Coronavírus

Mandetta critica Bolsonaro após país chegar a 100 mil mortos: ‘sem uma palavra de conforto'

Marcello Casal JrAgência Brasil
Ex-ministro deixou governo em abril   |   Bnews - Divulgação Marcello Casal JrAgência Brasil

Publicado em 08/08/2020, às 15h45   Redação Bnews


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Depois de ser demitido do cargo de chefe do Ministério da Saúde, em abril, Luiz Henrique Mandetta passou a criticar, de forma escancarada, a atuação do governo federal na pandemia do novo coronavírus. Mandetta deixou a equipe de Bolsonaro depois de discordar do presidente em ações de combate ao avanço da doença.

Durante entrevista para o podcast Ao Ponto, do site O GLOBO, o cardiologista lembrou do que foi feito pela pasta da Saúde desde que os primeiros casos foram contabilizados em território nacional e não poupou critícas a atual gestão. 

"Mas o falso dilema de que a economia não pode parar, de que as pessoas precisam circular, faz com que o vírus ganhe força para continuar, uma epidemia mais longa, um platô mais distanciado que, no caso brasileiro, são 1.100, 1.200 óbitos por dia já há 70 dias. Nós pregávamos o modelo de ser mais duro que o vírus e enfrentá-lo com o apoio da sociedade. Mas tivemos uma outra visão do presidente da República, que não queria esse modelo. Então vieram as mudanças no ministério, e governadores e prefeitos tiveram que enfrentar sozinhos a doença nas suas respectivas cidades", comentou o cardiologista. 

Mandetta lembrou também que tinha respaldo no Ministério até meados de março, quando a relação azedou de vez com Bolsonaro após a reunião entre Jair e presidente americano Donald Trump, em Mar-a-Lago, na Flórida.

"Não resta dúvida de que o governo Trump influencia o governo Bolsonaro. Foi a partir daquele momento, após a reunião, que Trump passou a usar (o termo) vírus chinês. O (deputado) Eduardo Bolsonaro atacou a China. A estratégia era pôr a culpa no país de origem. A China se posicionou duramente e ameaçou retaliar. Ambos pararam de atacar a China e passaram a atacar a Organização Mundial da Saúde (OMS). Ambos começaram a desfilar com a cloroquina", disse.

"A diferença é que, quando o presidente americano percebeu que a tragédia ficaria na conta dele, que a sociedade não o perdoaria pela negação da doença, pelo posicionamento contrário ao isolamento, pelas mortes, ele delegou a função aos especialistas. Bolsonaro não voltou atrás. Radicalizou na cloroquina, retirou técnicos do Ministério da Saúde, colocou na pasta o (Nelson) Teich, que era pilotado pelos militares, e que não conseguiu permanecer por causa das aberrações técnicas. A partir daí, ele (Bolsonaro) militarizou, retirou os técnicos do Ministério da Saúde da condução da crise e decretou silêncio", completou o ex-ministro.

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