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Após SP, líderes de esquerda avaliam adesão de Salvador a protestos contra Bolsonaro; isolamento é impasse

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BNews consultou lideranças e confirmou o planejamento de manifestações democráticas em Salvador  |   Bnews - Divulgação Arquivo/BNews

Publicado em 31/05/2020, às 18h03   Henrique Brinco


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A crise política no Brasil ganhou um elemento novo neste domingo (31). Em São Paulo, torcidas organizadas participaram de um ato em defesa da democracia e contra Jair Bolsonaro, na Avenida Paulista. Esse foi o primeiro grande protesto de rua desde o início da pandemia do novo coronavírus no país, contrastando com as já tradicionais manifestações semanais em defesa do presidente. O movimento foi inspirado nos protestos dos Estados Unidos após a morte do afro-americano George Floyd nas mãos de um policial branco. 

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O BNews consultou líderes de movimentos de esquerda de diversos espectros políticos sobre a possibilidade da adesão de Salvador as manifestações. Todos foram unânimes em afirmar que a ideia de um protesto de rua na capital da baiana existe e está sendo planejado, mas ainda discutem sobre a realização durante o período da pandemia.

O integrante da Frente Brasil Popular, Walter Takemoto, responsável por organizar grandes protestos de rua na Bahia, avalia que os atos em São Paulo só foram possíveis em função da flexibilização da quarentena. Avalia, ainda, que os decretos impostos pela Prefeitura e pelo Governo do Estado inviabilizam a realização deles. Entretanto, defende a realização de passeatas assim que for possível: "É fundamental retirarmos Bolsonaro do governo", acredita.

Já a vereadora Aladilce Souza (PCdoB) tem uma outra visão e defende que os movimentos de oposição em Salvador organizem protestos contra Jair Bolsonaro desde já. "Acho que nós estamos numa situação, além da crise do coronavírus, estamos vivendo esse pandemônio, temos esse governo fascista. É repugnante o que o Bolsonaro vem fazendo", declarou a edil soteropolitana, para a reportagem.

Ela crê ainda que é possível realizar atos na cidade, desde que sigam as recomendações de distanciamento social. "Espero que aqui em Salvador tenhamos uma reação com todo o cuidado de distanciamento social. Mas estamos precisando mostrar todo o nosso repúdio a esse desgoverno. O Brasil não merece esses gestos de desumanidade. É preciso que o povo reaja para se contrapor o que o Executivo quer fazer no Brasil: implantar um regime fascista".

Líder do PT na Câmara Municipal de Salvador, a vereadora Marta Rodrigues avaliou os protestos como "uma demonstração de força e luta pela democracia brasileira em diversas capitais do país". "Somos todos 70%” nasce do sentimento de cansaço e de revolta que chegou ao extremo com tanto desrespeito, declarações e ações fascistas, genocidas e racistas do atual governo", ressaltou. "São pessoas que mesmo diante de uma pandemia, e da recomendação de isolamento social, se viram fartas de tantos absurdos e foram nas ruas para protestar contra o governo fascista de Bolsonaro. O país está no seu limite, assistindo o povo preto morrer de Covid19 enquanto o presidente está  provocando ainda mais discurso de ódio, atacando as instituições e ameaçando um golpe, sem sequer esboçar preocupação.  Esses grupos e torcidas antifascistas estão expondo um grito de basta, e ao contrário do que Trump falou, não são terroristas, são guerreiros e muito corajosos".

O cientista político Joviniano Neto, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), afirma que os protestos em São Paulo causam supresa, mas que dificilmente sejam realizados atos semelhantes na cidade por agora. "É uma surpresa nesse quadro de pandemia, embora São Paulo seja o local de mais aguda polarização. Agora, Dória está numa linha diferente. São Paulo normalmente tem uma postura mais conservadora, mais ao mesmo tempo tem histórico de manifestações de um lado e do outro", destaca. "No caso da Bahia, o negócio é mais difícil porque há uma aliança entre o prefeito, o governador e a mídia, todos apoiando o isolamento social. Em São Paulo a coisa é mais polarizada".

A tensão política se agravou na última semana após declarações polêmicas do presidente e do filho dele, Eduardo Bolsonaro, sobre "ruptura institucional" após a operação da Polícia Federal, comandada pelo Supremo Tribunal Federal (SP), contra redes de fake news bolsonaristas. As declarações causaram ampla repercussão negativa no meio político, recebendo críticas de aliados como o presidente nacional do DEM, ACM Neto.

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