Política

Voto aberto provoca briga entre os deputados

Publicado em 22/03/2011, às 20h31   Luiz Fernando Lima



Os deputados estaduais da Bahia estão longe de chegarem a um entendimento sobre o fim do voto secreto na Casa. Na tarde desta terça-feira (22), a querela ganhou novos contornos e parlamentares mais entusiasmados na defesa dos seus pontos vistas (seja pró ou contra) adentraram o campo beligerante com direito a troca de ofensas e ameaças.

O líder da bancada independente, Targino Machado (PSC), subiu na tribuna e afirmou que não assinaria nenhum acordo entre lideres para dispensa de formalidades enquanto não se decidir claramente a questão. Para ele, o voto secreto é sim uma instituição que protege o parlamentar das pressões do Poder Executivo.

“Não estou aqui para facilitar a vida de governo não. Eu acho que a oposição está facilitando demais. Esta história de que Wagner é um democrata eu acredito mesmo. É o mais cavalheiro dos governadores que eu conheci, mas todo governador, todo prefeito, na hora que envolve os interesses do Executivo nasce ali um ditadorzinho que vai fazer pressão sobre esta Casa, então eu sou contra o voto aberto”.

Antes deste pronunciamento à imprensa, o deputado havia pedido uma questão de ordem no plenário e criticou veementemente a postura de Luiza Maia, autora do projeto. De acordo com ele, “A deputada está escondendo o jogo, porque o deputado do governo joga com o placar enquanto o da oposição joga para a platéia, e ela é anfíbia, ela quer ao mesmo tempo jogar com o placar e com a plateia, ela então deve mudar de lado”.

Targino acusou Luiza de estar sangrando o parlamento. Disse ainda que ela não queria colocar o projeto de lei em votação e que tudo não passaria de um jogo de cena. “Na verdade, quando eu digo que ela está colocando o parlamento para sangrar é porque ela está criando uma cortina de fumaça querendo se passar por uma paladina da moralidade e nós outros que defendemos o voto secreto, nos moldes que está, nós somos aqueles que querem esconder o voto e não é isso”.

Do outro lado, a deputada Luiza Maia diz que não entende porque tanta hostilidade. Para ela, nada mais natural de que o voto ser aberto. “Eu não estou aqui para defender os meus interesses pessoais. Fui eleita e quero representar as pessoas, trazer a população para perto da Assembleia. Sei muito bem os lugares em que devo defender os meus interesses pessoais e não é aqui”, defendeu.

A ex-vereadora de Camaçari rechaçou ainda as acusações de Targino. “Ele vem me chamar de oportunista e dizer eu não quero aprovar o projeto. Isto é uma mentira. É deselegante. Fazer a defesa do voto secreto é algo de pessoas conservadoras, atrasadas. Não existe este negócio de medo de sofrer pressão do governador. O voto aberto é uma prestação de contas para a sociedade e ponto”, ressaltou.

Contudo, a parlamentar vai ter que negociar muito ainda para conseguir aprovar o projeto de lei. Diversos pares, inclusive, da bancada do próprio PT se posicionaram publicamente contrários ao voto aberto. Na maioria dos casos, estes parlamentares defendem que o projeto seja revisto e que em casos específicos o voto secreto seja preservado.

Fato é que os petistas se reúnem ainda nesta terça-feira (22) para buscar uma saída acordada. Na quarta-feira (23), os lideres das três bancadas – Zé Neto (governo), Reinaldo Braga (oposição) e Targino Machado (independente) – se encontram para discutir o assunto.

O presidente da Casa, Marcelo Nilo (PDT), já comunicou que o projeto está na pauta do dia 05 de abril. Luiza Maia, apesar do esforço, acha que será muito difícil ver o seu projeto aprovado. Para ela, ainda há um grupo muito grande resistente a mudanças. “Mais não tem problema. Já avisei a todos que outros projetos virão por ai”.

Em conversa na tribuna de imprensa um assessor, que pediu para ter o nome preservado, fez o seguinte comentário.

“Se eles estão brigando tanto para preservar o voto secreto argumentando que isto os protege das pressões do Executivo é sinal de que atualmente todo voto aberto é viciado”.

Fotos: Roberto Viana / Bocão News

Classificação Indicativa: Livre

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