Na Sombra do Poder: saída honrosa para Paupério e Boi de Piranha em Feira

Se o prefeito ACM Neto está irritadíssimo com o escândalo que envolveu seu secretário de Gestão, Alexandre Paupério, seus cabelos devem embranquecer quando o Ministério Público concluir a investigação sobre o esquema de desvio de verba envolvendo a ONG Pierre Bourdieu, a secretaria municipal de Educação e funcionários da Universidade do Estado da Bahia (Uneb). Há informações de que a investigação atinge em cheio o Palácio Thomé de Souza. Dados preliminares dão conta de que foram desviados da Educação de Salvador, quando João Carlos Bacelar era o titular da pasta, cerca de R$ 2,4 milhões de um total de R$ 120 milhões de convênios firmados entre as três entidades.

Voltando a Paupério, muitos acreditam que Neto fará o mesmo que fez com Bacelar. Vai pedir para que ele sair, sem a necessidade de exonerá-lo. Apesar dos supostos desvios da Educação terem acontecido na gestão de João Henrique, o escândalo da Bourdieu estourou entre 2013 e 2014. Dias depois, Bacelar pediu pra sair.

Do Palácio Thomé de Souza, ACM Neto acompanhou a filiação do vereador Henrique Carballal ao PV, em cerimônia que aconteceu no Centro Cultural da Câmara dos Vereadores, que fica no subsolo da prefeitura. Mandou informantes para não perder nenhum detalhe e mesmo tendo sido anunciado pelos microfones do evento, bateu o pé firme e decidiu não descer. "Onipotente", "onipresente" e "onisciente", Neto preferiu, do alto, não se expor.

Também chamou a atenção dos presentes no evento o sorriso amarelo do vereador Moisés Rocha (PT), enquanto o ex-petista e agora verde, protagonista da festa, deitava e rolava nas críticas ao Partido dos Trabalhadores. Visivelmente constrangido, Moisés Rocha, que é padrinho de um dos filhos de Carballal, só balançava a cabeça enquanto Carballal criticava o PT. Assim não, compadre!

Que o prefeito ACM Neto vem fazendo escola, isso é verdade. Até na moda o chefe do Executivo soteropolitano está criando seguidores. Além dos famosos mocassins, as camisas Lacoste estão fazendo sucesso entre os políticos que acompanham o cacique político. Para tanto, principalmente os vereadores, ganharam o apelido de “tropa do Lacoste”. A camisa do Jacaré que não é o do Tchan...

Quem tá ditando nova moda também é o governador Rui Costa (PT). Essa história de toda segunda-feira ser dia de encosta está fazendo os aliados que sempre vão com ele nos eventos trocarem os calçados. Agora todos já vão no “speed engenheiro/peão de obra” com botas chiquérrimas. As mulheres largaram o salto de lado, por exemplo, pois também pudera: as localizações geográficas não permitiam andarem em cima dos saltos.

E por falar em “speed engenheiro”, jornalistas estão virando excelentes experts em encostas. Toda segunda ou quarta tem uma para inaugurar ou para assinar a ordem de construção de uma nova. Com isso, as “testemunhas oculares da história” já estão sabendo analisar a qualidade do concreto, da precisão da massa, da força física do aguaceiro que escorre...

Alguns vereadores, durante visita à Vila Canária no último sábado (12), ao cumprimentar os presentes, acabaram chamando Bruno Barral, atual diretor do Departamento de Iluminação Pública da Semop de Bruno “da Luz”. Alguns caíram na risada e o próprio prefeito falou: “É Bruno Barral, rapaz...”. O tom de brincadeira aconteceu por conta da referência que alguns fizeram a “DaLuz”, eterno candidato a governador da Bahia pelo PRTB.

Ainda em Vila Canária, o vereador Beca, atualmente no PTN, mas que deve migrar para o PPS, fez uma revelação: assumiu ser filho de Paulo Fontana, secretário municipal de Infraestrutura e Defesa Civil de Salvador. Em tom de brincadeira, o ainda peteenista rememorou que tinha Fontana como pai, mas por conta da saída da base de Neto, havia sido “abandonado”. O titular da pasta, aproveitando o clima, afirmou que o parlamentar municipal, quando foi para a base do opositor de Neto, havia sido deserdado, mas com o retorno, tornou a adotá-lo. De pai pra filho... Será que se parecem?

Após o período de baixo astral e as denúncias de assédio sexual que o derrubaram da cadeira da Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (SJCDH), o promotor Almiro Sena foi visto na Fonte Nova assistindo ao jogo entre Vitória e Mogi Mirim. Sozinho, o ex-secretário só encontrava companhia quando era reconhecido por outros torcedores rubro-negros que o chamavam para conversar. O assunto ficou restrito ao âmbito esportivo.

Nos bastidores político da Bahia, o prefeito de Feira de Santana, Zé Ronaldo (DEM), já é tido como plano B para o governo do estado em 2018. Como dizem no interior, o feirense, caso venha fortalecido da terra natal, pode surgir como o “boi de Piranha” – aquele que vai à frente para enfrentar as dificuldades - de ACM Neto (DEM). Das duas uma: ou prepararia o terreno para 2022 ou seria a surpresa da eleição de 2018. Vale ressaltar: isso se o prefeito de Salvador não quiser topar com Rui agora.

Por falar em Feira, apesar de negar oficialmente, o ex-deputado federal Sérgio Carneiro – também atual secretário de Relações Institucionais da maior cidade do interior da Bahia – quer mesmo ser o vice de Zé Ronaldo. A articulação se dá para preparar a linha sucessória do atual gestor da administração feirense. Das duas uma: ou tá contando que Zé Ronaldo pode mesmo ser um dos possíveis candidatos a governador e assim liberar a prefeitura para ele ou para impulsionar seu retorno a Câmara Federal em 2018.

Depois de tentar botar um gancho no pé de educadores físicos com a proposta para taxação de atividades destes profissionais em locais públicos, a vereadora Kátia Alves (DEM) pediu “dois altos” e agora quer discutir com quem entende do assunto formas para que esse treino seja melhor executado. O mais intrigante é que o projeto da vereadora-delegada sequer foi discutido na comissão específica da Câmara Municipal de Salvador, a de Educação, Cultura, Esporte (olha aí!) e Lazer. “Não houve debate e a proposta foi aprovada no plenário”, disse o vereador Silvio Humberto (PSB). Pelo visto, nossos parlamentares estão deixando projetos passar na esteira por falta de tempo para o funcional, que é debater as proposições com as partes interessadas. É a mesma desculpa de quem não se exercita por causa da vida corrida. Depois dizem que não estão malhando o povo.

Desde a época da possibilidade de fusão com o DEM, o presidente do PTB baiano, Jonival Lucas, enfrenta dificuldades para administrar as mais diversas opiniões dentro da legenda. Os choques de interesses entre os petebistas e a influência da executiva nacional têm desgastado, internamente, Jonival. Nem o escudo dos Brito conseguiu blindar totalmente o presidente. Tem petebista que já está tratando de ‘fritar’ o representante da sigla e fala até em renúncia.

A cara de poucos amigos que o presidente da Alba, Marcelo Nilo, estava há alguns dias pela Casa já teve o motivo revelado: o PL minou. Sem a criação do partido, como pretendia o eterno chefe do Legislativo baiano, Nilo pode desembarcar no PSD. Inclusive deu as caras no 1° Encontro da legenda esta semana. Outro burburinho pelos corredores da Alba é que Nilo pode ir para o Pros, onde poderá mandar e desmandar, como sempre quis.

Outro motivo para a cara de poucos amigos do poderoso Nilo é justamente a mudança de planos de deputados que o seguiriam na nova jornada pelo PL. Logo no início da empreitada, o presidente levaria os quatro deputados do PDT e mais quatro de outros partidos. Porém, apenas Vitor Bonfim deverá segui-lo. Conforme confidenciou um vereador que aportará no PDT nos próximos dias, Félix Jr. vencerá uma nova briga contra Nilo e os deputados migrarão para a oposição a Rui Costa.

Os pensamentos profundos dos irmãos Bacelar ou não estão sendo bem interpretados pelos integrantes do PTN ou realmente estão fora da realidade. E quem resolveu dar as caras, ou melhor, soltar a língua, desta vez, foi o parlamentar Alan Castro. “Não há diálogo e nem parceria entre o presidente João Carlos Bacelar e os deputados. Os irmãos estão liderando mudanças nas direções municipais dos partidos sem prévias discussões”, disse. Sobrou até para o governador Rui Costa e a decisão do Detran. “O Detran mais parece um comitê eleitoral para as campanhas de vereador a Salvador e a deputado estadual de Maurício Bacelar”. Abre o olho governador.