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“Estão sentindo o veneno que usaram contra a Dilma”, diz Wagner sobre risco de Bolsonaro ferir regra de ouro

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Situação dramática do governo federal para tentar aprovar no Congresso um crédito suplementar de R$ 248 bilhões remonta uma discussão que antecedeu o impeachment da ex-presidente  |   Bnews - Divulgação BNews

Publicado em 31/05/2019, às 19h33   Eliezer Santos*


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A situação dramática do governo federal para tentar aprovar no Congresso um crédito suplementar de R$ 248 bilhões remonta uma discussão que antecedeu o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), em 2016. A petista foi destituída sob a acusação de ter cometido crime de responsabilidade. 

O crédito hoje requerido por Bolsonaro servirá para cobrir pagamentos do programa Bolsa Família, de benefícios da Previdência Social e o Benefício de Prestação Continuada (BPC), pago a idosos de famílias de baixa renda. 

Na última quarta (29), o secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, disse que se o crédito não for aprovado em 15 dias, faltarão recursos para cobrir tais despesas. 

O impasse ainda coloca incerteza sobre o lançamento Plano Safra 2019/2020, previsto para o mês de junho, com orçamento de R$ 10 bilhões, conforme admitiu ao BNews a ministra da Agricultura, Tereza Cristina. 

Sem aprovação no Congresso, o governo terá de fazer novo bloqueio no orçamento, inviabilizando de vez os pagamentos. Caso contrário, o governo poderia descumprir a “regra de ouro” e incorreria em crime de responsabilidade – o que abriria margem para pedidos de impeachment.

“Esse é o problema dele. Fizeram aquele barulho todo contra a Dilma até levar o impeachment dela e agora estão vendo que aquilo não era crime nenhum, era necessidade que você tem na hora que o orçamento aperta, você precisa de uma suplementação. Estão, na verdade, sentindo o veneno que eles mesmos usaram contra a Dilma. Eu acho bom para aprender”, ironizou o senador Jaques Wagner (PT), em conversa com BNews nesta sexta-feira (31), enquanto visitava feira de agronegócio na região Oeste, a Bahia Farm Show.

Pela "regra de ouro", o governo federal não pode contrair dívida para arcar com despesas correntes, apenas para fazer investimentos.

“Eu digo assim, quando você é oposição não tem que ficar perturbando e impedindo o governo de governar, você tem que tentar melhorar as coisas. Esse é o papel da oposição, e não o que eles fizeram depois que ela [Dilma] ganhou em 2014, que era o tempo todo só criando problema, pauta bomba. Agora Deus ensina. Botou na frente para eles o mesmo problema que eles acusavam que para ela era um escândalo  Para ele agora não vão achar que é escândalo”, completou Wagner, que foi ministro chefe da Casa Civil nos últimos dias do governo Dilma.

Segundo o petista, os gargalos na administração do País têm sido provocados por integrantes do próprio governo.

“Na verdade a condução toda da política dele [Bolsonaro] tem sido muito confusa. Não porque nós da oposição, estejamos fazendo nenhum trabalho para impedir o governo de resolver, é porque, entre eles mesmos, não se acertam”. 

Wagner contornou, contudo, que deve prevalecer o “bom senso” do Legislativo para encontrar solução ao caso.

“Eu insisto que é bom para eles sentirem como é que é duro a gente ficar inventando mentira para queimar os outros e de repente agora estão precisando agora da mesma ferramenta”.

*O repórter viajou para Luis Eduardo Magalhães para cobrir a Bahia Farm Show

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