Política

Lava Jato atingiu partidos de forma proporcional, mas PT foi foco de Moro, aponta estudo

Reuters
Conclusão foi que o partido mais atingido foi o MDB, maior sigla do país em quantidade de filiados, seguido do PT, segunda maior sigla.  |   Bnews - Divulgação Reuters

Publicado em 23/09/2022, às 17h10   Redação



Um estudo da Universidade de São Paulo (USP) indica que as investigações e processos da operação atingiram de forma proporcional os grandes partidos do país. A pesquisa analisou a filiação partidária de todas as pessoas processadas na primeira instância judicial e das que sofreram investigações no Supremo Tribunal Federal (STF). A conclusão foi que o partido mais atingido foi o MDB, maior sigla do país em quantidade de filiados, seguido do PT, segunda maior sigla. Na sequência, aparecem PSDB e PP, respectivamente o terceiro e o quarto maiores partidos em número de filiados.

As conclusões da pesquisa estão em um artigo recém-publicado em versão "pré-print" no portal Scielo Brasil, com o título "Neutralidade e viés judicial: Filiação partidária e os réus da Operação Lava Jato". Um artigo "pré-print" ainda não foi submetido à revisão de outros acadêmicos. Ao identificar uma distribuição proporcional dos réus nos grandes partidos, os autores consideram que a Lava Jato revelou uma "estrutura de corrupção disseminada em compras públicas, especialmente em obras de engenharia pesada". Avaliação que, segundo os pesquisadores, é reforçada pelo fato de a operação ter atingido executivos de praticamente todas as grandes construtoras.

Outra conclusão da pesquisa é que a variada filiação partidária dos réus indica não ter havido perseguição a uma outra agremiação política no âmbito geral da Lava Jato. "A pesquisa procurou responder uma pergunta comum: a Lava Jato é um complô das elites contra a ascensão do PT e uma reforma estrutural (implementada pelo partido) ou não? E, aparentemente, não é, porque a gente identifica todos os partidos (entre os alvos da operação) e o PT só aparece em segundo lugar", disse à BBC News Brasil uma das autoras do estudo, Maria Paula Bertran, professora da Faculdade de Direito de Ribeirão Preto da USP.

No entanto, ao analisar a distribuição dos processos, o levantamento identificou um concentração aumentada de casos contra petistas na jurisdição de Curitiba (números ao final da reportagem), vara judicial que foi comandada por Sergio Moro do início da Lava Jato, em 2014, até o final de 2018, quando o então juiz deixou a magistratura para se tornar ministro da Justiça e Segurança Pública no governo de Jair Bolsonaro (PL).

Ele ocupou o cargo de janeiro de 2019 a abril de 2020, quando pediu demissão acusando Bolsonaro de tentar interferir na Polícia Federal, o que o presidente nega. Hoje, Moro está filiado ao União Brasil e é candidato ao Senado pelo Paraná.

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