Enquanto o ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, tentou justificar o apagão que deixou sete estados do Nordeste sem energia elétrica por cerca de quatro horas entre o final da noite desta quinta-feira (3) e madrugada desta sexta-feira (4), afirmando que a causa foi teria sido uma falha na subestação de São Luiz Gonzaga, no Maranhão, o líder do Democratas na Câmara Federal, deputado ACM Neto, entendeu que a causa do black out é política.
De acordo com ACM Neto, a causa maior do problema é o loteamento político dos cargos no setor elétrico nacional. Para ele, os cargos técnicos estão sendo ocupados por políticos desqualificados para as funções, o que fragiliza as empresas. “Se tivéssemos pessoas técnicas e qualificadas para nos cargos do setor, teríamos planos de contingência e reduziríamos em muito as chances de panes deste tipo ocorrerem”, avaliou afirmou Neto.
O ex-deputado José Carlos Aleluia (DEM), que já ocupou a presidência da Chesf, um apagão como o registrado nesta madrugada ocorre quando há um conjunto de falhas técnicas. “O que aconteceu foi um apagão administrativo”, opinou Aleluia.
Ele explicou que desde que era ministra da Minas e Energia a presidente Dilma Rousseff trata a Chesf de forma política. “O presidente Dilton Conti é apenas uma figura decorativa para Dilma, que sempre se dirigiu ao diretor de Operações, Mozart Bandeira ignorando a presidênciada empresa”, critica o ex-deputado.
Para ele, a sonegação de informações por parte da Chesf, que até o momento não explicou oficialmente a razão do apagão, é mais uma demonstração da falta de transparência e respeito à verdade do governo petistas.
A declaração de Aleluia é referente ao fato de a direção da Chesf não ter explicado, até agora, o motivo do apagão que deixou parte do Nordeste no escuro. A empresa ficou de divulgar às10 horas nota oficial informando o motivo do black out e não fez até o momento.
De acordo com o que apurou a reportagem do Bocão News, a empresa só vai se manifestar oficialmente sobre a razão do apagão na próxima semana. Por hora, resta apenas a explicação do diretor de Operações de que houve uma falha em um componente eletrônico - a cartela, que faz parte do sistema de proteção da subestação – que por algum defeito eletrônico teria dado ordem para desligar a subestação.
O senador Walter Pinheiro (PT) também contestou essa justificativa para explicar o apagão que atingiu o Nordeste. Para ele, não é aceitável que o black out tenha sido causado por falha no circuito eletrônico de uma subestação em Pernambuco.
Pinheiro contestou e disse lamentar a explicação de que uma falha num equipamento tenha produzido todo o apagão. Ora, um técnico do porte de Mozart sabe que falhas, defeitos e até acidentes vão ocorrer sempre. Para o senador, a pior falha está na ausência de planos de contingência e sistemas alternativos para continuidade de serviços.
Conforme o senador baiano, a falta de um plano de contingência foi a causa do apagão, pois, além da queda em uma usina, como efeito dominó, houve quedas em outras unidades, quando deveria ocorrer o contrário.
De acordo com Pinheiro, o sistema atingido deveria ter sido isolado e sua ‘base’ de cobertura deslocada para atendimento e manutenção dos serviços por outras usinas. "Era melhor assumir esta falha, para corrigir, do que colocar a culpa em uma ‘peça’ que todos sabem que um dia vai falhar”, condenou Pinheiro.
Para o deputado ACM Neto, essa é uma ótima oportunidade para a presidente Dilma mudar sua política de ocupação de cargos, privilegiando os quadros técnicos competente e não o apadrinhamento político, evitando que a população pague a conta pelos erros.
Às 16h26 a redação do Bocão News recebeu a nota oficial prometida para às 10 horas desta sexta-feira. Veja a íntegra da nota:
Defeito provoca desligamento em sete Estados do Nordeste
A Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) informa que, à 0h08 de sexta-feira (horário de Brasília), um defeito no componente eletrônico denominado “cartela” acionou, indevidamente, o sistema de proteção da linha de transmissão que interliga as usinas de Luiz Gonzaga, localizada no município de Jatobá (PE), e de Sobradinho (BA).
Em sequência, à 0h21, ocorreu o desligamento da Subestação Luiz Gonzaga e sete estados do Nordeste – Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará – foram afetados com interrupção de energia, tendo sido a última carga restabelecida às 4h37.
Segundo superintendente de Operação, João Henrique Franklin, depois de identificada a origem do defeito, todas as medidas necessárias foram tomadas para normalizar o atendimento o mais breve possível.
“Foi um evento considerado raro e a Chesf está trabalhando no Relatório de Análise de Perturbação, que será feito em conjunto com o Operador Nacional do Sistema (ONS)e com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel)”, afirmou.
Às 11h30 de hoje, a diretoria da Chesf participou de entrevista coletiva, na Sede da Empresa, explicando os motivos do desligamento e garantindo o abastecimento de energia elétrica.
Foi iniciada a recomposição das cargas nos seguintes horários: Fortaleza (1h10), Aracaju e Salvador (2h05), Recife (2h15), João Pessoa (2h25), Maceió (3h35) e Natal (4h10).
João Henrique Franklin explicou que a Chesf gera e transmite energia às concessionárias, responsáveis pela distribuição direta aos consumidores.