao tornar públicas suas definições que ainda não foram avalizadas pelo governador, atropela o estilo de Wagner, acostumado a só divulgar suas decisões depois de tê-las costurado e amarrado bem.

A forma como o PT conduz a distribuição dos cargos na estrutura do governo, repassa a imagem de que é o partido, não o governador, que decide.

Até porque, na reunião em que o PT definiu o nome do novo comandante da Cultura faltou a presença do maior interessado na questão: o próprio governador.

Apesar disso, sem sequer informar a Wagner – o que deve acontecer em reunião na segunda-feira (17), às 10h30, da qual está previsto participar Walter Pinheiro, Jonas Paulo, Nelson Pelegrino e Paulo Rangel -, o PT colocou na rua os nomes dos seus favoritos, dando como favas contadas a aceitação por parte do governador, comportamento, no mínimo, indelicado com a autoridade maior e detentora do poder de decidir.


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