Na primeira semana de votações desde que deixou a Secretaria de Educação de Salvador e voltou a ser deputado estadual, João Carlos Bacelar (PTN) parecia se virar bem nas funções de adversário do Governo do Estado. Foi dele a principal articulação de emendas a um projeto do governo e, experiente, reunia a deferência dos colegas de bancada. Ia e voltava com pressa, mas de semblante animado.Após tempo para amadurecer algumas ideias, Bacelar pode refletir melhor sobre seu período à frente da pasta na capital. Da experiência, disse ter tirado maior conhecimento e maturidade para lidar com o assunto que, alega, o agrada mais. Aproveitou também para desejar que o ex-aliado João Henrique assuma o atual momento político e engrosse as filas oposicionistas no Estado para honrar o que ele mesmo dizia em conversas privadas.
“Ele alegou sempre que um dos impeditivos dele realizar um bom governo foi a oposição que o PT fez a ele. Então eu acho que ele não pode estar neste arco de alianças. Acho que ele tem que estar no arco da Oposição”, analisou. O cacique petenista, porém, não colocou o ex-prefeito como o nome mais forte entre os adversários e lembrou que o bloco tem outros bons postulantes para o ano que vem, a exemplo de Geddel Vieira Lima, Paulo Souto e João Gualberto.
Bacelar também avaliou o caráter das duas gestões das quais participou e cravou que, entre ACM Neto e JH, o primeiro tem maior estilo de cobrar resultados, o que faltou ao ex-gestor. Na avaliação do deputado, João Henrique perdia muito tempo cuidando de articulações políticas e não se envolvia na gestão, de forma que não sabia bem o que estava acontecendo em cada órgão.
“O prefeito ACM Neto participa mais. João Henrique se preocupa mais com esta coisa de articulação política. São estilos de administração totalmente diferentes”, explicou. Ele, porém, disse que não fica de nenhum dos dois lados caso precise escolher, apesar de não esconder a admiração pelo atual administrador devido à relação pessoal que ambos têm. “Sempre fui ligado ao prefeito. Desde antes dele ser deputado eu já participava da formação política dele. MAs eu tenho gratidão ao prefeito João Henrique por ele ter dado prioridade à Educação. Durante os dois anos que passei (na SEC) não faltaram recursos”, justificou.
Em uma avaliação política geral sobre JH, avalia que o grande erro do ex-aliado foi “dividir” a administração e perder o controle da delegação de funções a partidos. Por conta disto Bacelar acredita que o prefeito afrouxou a mão na coordenação do projeto maior e deixou formar “ilhas” nas secretarias. A Educação, por outro lado, não poderia ser considerada mais uma destas “ilhas”. Vale lembrar que Bacelar foi bastante acusado de usar a pasta como comitê político do PTN nas eleições de 2012. “Todo mundo que eu peguei ainda está lá. São funcionários de carreira da Secretaria da Educação.”
Nota originalmente postada às 19h do dia 29
