Política

Bolsonaro diz que Congresso quer transformá-lo em uma rainha da Inglaterra

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Presidente diz que Legislativo passa a ter superpoderes e que pacto entre Poderes deveria vir 'do coração'   |   Bnews - Divulgação Vagner Souza/Arquivo BNews

Publicado em 22/06/2019, às 14h06   Folhapress


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Envolto em uma turbulenta relação com o Congresso, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) disse neste sábado (22) que o Legislativo passa a ter cada vez mais "superpoderes" e que quer deixá-lo como "rainha da Inglaterra", que reina, mas não governa.

"Pô, querem me deixar como rainha da Inglaterra? Este é o caminho certo?", indagou Bolsonaro. 

O presidente fez o questionamento ao dizer que tomou conhecimento de um projeto na Câmara que transferiria a parlamentares o poder de fazer indicações para agências reguladoras.

"Se isso aí se transformar em lei, todas as agências serão indicadas por parlamentares. Imagina qual o critério que vão adotar. Acho que eu não preciso complementar", afirmou Bolsonaro.

O presidente disse que "o Legislativo, cada vez mais, passa a ter superpoderes" e disse que o pacto entre Executivo, Legislativo e Judiciário deveria ser algo vindo "do coração".

"Com todo respeito, nem precisava ter um pacto. Isso precisava ser do coração, do teu sentimento, da tua alma", disse o presidente, na saída do centro médico do Palácio do Planalto, onde foi nesta manhã para fazer exames antes de embarcar para o Japão, na terça-feira (25) para participar da reunião do G-20.

Após os exames, o Planalto emitiu nota em que afirma que o presidente apresenta "ótimas condições de saúde". 

O último projeto aprovado no Congresso sobre o assunto saiu do Senado em 6 de junho e está sobre a mesa de Bolsonaro para sanção ou veto.

O texto não passa para o Legislativo a atribuição de indicar conselheiros, diretores, presidentes, diretores-presidentes e diretores-gerais de agências reguladoras. Segundo a projeto aprovado, a escolha continua sendo do presidente da República, mas agora ele teria que selecionar um nome de uma lista tríplice que será elaborada por uma comissão de seleção.

A composição e os procedimentos deste colegiado serão estabelecidos em regulamento, que deve ser feito por decreto do próprio presidente da República.

O Senado também retirou trechos polêmicos que foram incluídos na proposta alterando a Lei Geral das Estatais. Com isso, foram derrubados pontos que, na prática, possibilitariam a nomeação de políticos e seus parentes para cargos de direção em empresas estatais.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse à Folha que não comentaria as declarações de Bolsonaro. "Não vou responder pois acho que ele não compreendeu o projeto", afirmou Maia.

Na mesma entrevista, Bolsonaro falou da reforma da Previdência e disse que o tema se tornou "algo mágico", que vai voltar a criar empregos, algo que o presidente diz não depender dele.

"O pessoal cobra de mim emprego. Quem emprega não sou eu. Eu emprego quando crio cargo em comissão ou quando faço concurso. E Paulo Guedes [ministro da Economia] decidiu, basicamente, que poucas áreas terão concurso porque não tem como pagar mais", afirmou o presidente, dizendo que as Polícias Federal e Rodoviária Federal são as exceções.

"Fora isso, dificilmente teremos concurso no Brasil nos próximos poucos anos." 

Bolsonaro deixou o Palácio da Alvorada por volta de 9h20 deste sábado. Fez exames no departamento médico do Planalto e seguiu para um supermercado no setor Sudoeste de Brasília.

Lá, cumprimentou clientes e comprou xampus. Em seguida, Bolsonaro foi ao setor militar. Primeiro fez uma rápida parada em um clube de quadras de futebol society e, depois, foi ao Clube do Exército, na mesma região da cidade.

No final da manhã, Bolsonaro fez ainda uma última visita, desta vez ao Clube de Associados da Aeronáutica de Brasília.

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