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Relação perigosa

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Carta Capital denuncia parceria entre revista Veja e Cachoeira  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 15/08/2012, às 05h22   Redação Bocão News (Twitter: @bocaonews)


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A edição desta semana da revista Carta Capital traz na capa uma matéria exclusiva sobre a relação da revista Veja e do bicheiro Carlinhos Cachoeira. A reportagem destaca a postura de Policarpo Junior, diretor da sucursal da revista, com o bicheiro - acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás.
A reportagem - publicada na página 24, traz à tona a ação de Policarpom que conforme a Capital, pediu ao bicheiro para grampear o deputado Jovair Arantes, do PTB de Goiás.
Jovair Arantes é candidato à prefeitura de Goiânia. Na pubicação da Capital, fica registrado também que Veja recorreu a Cachoeira para obter as imagens do Hotel Naoum. Dias atrás, o senador Fernando Collor definiu Policarpo Júnior como "quadrilheiro". Sua convocação será votada na próxima semana.
Eis um trecho da conversa captada pela Operação Monte Carlo entre Policarpo e Cachoeira, do dia 26 de julho do ano passado: 
Policarpo – É o seguinte, não, eu queria te pedir uma dica, você pode falar?
Carlinhos – Pode falar.
Policarpo – Como é que eu levanto aí uma ligaçóes do Jovair Arantes, deputado?
Carlinhos – Vamos ver, uai. Pra quando,que dia?
Policarpo – De imediato, com a turma da Conab.
Carlinhos – O Neguinho.
Policarpo – Hã?
Carlinhos – Deixa eu ver com ele, o Neguinho, vou falar para ele te procurar aí.
A assessoria de Jovair Arantes disse ao site Goiás247 que o deputado só vai se pronunciar depois que tiver acesso à íntegra da reportagem de Carta Capital.
O acusado
Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, é acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás. Ele foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.
Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram diversos contatos entre Cachoeira e o senador Demóstenes Torres (GO), então líder do DEM no Senado. Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais, confirmou amizade com o bicheiro, mas negou conhecimento e envolvimento nos negócios ilegais de Cachoeira. As denúncias levaram o Psol a representar contra Demóstenes no Conselho de Ética e o DEM a abrir processo para expulsar o senador. O goiano se antecipou e pediu desfiliação da legenda.
Com o vazamento de informações do inquérito, as denúncias começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas, o que culminou na abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira. O colegiado ouviu os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás, que negaram envolvimento com o grupo do bicheiro. O governador Sérgio Cabral (PMDB), do Rio de Janeiro, escapou de ser convocado. Ele é amigo do empreiteiro Fernando Cavendish, dono da Delta, apontada como parte do esquema de Cachoeira e maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos.
Demóstenes passou por processo de cassação por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética da Casa. Em 11 de julho, o plenário do Senado aprovou, por 56 votos a favor, 19 contra e cinco abstenções, a perda de mandato do goiano. Ele foi o segundo senador cassado pelo voto dos colegas na história do Senado.
A CPI
O relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (SPI) mista do Cachoeira, deputado Odair Cunha (PT-MG), apresentará à comissão uma lista com três blocos de requerimentos para serem analisados. O primeiro trata de 19 convocações e convites para prestar depoimento, entre eles o contraventor Carlinhos Cachoeira, os deputados Sandes Júnior (PP-GO) e Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO), a prefeita de Valparaíso de Goiás (GO), Leda Borges, e Marcos Teixeira Barbosa, contador que trabalhava com Rubmaier Carvalho. As informações são da Agência Câmara.
O segundo bloco possui 34 requerimentos de quebra de sigilo, entre eles o sigilo telefônico do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), de seu irmão, Toninho Perillo, e da mulher de Cachoeira, Andressa Mendonça. Também nesse bloco há um pedido de informações para a procuradoria norte-americana sobre o banco HSBC, que está sob investigação no País.
Já o último bloco conta com 43 requerimentos de providências. Entre elas estão informações de contratos dos Estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Tocantins, além do Distrito Federal, com a Delta Construções.
Requerimentos como a convocação do editor-chefe da sucursal da revista Veja em Brasília, Policarpo Júnior, e da divisão dos trabalhos em subrelatorias não estão no documento de Cunha. Com informações do site Terra.

Classificação Indicativa: Livre

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