Política

Bloco da prefeitura/oposição foi o “rolo compressor" do 2 de julho

Imagem Bloco da prefeitura/oposição foi o “rolo compressor" do 2 de julho
Linhas de seguranças empurraram, atropelaram e colocaram muita gente em perigo; veja vídeo  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 04/07/2013, às 07h08   Lucas Esteves (Twitter: @lucasesteves)


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Se o governador Jaques Wagner sofreu com o maior volume de vaias e reprovações durante o desfile do 2 de Julho nesta terça-feira, do lado da Prefeitura de Salvador houve muito mais aplausos que reprovações. Porém, houve quem penasse durante a passagem do bloco de ACM Neto e da oposição ao governador: o povo que estava em volta do grupo. 
Com três fileiras de seguranças, o grupo em torno do prefeito foi o verdadeiro “rolo compressor” do 2 de Julho. No mau sentido. Sem nenhuma pena ou senso de segurança no sentido literal da palavra, os homens contratados para fazer o trabalho de isolar o povo do prefeito derrubavam pessoas, atropelavam famílias, crianças, músicos de bandas de fanfarra com um show de truculência que impressionou a todos que tentaram acompanhar o desfile ao lado do bloco. 
A agonia teve início quando o grupo saiu da Lapinha em direção à Soledade. Após hasteamento da bandeira e hino, os seguranças cercaram o prefeito e seus aliados e saíram empurrando quem estivesse à frente em um passo tão apressado que quase pareceu correria. Havia grades nos lados do caminho e quem não teve força o suficiente para devolver cotoveladas e pressões em geral correu grandes riscos de cair e ser pisoteado por uma multidão em desespero tentando respirar.
Neste primeiro lance, o secretário de Saúde do Estado, Jorge Solla, sofreu um bocado. No meio do caminho, ele foi fortemente empurrado e ficou prensado entre multidões. Deveu sua integridade física a outros seguranças que o acompanharam e iniciaram um toma-lá-dá-cá para salvar Solla. Há que se lembrar que o gestor não é mais um garoto e foi evidente que lhe faltava o fôlego, em uma expressão de profunda agonia no momento da confusão.
Mais à frente, a vontade enlouquecida dos seguranças de arrastar o bloco o mais longe possível fez novas “vítimas”. Presentes ao desfile como reforço na festa, fanfarras de jovens, mulheres e idosos foram literalmente atropeladas pelos seguranças e instrumentos de percussão vieram ao chão com toda a força. Dali em diante, toda e qualquer banda foi ignorada, ultrapassada e impedida de tocar pelo tsunami do prefeito.
Reclamações e troca de empurrões só pioravam o quadro, pois o rolo compressor aproveitou e também deu de ombros diante da presença de dezenas de crianças e só não as pisoteou porque pais e mães, desesperados, agarravam seus filhos para protegê-los. Uma mulher que foi empurrada olhou para um dos seguranças e gritou: "por que você está me empurrando assim? É só para o prefeito passar, é? Quem é o prefeito pra achar que é mais importante que os outros?".
Assessores da prefeitura, admiradores do prefeito e até participantes do bloco se admiraram com a truculência dos seguranças no local. Em determinado momento, até o próprio ACM Neto censurou a ação e bradou: “parem com isso! Deixem o povo participar!”. Ele chegou a ser questionado por repórteres durante a confusão sobre o que fazia seus seguranças agirem com tanta violência, mas disse não saber exatamente o que estava acontecendo e que precisava ir “lá na frente” para se inteirar do que acontecia.
O empurra-empurra não chegou a fim até o final do trajeto do prefeito, mas ao menos diminuiu de acordo com que as ruas ficaram um pouco mais largas ou havia menos bandas e famílias no caminho. Confira abaixo um trecho da caminhada, localizada logo no início da descida do Largo da Soledade. Nos primeiros segundos há imagens de famílias tirando suas crianças do caminho e pessoas tentando sair do caminho dos seguranças.


Publicada no dia 03 de julho de 2013, às 11h50

Classificação Indicativa: Livre

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