Política

Câmara prepara “retaliação” ao prefeito João Henrique

Imagem Câmara prepara “retaliação” ao prefeito João Henrique
Líder do governo não acredita em represália, mas faz lista de questionamentos   |   Bnews - Divulgação

Publicado em 16/08/2011, às 17h02   Daniel Pinto


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Uma “nuvem densa” sempre paira entre a prefeitura e a Câmara Municipal de Salvador. Entretanto, ela ficou ainda mais carregada de “eletricidade” quando estado e governo João Henrique anunciaram o metrô como novo modal da Avenida Luis Viana Filho (Paralela). Nos bastidores do poder, o comentário é de que a base aliada no Legislativo prepara surpresa indigesta para o Thomé de Souza. Nos próximos meses, o prefeito terá três grandes desafios pela frente.

O primeiro deles é aprovar a Lei Orçamentária Anual (LOA), que estabelece metas e objetivos para o próximo ano da gestão. Depois, terá que submeter ao crivo dos vereadores a revisão da Lei de Ordenamento do Uso do Solo (LOUS). Como foi antecipado pelo Bocão News, a matéria pretende atender interesses ligados à grandes construtoras e a Copa do Mundo de 2014. Por fim, a Câmara Municipal terá que julgar as contas do exercício 2009, que possuem recomendação de rejeição pelo Tribunal de Contas dos Municípios. Essa votação em especial tem tirado o sono de João Henrique, que corre o risco de perder os direitos políticos por oito anos.

Agora, o prefeito terá que pagar a “fatura” com juros.

“Não tenha dúvida que tudo isso vai pesar. O clima não é bom e todos estão insatisfeitos em não ter participado das discussões sobre o modal da Paralela. A Câmara, simplesmente, foi alijada de sua missão institucional. Não há como não ter desgaste no campo político. Lembro que o secretário Zezéu (Planejamento) quase brigou com o chefe da Casa Civil João Leão por conta da escolha do modal. Mas, como num passe de mágicas, tudo ficou resolvido. Será que o metrô na Paralela vai atender as mais de um milhão de pessoas que moram nas Cajazeiras, Pau da Lima, São Rafael e Mussurunga?”, questiona Everaldo Bispo (PMDB).

O vereador Isnard Araújo (PR) adota discurso moderado, mas não esconde a revolta. “Acho que retaliação não é a palavra. Temos que ter maturidade para separar as coisas. No entanto, estamos realmente chateados em não ter participado do processo. O metrô será interligado com redes de transportes dos bairros adjacentes? Quanto será a tarifa? Seremos cobrados por isso e ainda não sabemos nem o que dizer à população”.  

O líder do governo na Casa, Téo Senna (PTC), não quer nem ouvir falar em levantes e intrigas. Mesmo assim, pontua uma série de questões sobre o novo sistema de transportes da Avenida Luis Viana Filho.

“Não acredito em motim ou represália. A base de sustentação continua unida e vamos trabalhar para aprovar tudo o que for de interesse da cidade e do Executivo. Mas, de fato, não nos consultaram durante a elaboração do projeto. Por isso, ainda existem muitas dúvidas. Falaram, por exemplo, que vai haver melhorias no sistema de trens da Calçada. Mas, se a Câmara fosse ouvida, com certeza, eles saberiam que o melhor é que o serviço volte a ser explorado pela União. Outra coisa: o metrô da Paralela vai até Lauro de Freiras, fora dos limites da cidade. Então, é uma questão metropolitana. Quem vai subsidiar esses custos? Além disso, a bitola do metrô da Bonocô vai ser compatível com o da Paralela?”.

As perguntas permanecem sem respostas e a previsão é de tempo instável na região que compreende Rua Chile e Praça da Sé, no coração da capital baiana.  

Foto: Divulgação e Roberto Viana/Bocão News

Classificação Indicativa: Livre

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