Economia & Mercado

Conselho aprova assembleia para trocar presidente na Petrobras e promete zelar por preços

Agência Brasil
Em nota distribuída após a reunião, o conselho frisou que "continuará a zelar com rigor pelos padrões de governança da Petrobras, inclusive no que diz respeito às políticas de preços de produtos da companhia", em um recado contra tentativas de interferência do governo  |   Bnews - Divulgação Agência Brasil

Publicado em 23/02/2021, às 19h34   Folhapress


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Em sua primeira reunião após anúncio de que o governo quer trocar o comando da companhia, o conselho de administração da Petrobras aprovou nesta terça (23) a convocação de assembleia de acionistas para votar a substituição de Roberto Castello Branco pelo general Joaquim Silva e Luna.

Em nota distribuída após a reunião, o conselho frisou que "continuará a zelar com rigor pelos padrões de governança da Petrobras, inclusive no que diz respeito às políticas de preços de produtos da companhia", em um recado contra tentativas de interferência do governo.

Apesar de negar interferências na política de preços, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tem feito críticas à gestão Castello Branco, especialmente aos últimos reajustes nos preços dos combustíveis, desde que anunciou o desejo de trocar o comando da estatal.

Silva e Luna precisa ser nomeado para o conselho antes de assumir a presidência da companhia. Com a saída de Castello Branco, outros sete conselheiros também serão ser destituídos, já que todos foram eleitos de forma conjunta.

Assim, a assembleia, que ainda não foi agendada, vai eleger oito novos conselheiros para a companhia. O governo já avisou à Petrobras, porém, que quer reconduzir os executivos que ocupam atualmente as vagas da União no colegiado.

No comunicado distribuído pela estatal na noite desta terça, o conselho de administração diz ainda que apoia o cumprimento integral do mandato da diretoria vigente, que vence no dia 20 de março.

No fim da semana passada, conselheiros independentes da estatal chegaram a ameaçar renúncia coletiva, mas recuaram após avaliação de que a empresa está blindada contra intervenções em sua política de preços e a demora na troca do presidente provocaria mais prejuízo aos acionistas.

A troca no comando da empresa foi confirmada por Bolsonaro no início da noite de sexta (19), mais de um dia depois das primeiras declarações sobre sua insatisfação com a gestão Castello Branco e já em meio à reação do mercado financeiro, que naquele dia derrubou em R$ 28 bilhões o valor de mercado da estatal.

Na segunda, após um fim de semana de muita especulação sobre a reação do conselho, as ações da empresa derreteram nas bolsas, acumulando uma perda de R$ 102,5 bilhões em seu valor de mercado desde o início da crise.

Nesta terça, após dois dias de forte queda, as ações da Petrobras se recuperam em Bolsas de valores. Ainda assim, a reação inicial foi interpretada como uma quebra da confiança do governo com a Faria Lima -avenida na zona oeste de São Paulo, caracterizada por abrigar grandes casas financeiras e bancos de investimentos.

A forma atabalhoada com que o anúncio foi feito levou a CVM (Comissão de Valores Mobiliários).a abrir um processo para investigar o cumprimento das obrigações legais em relação à comunicação de fatos relevantes por companhias com ações em Bolsa.

Nesta terça, Bolsonaro voltou a defender a nomeação de Silva e Luna, dizendo que o executivo "vai dar uma arrumada" na Petrobras. "Vocês vão ver a Petrobras como vai melhorar. Assim como se tiver que fazer qualquer mudança nós faremos. Não vem a imprensinha, a imprensa de sempre, não sei o quê. Não vai dar certo."

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