Política

Decisões de ministro do Supremo indicam revés para filho de Bolsonaro

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A posição do ministro aponta que ele deve rejeitar pedido do deputado estadual e senador eleito   |   Bnews - Divulgação Pedro Ladeira/Folhapress

Publicado em 18/01/2019, às 20h19   Folhapress


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O ministro Marco Aurélio Melo é um dos integrantes do STF (Supremo Tribunal Federal) que mais enviam processos criminais de políticos para instâncias inferiores. A posição do ministro, reiterada nas diversas manifestações, indica que ele deve rejeitar pedido do deputado estadual e senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro (PSL).

Flávio pede que o Supremo avalie se a investigação que envolve seu gabinete na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) deve tramitar na Corte por ele ter sido eleito e diplomado congressista no ano passado. A posse ocorrerá em 1º de fevereiro.

O caso se refere à movimentações financeiras suspeitas de R$ 1,2 milhão, feitas no período de um ano por um ex-assessor. Entre as transações consta cheque de R$ 24 mil para a primeira-dama, Michelle Bolsonaro. Os fatos investigados ocorreram entre 2016 e 2017, ou seja, bem antes de Flávio se eleger e ser diplomado.

Na quarta (16), o ministro Luiz Fux, que está de plantão no STF, concedeu liminar suspendendo a investigação, tocada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro, até que Marco Aurélio volte do recesso e decida sobre a competência da corte. Ele também avaliará pedido de anulação de provas, feitas pelo senador eleito.

Nesta sexta (18), Marco Aurélio sinalizou que vai indeferir os pedidos de Flávio. Ao site G1, disse que tomará sua decisão no dia 1º de fevereiro, primeiro dia de expediente dos ministros após o recesso. "Tenho negado seguimento a reclamações assim, remetendo ao lixo", afirmou.

Procurado pela reportagem, o ministro declarou: "Não tenho ainda domínio desse caso, que me foi distribuído agora nas férias. Vocês só podem levantar os precedentes que eu tenho no gabinete e ver mais ou menos qual é o meu pensamento". Desde maio do ano passado, quando a corte mudou seu entendimento e decidiu restringir o foro especial de congressistas, Marco Aurélio remeteu ao menos 28 casos para tribunais diversos. Nas decisões, o ministro repete que só devem tramitar no STF inquéritos e ações penais sobre crimes cometidos no exercício do mandato vigente e, de alguma maneira, a ele ligados.

Ao todo, de 3 de maio, data da mudança de entendimento sobre o foro no Supremo, até 19 de dezembro, os ministros da corte declinaram competência de 223 processos. Em suas decisões, Marco Aurélio tem reiterado que a Constituição, ao prever o julgamento de congressistas pelo Supremo, requer "abrangência definida pela conduta criminosa: no exercício do mandato e ligada, de algum modo, a este último".

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