Política

Mourão chama ditadura de “revolução democrática”

Reprodução/Twitter/GeneralMourao
Questionado sobre áudios que atestam prática de tortura na ditadura militar, vice-presidente disse que os envolvidos "já estão todos mortos"  |   Bnews - Divulgação Reprodução/Twitter/GeneralMourao

Publicado em 19/04/2022, às 11h45 - Atualizado às 12h02   Redação



Um dia após ironizar regime militar que durou mais de 20 anos ressaltando que não há mais motivos para investigar as torturas, porque os envolvidos “já estão todos mortos”, o vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos) relembrou esse período como uma “revolução democrática”. “O Exército, com uma história de vitórias, desde Guararapes, quando índios, brancos e negros combateram os holandeses, passando pela Guerra do Paraguai, pela Segunda Guerra Mundial e pela Revolução Democrática de 1964 até os dias atuais, preserva a soberania e contribui com o Brasil. Parabéns ao Exército Brasileiro”, disse o general em uma publicação no Twitter.

Esta é a segunda vez que Mourão ironiza os crimes ocorridos durante o regime, somente esta semana. Na última segunda-feira (18), quando questionado por jornalistas sobre áudios revelados pela colunista Miriam Leitão, nos quais ministros do Superior Tribunal Militar (STM) debocham da prática de tortura na ditadura militar, Mourão riu e disse que o caso não precisaria de investigação, pois os atores já haviam morrido. “Vai apurar o quê? Os caras já morreram tudo. Vai trazer os caras do túmulo de volta?”, disse.

O regime enaltecido por Mourão teve uma estrutura dedicada a tortura, mortes e desaparecimento. Os números da repressão são pouco precisos, uma vez que a ditadura nunca reconheceu esses episódios. Auditorias da Justiça Militar receberam 6.016 denúncias de tortura. Estimativas feitas depois apontam para 20 mil casos.

Presos relataram terem sido pendurados em paus de arara, submetidos a choques elétricos, estrangulamento, tentativas de afogamento, golpes com palmatória, socos, pontapés e outras agressões. Em alguns casos, a sessão de tortura levava à morte.

Em 2014, a Comissão Nacional da Verdade (CNV) listou 191 mortos e o desaparecimento de 210 pessoas. Outros 33 desaparecidos tiveram seus corpos localizados posteriormente, num total de 434 pessoas.

Siga o BNews no Google Notícias e receba as principais notícias do dia em primeira mão.

Classificação Indicativa: Livre

FacebookTwitterWhatsApp

Tags