Em 2 de Julho "morno" e sem Major Denice, Isidório vira protagonista da base de Rui

Considerado um dos momentos mais emblemáticos de um ano eleitoral, a celebração do Dois de Julho foi completamente diferente neste ano. Com a  recomendação do distanciamento social e o gradil instalado para separar devotos dos políticos e da imprensa, a ausência de vereadores, apoiadores e candidatos foi marcante. 

Além do prefeito ACM Neto, do governador Rui Costa e dos presidentes da Câmara e da Assembleia, Geraldo Júnior e Nelson Leal, somente o vice-prefeito e pré-candidato do DEM, Bruno Reis, e do deputado federal e também pré-candidato Pastor Isidório (Avante) garantiram o seu lugar ao lados dos seus importantes cabos eleitorais.

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Pior para a Major Denice Santiago, escolhida como o nome do PT para o pleito. Caloura na vida eleitoreira, a sua ausência na tradicional celebração chamou a atenção daqueles que esperavam vê-la junto ao governador. Fardado e com a bíblia erguida, Isidório roubou a cena e o protagonismo da base de Rui e aproveitou para se autopromover em busca do tão sonhado apoio vermelho à sua candidatura.

Questionado pela imprensa sobre a ausência da sua pré-candidata a Prefeitura, o governador foi curto e grosso: "Pergunte a ela".

A fala soou como uma falta na caderneta dos aliados no evento público e oficial, encarado como ato político.

Em maio, levantamento do Paraná Pesquisas apontou que o candidato da sucessão de Neto, o ex-secretário de Infraestrutura, Bruno Reis, lidera amplamente as intenções de votos dos soteropolitanos com 31%. Em seguida, vem o pastor Isidório que teve mais de 320 mil votos na última eleição, com 12,9%.

Denice surge com apenas 3,7%, atrás de nomes como o secretário de Saúde, Léo Prates (PDT), a ex-prefeita Lídice da Mata (PSB) e o deputado Irmão Lázaro (PL).

Mesmo com o adiamento, Prates foi alijado do processo eleitoral, já que perdeu o prazo após decidir ficar na Secretaria Municipal de Saúde (SMS).

Diante deste cenário, o Dois de Julho, mesmo "morno" e esvaziado devido à pandemia do novo coronavírus, trouxe à tona os candidatos que até então mostram ter maior potencial de votos: Reis e Isidório.

O caminho até o pleito em novembro é longo. Sem a possibilidade, contudo, de mobilizar campanhas nas ruas de Salvador, o sonho petista de finalmente ocupar a Prefeitura de Salvador parece ainda mais distante.

"Contrasenso"

Por meio de nota enviada pela assessoria, Denice justificou a ausência por causa do que acredita ser um "contrasenso" diante das defesas feitas por ela e pelo PT em relação aos cuidados com a pandemia do novo coronavírus.

"A pré-candidata do PT à Prefeitura de Salvador, Major Denice Santiago, não participará da carreata convocada por partidos políticos pois acredita que trataria-se de um contrasenso diante das defesas feitas pelo partido e por ela pessoalmente desde o início do isolamento social devido a pandemia do Coronavírus. Cada partido atua conforme suas convicções e possuem a liberdade democrática na tomada de suas decisões, contudo nós do PT entendemos que devemos evitar aglomerações e ficar em casa neste momento, diante das questões sanitárias que urgem", diz um trecho da nota.

Confira abaixo a nota na íntegra:

A pré-candidata do PT à Prefeitura de Salvador, Major Denice Santiago, não participará da carreata convocada por partidos políticos pois acredita que trataria-se de um contrasenso diante das defesas feitas pelo partido e por ela pessoalmente desde o início do isolamento social devido a pandemia do Coronavírus.

Cada partido atua conforme suas convicções e possuem a liberdade democrática na tomada de suas decisões, contudo nós do PT entendemos que devemos evitar aglomerações e ficar em casa neste momento, diante das questões sanitárias que urgem. Logo, não é coerente aderir à carreata organizada pelo grupo de partidos.

Criticamos as carreatas dos apoiadores do atual presidente da República e não podemos seguir outra posição. Em tempo, a pré-candidata Major Denice reafirma sua posição de defesa irrestrita da democracia e do Estado Democrático. Essa é a tradição da sua trajetória de vida profissional e política e também do Partido dos Trabalhadores e das Trabalhadoras.

Os festejos históricos do 2 de julho, a Independência do Brasil na Bahia, são marcantes para nossa história, por tratar-se de uma revolta popular negra, indígena e quilombola de libertação, e iremos organizar atividades que representem o tamanho dessa data magna, mas dentro dos regramentos sanitários.