Política

30 anos de MST: petistas criticam Governo Dilma e cobram mais avanço

Imagem 30 anos de MST: petistas criticam Governo Dilma e cobram mais avanço
Presidente passou um ano e três meses sem desapropriar nenhuma terra improdutiva  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 24/01/2014, às 07h53   Juliana Nobre (Twitter: @julianafrnobre)



O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) completou 30 anos nesta quarta-feira (23). De lá para cá, o movimento passou por episódios importantes e outros massacrantes, a exemplo da chacina em Eldorado dos Carajás, em 1996.

Atualmente, o MST sofre com a redução na capacidade de mobilizar os entes federais para concretizar a reforma agrária e na organização de acampamentos. Ainda assim, dirigentes e militantes do movimento acreditam que muita coisa melhorou.

O deputado federal, Valmir Assunção (PT), um dos líderes do movimento na Bahia, credita as dificuldades enfrentadas ao governo federal. Para ele, a presidente Dilma Rousseff deixa a desejar e foi a gestão que menos assentou nos últimos anos.

“O governo Dilma no processo de reforma agrária foi muito ruim. Não conseguimos articular, mas por parte do governo. Ficamos 1 ano e 3 anos sem assentar. Nunca na história do Brasil, um governo passou tanto tempo sem desapropriar uma fazenda. Quando o governo não desapropria, não libera crédito para o assentado e não estrutura os assentamentos, é claro que há dificuldade por parte do movimento em articular”, critica.

Ainda de acordo com o parlamentar, enquanto Dilma não assenta, o ex-presidente Lula desapropriou terras para cerca de 40% de um milhão de famílias assentadas no país. “Este foi o grande legado do nosso ex-presidente”.

A dificuldade da petista em garantir a reforma agrária no país é considerada pelo parlamentar “falta de coragem”. “Francamente, o governo acha que o processo de reforma agrária é muito caro e aí não tem coragem de enfrentar o latifúndio. Todas as terras improdutivas devem ser desapropriadas. Isso está na Constituição. E por que não é feito?”, questiona.

Entretanto, ainda há o que comemorar. Para o petista, pode-se ressaltar como a principal conquista do MST, a devolução da cidadania. “Mais que assentar as famílias é dar uma identidade para essa parte da sociedade que era excluída a se tornarem um cidadão, ter respeito nacional e internacionalmente, e se tornem referência. Esse é o patrimônio”.

Ainda dentre as mudanças positivas nos últimos 30 anos considera-se a inserção de filhos de assentados em cursos superiores em diversas universidades no Brasil; convênio com instituições educacionais em Cuba e cursos de formação política nos assentamentos.

Perseguição

O vereador Luiz Carlos Suíca (PT), também defensor da pauta social, considera uma perseguição ao movimento por parte de instituições que não desejam a reforma agrária. “A partir do surgimento do MST, começou-se a compreender no Brasil que a terra agrícola não deve ser objeto de propriedade privada a ser explorada por outrem, mas sim ser de quem nela trabalha. o MST continua sendo fundamental para aprofundar a democracia no Brasil e essencial para os que desejam a construção de uma sociedade justa e igualitária”, completa.

Segundo dados do último Censo Agropecuário do IBGE, 2,8% das propriedades brasileiras são latifúndios e ocupam 56,7% do território para produção agrícola. Já as pequenas propriedades representam 68,2% do total, mas ocupam somente 7,9% da área total brasileira.



Publicada no dia 23 de janeiro de 2014, às 17h12

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