Política

Governo dos EUA agiu para neutralizar instabilidade causada por Bolsonaro nas eleições brasileiras, diz jornal

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Segundo Financial Times, até o então vice-presidente Hamilton Mourão demonstrou preocupação com os rumos do país  |   Bnews - Divulgação Alan Santos / PR
Daniel Serrano

por Daniel Serrano

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Publicado em 21/06/2023, às 10h02


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O governo dos Estados Unidos adotou uma estratégia silenciosa para garantir que o processo eleitoral brasileiro funcionasse nas eleições presidenciais de 2022. A informação é do jornal britânico Financial Times.

De acordo com a publicação, o governo Joe Biden insistiu para que líderes políticos e militares do país a respeitar e salvaguardar a democracia brasileira. O jornal britânico revelou ainda que até o então vice-presidente Hamilton Mourão demonstrou preocupação com os rumos do país.

Ao longo da campanha eleitoral, o então candidato e presidente Jair Bolsonaro (PL) e aliados não pouparam críticas às urnas eletrônicas e a lisura do processo eleitoral brasileiro. A atitude foi parecida com a adotada pelo ex-presidente estadunidense Donald Trump, nas eleições dos EUA em 2020, que culminou na invasão do no Capitólio, em Washington.

Ainda segundo o Financial Times, o governo Biden temia algo parecido no Brasil e tentou passar a mensagem sem parecer que estava tentando interferir nas eleições brasileiras. Para isso, foi adotada uma campanha coordenada, sem propagandas, que contou com vários setores do governo dos EUA, como os militares, CIA, Pentágono e Casa Branca.

A estratégia teve início com a visita do conselheiro de segurança nacional do presidente Joe Biden, Jake Sullivan, ao Brasil em agosto de 2021. Um comunicado da embaixada disse que a visita “reafirmou a relação estratégica de longa data entre os Estados Unidos e o Brasil". No entanto, Sullivan deixou a reunião com Bolsonaro preocupado.

A avaliação era de que Bolsonaro era capaz de tentar manipular o resultado das eleições ou negá-lo como fez Trump.

Ao jornal britânico, o ex-funcionário do departamento de estado Tom Shannon comentou sobre uma visita do então vice-presidente Hamilton Mourão a Nova York para um encontro com investidores, em julho de 2022. Sobre o aumento da tensão às vésperas das eleições, Mourão teria dito que estava confiante de que as Forças Armadas do Brasil estavam comprometidas com a democracia. Mas dentro do elevador ao lado do ex-embaixador, o discurso foi outro.

“Quando a porta estava fechando, eu disse a ele: ‘Você sabe que sua visita aqui é muito importante. Você ouviu as pessoas ao redor da mesa sobre suas preocupações. E compartilho dessas preocupações e, francamente, estou muito preocupado'. Mourão virou para mim e disse: ‘Eu também estou muito preocupado’”,  disse Shannon. O Financial Times informou que o porta-voz de Mourão não quis comentar sobre o caso.

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