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Jilmar Tatto é escolhido candidato do PT à Prefeitura de SP

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Escolha foi realizada virtualmente neste sábado (16) entre 615 membros dos diretórios regionais do PT na cidade  |   Bnews - Divulgação Divulgação

Publicado em 16/05/2020, às 19h29   Redação BNews


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 Jilmar Tatto, 54, ex-deputado federal e ex-secretário municipal nas gestões de Fernando Haddad (PT) e Marta Suplicy (Solidariedade), confirmou as expectativas da votação interna do PT e foi escolhido candidato do partido à Prefeitura de São Paulo por 312 a 297.

A escolha foi realizada virtualmente neste sábado (16) entre 615 membros dos diretórios regionais do PT na cidade –Tatto domina a maior parte da máquina do partido na cidade. Ele derrotou o deputado federal e ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha.

Apesar da vantagem inicial de Tatto, a corrida afunilou e foi disputada voto a voto.

Entre petistas, no entanto, Tatto é visto como um candidato com poucas chances e que pode levar o partido a ter seu pior desempenho em São Paulo, ficando longe do segundo turno na corrida municipal mais importante do país.

Candidato ao Senado em 2018, Tatto terminou em sétimo lugar com 6% dos votos. Atualmente é secretário de comunicação da executiva nacional do PT. É aliado da presidente do partido, deputada Gleisi Hoffmann (PR).

O PT ficou sem opções para a prefeitura quando o ex-prefeito Fernando Haddad se recusou a concorrer. Numa disputa de prévias que inicialmente tinha sete nomes, coube a Tatto a missão de representar o partido que sonhava com uma chapa dream team formada pelos seus ex-chefes -Haddad e Marta.

A aposta do ex-secretário é justamente recuperar o legado petista na cidade. Tatto é conhecido por ter chefiado a pasta de Transportes tanto na gestão de Marta como na de Haddad, quando implementou o Bilhete Único, corredores de ônibus, ciclovias e a avenida Paulista aberta a pedestres aos domingos.

Tatto também é marcado por polêmicas e investigações por ser ligado às cooperativas de perueiros na cidade. O ex-secretário nega essas relações e diz que sua gestão, com Marta prefeita, acabou com o transporte clandestino e sua máfia.

Haddad, que se colocou à disposição para ajudar na campanha, diz que Tatto conhece a cidade e deixou legados, como Bilhete Único, passe livre, corredores e ciclovias, além da queda de mortes no trânsito. Em discurso aos pré-candidatos na sexta (15), afirmou que o PT tem condição de chegar ao segundo turno devido à conjuntura mais favorável do que em 2016 e destacou a importância de conquistar a periferia.

Sobre sua recusa em concorrer, Haddad afirmou que Padilha ou Tatto têm qualificação e representariam dignamente o partido. "O PT sabe se renovar, essas lideranças estão há muito tempo esperando essa oportunidade", disse à Folha.

Tatto foi eleito em votação restrita aos dirigentes municipais do PT após o cancelamento devido ao coronavírus das prévias marcadas para 22 de março, nas quais era esperado que 20 mil dos 180 mil filiados da cidade votassem.

Padilha e os demais adversários de Tatto, os deputados Paulo Teixeira e Carlos Zarattini, o urbanista Nabil Bonduki e o vereador Eduardo Suplicy, defendiam prévias virtuais com todos os filiados. Para Tatto e a militante do movimento negro Kika Silva, esse método excluiria os filiados mais pobres, sem acesso à internet.

A direção do PT, no entanto, afirmou que não havia possibilidade técnica para as prévias amplas e definiu que o diretório municipal, com 46 pessoas, escolheria o candidato. Após protestos dos postulantes e a intermediação de Lula, a escolha foi novamente adiada e o colégio foi ampliado para as 615 pessoas que compõem os diretórios regionais do PT em São Paulo.

Tatto, por ter maioria de apoiadores nos órgãos do partido em São Paulo, era considerado favorito em qualquer um dos cenários –mas quanto menor o colegiado, mais o jogo seria de cartas marcadas e sem chance para surpresas.

Contrariado com o que considero uma prévia não democrática, Zarattini desistiu na semana passada. Suplicy, Teixeira e Bonduki também saíram para apoiar Padilha, o que chegou a colocar em dúvida a vantagem de Tatto, por sua vez apoiado por Kika, que também abriu mão.

A disputa pela prefeitura de São Paulo ainda não tem um candidato que represente o bolsonarismo. Nesse cenário, o principal candidato na visão do PT é o atual prefeito Bruno Covas (PSDB).

Aliados de Tatto apostam no desgaste da direita e do governo Bolsonaro e numa conjuntura mais favorável ao partido do que o antipetismo e o lavajatismo que caracterizaram 2016, quando Haddad não chegou ao segundo turno.

Em 2018, o ex-prefeito teve 47 milhões de votos no segundo turno da eleição presidencial e perdeu para Bolsonaro. Além de Haddad, Tatto conta com Lula, agora fora da prisão, como cabo eleitoral.

Tatto disse em debates que, uma vez escolhido candidato, iniciaria conversas com lideranças do PT e de partidos progressistas, na tentativa de unir o partido e a esquerda em torno de seu nome. Entre petistas, há receio de que a prévia restrita provoque boicotes e rachas internos.

Outros candidatos progressistas já estão definidos, como Orlando Silva (PC do B) e Márcio França (PSB). O PSOL escolhe entre Guilherme Boulos, Sâmia Bomfim e Carlos Giannazi. Há dúvida se Marta sairá candidata, se topa ser vice do PT ou se ficará de fora da eleição.

Entre seus aliados, Tatto é visto com um perfil articulador, capaz de gerir e coordenar as diversas áreas da prefeitura. Apontam ainda como vantagem a sua raiz na periferia, terreno que o PT quer voltar a conquistar.

Tatto e quatro de seus irmãos –também políticos e também petistas– dominam parte da periferia da zona sul de São Paulo, apelidada de Tattolândia.

Graduado em história e mestre em ciências pela Escola Politécnica da USP, Tatto começou a militância na igreja, participou da formação do PT, foi deputado estadual (1999 a 2003) e federal (2007 a 2015).

Na gestão de Marta, entre 2001 e 2004, foi secretário do Abastecimento, de Implementação das Subprefeituras, de Governo e de Transportes.

Faz parte do seu grupo político o vereador Senival Moura, que controla o transporte de lotações e é irmão do ex-deputado Luiz Moura, expulso do PT por suspeita de ligação com o Primeiro Comando da Capital (PCC) em 2014.

Em 2006, Tatto chegou a ter a prisão pedida em investigação sobre facções criminosas e cooperativas de vans, mas o Ministério Público foi contra a prisão. Na ocasião, ele afirmou que a tentativa de envolvê-lo em ilegalidade foi absurda. O caso acabou arquivado.

A investigação da máfia dos fiscais, desbaratada na gestão Haddad, também chegou a Tatto. Um dos auditores preso era sócio da mulher do ex-secretário em um estacionamento. Tatto diz que o estacionamento nunca funcionou e que não tinha relação com o auditor, que era namorado de sua cunhada.

Tatto também se envolveu em uma polêmica quando a prefeitura de Haddad abandonou um projeto de ciclovia em linha reta e implementou outro com desvios, em trajetória que livrava imóveis de familiares do então secretário. A prefeitura afirma que isso não influenciou o traçado da rota.

Neste ano, Tatto e outros agentes públicos foram denunciados pelo Ministério Público de São Paulo por improbidade devido à contratação irregular de consórcios de ônibus pela prefeitura entre 2013 e 2019. Tatto afirmou que não tem responsabilidade sobre a contratação e que dará os esclarecimentos necessários.

Classificação Indicativa: Livre

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