Política

Deputado bolsonarista pega ar após Olívia Santana chamar Bolsonaro de genocida; dupla discute na ALBA

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Olívia Santana citava crise humanitária com Yanomamis antes de chamar Bolsonaro de genocida  |   Bnews - Divulgação Fotos: Reprodução/Instagram

Publicado em 07/02/2023, às 09h10   Vinícius Dias


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A primeira sessão ordinária da Assembleia Legislativa do Estado da Bahia (AL-BA) teve um momento de calor. A deputada estadual Olívia Santana (PC do B) fez um duro discurso contra Jair Bolsonaro (PL) no púlpito da Casa, oferecendo solidariedade à ministra dos Povos Originários, Sônia Guajajara (PSol), que lidera força-tarefa na crise humanitária vivida pelo povo Yanomami em Roraima.

As falas de Olívia Santana desagradaram o colega bolsonarista Diego Castro (PL) e os dois começaram uma discussão.

"Quero me solidarizar com a ministra Sônia Guajajara, que está vivendo uma luta que retira lágrimas de nossos olhos. É um holocausto do povo Yanomami no Brasil. A reserva Yanomami no Brasil com crianças esquálidas,com composição física comparada aos dos judeus nos campos de concentração. O grande legado de Jair Bolsonaro para o Brasil é horroroso, é vergonhoso. É tão deletério que ele não conseguiu ficar nesse país, fugiu para os Estados Unidos", disparou Olívia Santana.

"Se o presidente Lula não tivesse sido eleito, a gente teria os Yanomamis dizimados com um processo racista, genocida, que abriu a reserva para o garimpo ilegal tomar conta, contaminando as águas com mercúrio, matando os peixes, o alimento, contaminando as crianças, jovens, adultos, as mulheres com as tetas secas sem nada para alimentar seus filhos", completou.

Diego Castro reclamou que a deputada se referiu à direita como genocida. “Chamando conservadores de genocidas, a senhora está chamando quase metade da população de genocida. São pais e mães de famílias, trabalhadores, pessoas honestas”, rebateu.

Olívia Santana pediu questão de ordem para manter as declarações e alegou citar fatos objetivos. Mais de mil indígenas foram resgatados em estado grave de saúde. Eles sofrem com doenças como malária e com desnutrição grave - incluindo idosos e crianças.

A Terra Yanomami é a maior reserva indígena do Brasil e sofreu, nos últimos anos, com o avanço do garimpo ilegal. Segundo a Secretaria de Saúde Indígena, só em 2022, 9 crianças Yanomami morreram – a maioria por desnutrição, pneumonia e diarreia, que doenças evitáveis.

A estimativa é que, ao todo no território, 570 crianças morreram nos últimos quatro anos, na gestão de Jair Bolsonaro.

A população Yanomami é estimada em 30 mil pessoas e havia cerca de 20 mil garimpeiros na região. O mercúrio utilizado para o garimpo contaminou rios e peixes, afetando diretamente na alimentação da população local. Também há relatos de atuação violenta de garimpeiros, que circulavam armados no território.

No final da discussão, Diego Castro alegou que os Yanomamis em estado de desnutrição são venezuelanos - o que é uma alegação falsa que vem sendo utilizada por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para desassociar sua gestão da crise humanitária.

A informação falsa começou a ser divulgada por Oswaldo Eustáquio, investigado no inquérito das fake news e milícias digitais, que teve prisão decretada pelo STF em dezembro do ano passado.

Segundo dados da reportagem do site Sumaúma, 570 crianças yanomamis com menos de 5 anos de idade morreram por causas evitáveis durante o governo de Jair Bolsonaro (2019-2022). Os dados são do Ministério da Saúde, que atesta a nacionalidade brasileira dos indígenas.

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