Eleições

Crítico do cancelamento de debates, Rui Costa evitou embates televisivos em 2018

Roberto Viana / Arquivo BNews
Três emissoras decidiram suspender os programas em Salvador alegando cuidados sanitários relativos à pandemia do novo coronavírus  |   Bnews - Divulgação Roberto Viana / Arquivo BNews

Publicado em 20/10/2020, às 21h13   Eliezer Santos


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Defensor da realização de debates televisivos entre os candidatos à prefeitura de Salvador, o governador Rui Costa (PT) não compareceu a confrontos eleitorais quando era candidato à reeleição em 2018 e tinha ampla vantagem nas pesquisas de intenção de voto.

“Eu gosto muito do debate. Porque o programa eleitoral é sempre aquela coisa, não diria maquiagem, sempre o candidato errando uma vez, repete. Gaguejou? repete. Na televisão não, nós vimos no primeiro debate quem gaguejou, quem não sabia responder, quem tremeu. Todo mundo viu”, afirmou o governador nesta terça-feira (20), ao repetir críticas contra os cancelamentos dos debates anunciados recentemente por três emissoras.

RecordTV Itapoan, Aratu e Rede Bahia oficializaram a suspensão dos programas em primeiro turno alegando cuidados sanitários relativos à pandemia do novo coronavírus. Apenas a Band Bahia - que fez o primeiro debate no dia 1º de outubro - e a TVE Bahia, que fará programa no sábado (24), às 18h30, mantiveram a programação. 

Rui Costa é o padrinho e fiador da candidatura da Major Denice Santiago (PT), que tem indicadores tímidos nas pesquisas e apenas 2’07” de tempo na propaganda eleitoral gratuita, dada a composição enxuta entre PT e PSB. Ela tem ainda 8’30” do total de 42 minutos de inserção diária disponíveis aos candidatos

Os debates televisivos são primordiais para ampliar o tempo de exposição e apresentação de propostas do candidato, como observa o cientista político Joviniano Neto. "Para quem tem pouco espaço, o debate é fundamental para aparecer, e se ele conseguir polemizar com quem está na frente, melhor para ele".

Segundo o professor, o desdobramento dos debates nas redes sociais consegue ampliar ainda mais a influência do postulante. "Se o candidato pega esse debate, joga as partes melhores nas redes e começa a espalhar, aí funciona. Porque ele vai estar se valendo do prestígio da emissora, de estar falando em público. A repercussão do fato tem um peso maior do que o fato. A repercussão nas mídias que ele conseguir provocar tem um peso maior do que o momento em si". 

Dois anos atrás, quando as emissoras propuseram debates, Rui Costa declinou de dois confrontos televisivos com os adversários na RecordTV Itapoan e na TV Aratu, e outro na rádio Sociedade.

Naquele mesmo ano, porém, o governador baiano protestou porque o cacique do seu partido, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, não participou do debate transmitido pela TV Bandeirantes - ocasião em que o petista estava preso na carceragem da Polícia Federal em Curitiba.

No início da campanha de 2018, Rui Costa havia se comprometido em participar de todos os debates, mas quebrou a promessa e, ainda assim, foi reeleito folgadamente no primeiro turno com 75% dos votos.  

Em 2016, o prefeito ACM Neto usou do mesmo modus operandi e foi apenas ao debate realizado pela Rede Bahia, da qual é acionista. Líder nas pesquisas, ele conseguiu confirmar a vantagem e foi reeleito com 74% dos votos válidos.

"Há uma tendência de os candidatos que estão na frente, que têm mais chances, não gostarem muito e procurarem evitar debates. Principalmente quando um candidato unifica um único grupo e todos os outras são adversários dele, trabalhando para que tenha segundo turno", finaliza o professor Joviniano.

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