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Governo Bolsonaro fez repasse milionário a ONG que não teria executado ações por índios; saiba detalhes

Imagem Governo Bolsonaro fez repasse milionário a ONG que não teria executado ações por índios; saiba detalhes
Recursos para a saúde indígena enviados pelo governo Bolsonaro podem ter sido usados para outros fins  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 24/01/2023, às 12h41 - Atualizado às 12h46   Cadastrado por Yuri Abreu


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Nos quatro anos do governo Bolsonaro, o Programa de Proteção e Recuperação da Saúde Indígena teve um orçamento de R$ 6,13 bilhões, com R$ 5,44 bilhões, de fato, gastos.

Porém, de acordo com o jornal O Globo, apesar do elevado valor de execução dos recursos, há algumas questões que chamam a atenção. Uma delas é o fato de uma ONG evangélica, a Missão Cauá, sediada no Mato Grosso do Sul, teria recebeido R$ 872 milhões para a entendida que diz "estar a serviço do índio para a glória de Deus". Esta, sozinha, recebeu quase o dobro de recursos do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueiredo, que teve acesso a R$ 462 milhões.

À publicação carioca, o presidente da Urihi Associação Yanomami, Júnior Hekurari Yanomami, explicou que a ONG faz apenas a contratação de funcionários, como médicos e enfermeiros, mas que eles não têm entrado nas terras indígenas nos últimos quatro anos.

Assim, tudo indica que salários foram pagos, mas sem a execução correta do serviço. Uma outra fonte que trabalhou na Funai, mas que preferiu não ser identificada, diz que a Cauá contrata pessoal pelo período de um ano, fazendo demissões em dezembro para ir recontratando em janeiro - o objetivo é evitar o vínculo empregatício.

Para as terras indígenas yanomamis, que vem passando por uma crise sanitária sem precedentes, o Portal da Transparência mostra que R$ 51 milhões de um orçamento de R$ 59 milhões em 2022 foram executados.

Contudo, Júnior Hekurari afirmou que a maior parte desses recursos foi utilizada para a contratação de empresas de transporte aéreo, como aviões e helicópteros, que levam médicos e funcionários à região. Segundo essa fonte da Funai, muitos deles têm como donos os próprios garimpeiros que passaram a diversificar os seus negócios.

Ao longo da sua gestão, Jair Bolsonaro estimulou a invasão de de garimpeiros nas terras indígenas, o que teria facilitado a entrada das doenças e a violência para a região. Por sua vez, os próprios garimpeiros se tornaram donos das empresas de transporte aéreo e começaram a impedir que profissionais de saúde, antropólogos, sociólogos e agentes públicos frequentassem o local.

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