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Se eleição fosse hoje, PR estaria com Neto

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Quanto valem 32 segundos no jogo político baiano  |   Bnews - Divulgação BNEWS

Publicado em 28/03/2018, às 15h23   Luiz Fernando Lima


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As costuras políticas eleitorais da Bahia empregaram valor a um partido até então tratado como adereço no balaio de legendas. O Partido da República, com seus três deputados federais na Bahia, agrega 32 segundos no horário destinado a propaganda de rádio e televisão do candidato a governador.

O prefeito de Salvador ACM Neto (DEM), que ainda não anunciou se vai para a disputa do Palácio de Ondina, aproveitou a publicação do “leilão” republicano e sentou-se com os representantes do PR na Bahia. Acertou detalhes da pedida de José Carlos Araújo, Jonga Bacelar e José Rocha e acenou para o atendimento de parte dela.

A articulação política do governador Rui Costa (PT) entrou em campo e iniciou uma ofensiva para evitar a mudança de campo político. Jaques Wagner, Josias Gomes, Marcos Medrado e o próprio gestor petista estão em contato com os ‘republicanos’ para demovê-los da decisão que ficou combinada com Neto, mas ainda não fechada.

Para o demista, o valor do PR é maior pois não conta com MDB no arco de alianças. O partido que voltou para as mãos institucionalmente – se é que algum dia saiu – do deputado federal Lúcio Vieira Lima tem o segundo maior tempo de televisão com 1 minuto e quase 2 segundos. O PT tem 1 minuto e quase 4 segundos.

Na composição projetada com o PR, a coligação de Neto ficaria com o tempo total de 3 minutos e 12 segundos, conforme levantamento realizado pelo escritório Ismerim Advogados Associados, do especialista em direito eleitoral Ademir Ismerim. O agrupamento seria formado por PSDB, PR, PTB, PRB, DEM e SD.

Há ainda a possiblidade de adubar a legenda com a presença de algum deputado federal com já tenha mandato como Arthur Maia, Antônio Imbassahy, Elmar Nascimento ou outro do espectro político. 

Para além, ainda existem os cinco deputados estaduais que deixaram o MDB – Luciano Simões, David Rios, Hildécio Meireles, Pedro Tavares e Leur Lomanto Júnior (candidato a deputado federal) – que estão sem destino certo.

O prefeito de Feira de Santana, presença certa na chapa, pode ingressar no partido também e ser candidato a vice ou ao Senado pelo PR.
Caso não consiga sustentar a permanência do PR no grupo, Neto ficaria com menos 32 segundos, ou seja, 2 minutos 40 segundos. O prejuízo para o horário eleitoral é grande já que a coligação do governador Rui Costa conta, sem o PR, com um tempo total de 3 minutos e 47 segundos.

Os partidos que compõem o agrupamento eleitoral do candidato à reeleição são PT, PP, PSD, PSB, PDT e PCdoB. Se contar com o PR em suas fileiras esse tempo vai para 4 minutos e 19 segundos. A vantagem de exposição no horário eleitoral não pode ser ignorada, sobretudo na campanha majoritária, na avaliação de dez entre dez agentes políticos consultados.

Neste contexto ainda há outro elemento. Embora não queira o MDB na sua coligação, o prefeito ACM Neto não se furtará a acordar com uma candidatura do partido de Lúcio Vieira Lima em um jogo “combinado” de não ataque. Esta, inclusive, foi uma das pautas do encontro entre os dois na última semana.

Com a possiblidade de o MDB fechar uma coligação com partidos nanicos como PHS, PSDC e PTC e ter um candidato ao governo, esta chapa teria 1 minuto e 30 segundos de propaganda eleitoral em rádio e tv. Com Neto candidato e outra candidatura do MDB a dupla teria, em caso do PR estar na chapa do demista, 4 minutos e 42 segundo de exposição.

Sem o PR seriam 4 minutos e 10 segundos frente a 4 minutos e 19 segundos – com os republicanos na chapa de Rui Costa -. Este é o bordado sendo trançado nas maquinas palacianas de Ondina e do Thomé de Souza.

Não se pode ignorar o simbolismo da aliança PR-DEM. Neto tentou levar o PP e não logrou êxito. Tentou levar o MDB sem Lúcio, embora afirme que não, mas também conseguiu. São duas derrotas na preparação do campo que minaram a confiança no Palácio Thomé de Souza.

Sobre o PR — Após a eleição municipal de 2016 o partido mais cortejado foi o PSD. Otto Alencar, líder da sigla, deixou claro que não iria (as razões são inúmeras) leiloar aliança política. Menos por ideologia e mais por estratégia política não é interessante para os pessedistas se alinhar com quem tem perspectiva no médio prazo de poder.

Já o caso do PR é diferente. O partido se queixa desde o início da gestão Rui Costa de não ter espaço. A disputa entre José Rocha e Jonga Bacelar pela presidência do partido fizeram com que durante um bom tempo não indicassem um cargo de primeiro escalão. 

A secretaria estadual do Turismo, dirigida por Zé Alves, apenas foi para o partido após intervenção nacional e muitas conversas com a articulação política de Rui Costa e Jaques Wagner. 

A entrada de José Carlos Araújo, que se reúne na quinta-feira (29) com o governador, na legenda, também acontece em meio a uma união com o senador Otto Alencar. Araújo que era do PSD sai do partido e ingressa no PR em busca de sobrevivência política.

A despeito de quem começou o que, Araújo, neste momento, leiloa o rumo do PR em busca de votos para conseguir se reeleger. A tarefa não é simples já que pessedistas estão entrando nas “suas” bases eleitorais sem cerimônias. 

Esta é a demanda de Araújo. A de Jonga Bacelar é espaço na gestão. José Rocha ainda não externou o que busca. 

Vale ressaltar que até o final de 2013, o PR era oposição ao governo Jaques Wagner. Entrou na base em uma articulação com o então presidente César Borges. Quando mudou de campo político, figuras como Elmar Nascimento e Sandro Régis saíram do partido e foram para o DEM. 

José Rocha e Jonga Bacelar estão no PR desde 2007. O primeiro veio do PFL e tem relação estreitas com quadros do atual DEM. Jonga tem demonstrado interesse em levar o partido para a base de Neto há algum tempo.

Foi Jonga Bacelar que montou a estratégia para levar o deputado federal Ronaldo Carletto para disputar o Senado na chapa do prefeito de Salvador ACM Neto pelo PR. A jogada não aconteceu.

Resta saber se o governo que conseguiu através de Cacá Leão e João Leão segurar Carletto no PP conseguirá aplicar o remédio para segurar o PR na base. Lembrando que a linha já foi cruzada e se a eleição fosse hoje os republicanos iriam com Neto. Amanhã é outro papo.

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