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Mais dois bolsonaristas são processados no caso da fake news do Hospital Espanhol; postagens incentivam ataque à imprensa, STF e oposição

Paulo M. Azevedo/Arquivo BNews
A mentira afirma que Rui teria "entregue gratuitamente e sem licitação" a administração do Hospital Espanhol ao INTS, empresa, segundo a mensagem encaminhada por Bolsonaro a Sergio Moro, pertencente a Otto Alencar Filho (PSD-BA).  |   Bnews - Divulgação Paulo M. Azevedo/Arquivo BNews

Publicado em 28/05/2020, às 17h17   Pedro Vilas Boas


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Dois novos nomes surgiram como suspeitos de participação na fake news envolvendo a administração do Hospital Espanhol, na Barra. Agora, Cristiana Santana Pereira Ribeiro está sendo processada por calúnia, difamação e injúria como uma das autoras da mentira. O outro investigado é Jair Roberto Rosa, que seria o autor da  mensagem encaminhada ao presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido).

Na última segunda-feira (25), o senador Otto Alencar (PSD), uma das vítimas da fake news, informou, durante sessão no Senado, que Ernando Peixoto havia sido identificado pela polícia e processado no caso. Segundo as investigações, também como autor da mentira.

Otto, seu filho deputado federal Otto Alencar Filho, senador Angelo Coronel (PSD), o governador Rui Costa (PT) e o secretário estadual de Saúde, Fábio Vilas-Boas, são vítimas da denúncia baseada em informações falsas que o governo do estado teria "entregue gratuitamente e sem licitação" a administração do Hospital Espanhol ao Instituto Nacional de Tecnologia da Saúde (INTS), empresa, segundo a mensagem encaminhada por Bolsonaro a Sergio Moro, pertencente a Otto Alencar Filho (PSD-BA).

A mentira repassada por Bolsonaro com o então ministro da Justiça diz ainda que as refeições servidas no hospital de campanha seriam fornecidas por um preço seis vezes mais caro que o normal pelo senador Ângelo Coronel.

O INTS pertence a apenas uma pessoa, que não tem ligação com a família de Otto. A administração do Hospital Espanhol foi vencida após processo licitatório.

Após Bolsonaro compartilhar a mentira pelo Whatsapp com Moro, Otto, seu filho e Coronel anunciaram que iriam recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) especificamente contra o presidente da República.

A Suprema Corte tem conduzido um inquérito que tem o objetivo de investigar uma organização criminosa que seria montada para disseminar fake news e destruir reputações públicas, inclusive dos ministros do STF. Na quarta-feira (27), diversas personalidades bolsonaristas, entre parlamentares e um blogueiro, foram alvos da operação.

Bolsonarista

Em seu perfil no Facebook, Jair Roberto Rosa compartilha fake news, critica o isolamento social como medida preventiva contra o novo coronavírus e corrobora das críticas do presidente aos ministros do STF.

"O verdadeiro culpado por toda essa corrupção é o STF, pois não faz valer a Justiça, facilitando assim a vida de políticos corruptos". Diz uma imagem compartilhada por ele no último dia 17.

Em outra postagem, Jair, que se identifica na rede social como major na empresa Artezanal, compartilha uma peça mentirosa com uma imagem da presidente nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), ao lado de um rapaz, que seria Adélio Bispo, homem que esfaqueou o presidente Jair Bolsonaro durante a campanha eleitoral.

Na verdade, não trata-se de Adélio.

Uma publicação é dedicada a difamar a jornalista da TV Globo Miriam Leitão. Na imagem editada, ela aparece vestida com símbolos do comunismo, acompanhada da mensagem: "Para ela, quanto pior, melhor. Mensageira da desgraça".

"Cristã"

Já Cristiana, em seu perfil no Instagram, se descreve como "defensora da família" e "em defesa da fé cristã". Na conta do Facebook, se diz pré-candidata a uma cadeira na Câmara de Feira de Santana.

Ela dedica suas postagens a ataques ao STF, imprensa e oposição a Jair Bolsonaro. "Me dê munição que eu atiro. Chega!", escreve a cristã, acompanhado de um vídeo do Ernando Peixoto, também investigado no processo, compartilhando a mentira sobre o Hospital Espanhol.

Em outra postagem Cristiana diz que o ministro da Educação, Abraham Weintraub, diz o que representa a milhares de brasileiros, incluindo ela mesma, quando chama os ministros do STF de "vagabundos" e pede a prisão deles.

A reportagem entrou em contato com Jair e Cristiana, mas não obteve uma resposta até a publicação desta matéria.

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