Política
Publicado em 26/06/2020, às 12h53 Luiz Felipe Fernandez
O senador Jaques Wagner, único baiano e um dos poucos no Congresso a votar contra o novo Marco do Saneamento Básico, que abre a possibilidade para empresas privadas participarem do setor, não crê que a iniciativa privada passe a investir em cidades menores, onde pode "não ter retorno financeiro".
O petista garante que não tem "preconceito" contra parcerias público-privada e citou o Emissário Submarino de Esgotamento instalado na Boca do Rio, na sua gestão como governador do Estado, feito neste modelo. No entanto, alerta que a "receita" de determinadas localidades não são suficientes para financiar o saneamento e fornecimento de água.
Ele usa a Bahia como exemplo, onde a Embasa atende 360 dos 417 municípios, mas 80% da renda total é proveniente da taxa paga pelas 28 maiores cidades.
"Os pequenos, em geral, não paga o custo operacional, muito menos o investimento", disse Wagner ao BNews.
"O setor privado só vai querer vir para o chamado 'filé': grandes núcleos habitacionais com muitos clientes e uma taxa de retorno alta [...] Não enganem a população, dizer que quando for a iniciativa privada vai ter sanemando para todo mundo, porquê não é verdade. A iniciativa privada não vai botar dinheiro onde não tem retorno", argumenta.
Para o parlamentar, faltou clareza no debate sobre o tema. "Acho que foram ditas meias-verdades", disparou. Wagner cita como exemplo o estado do Amazonas, que há mais de duas décadas privatizou o serviço de água e saneamento. Hoje, a capital está na 6ª colocação entre as piores cidades grandes no quesito.
Apesar de reconhecer as deficiências da Embasa, por exemplo, o senador afirma que elas não se devem ao fato de ser um ente público. Ele exemplifica com o caso das operadores de telefonia, que são privadas e ainda assim, lideram o ranking de reclamações relacionadas ao Direito do Consumidor.
DIVERGÊNCIA DE OTTO E CORONEL
Sobre os votos dos conterrâneos Otto Alencar e Angelo Coronel, ambos do PSD, o petista contemporizou e viu com normalidade a divergência. O senador explica que as semelhanças se afloram em "questões centrais da política", como no caso da votação do impeachment de Dilma Roussef (PT), quando Otto divergiu da orientação da bancada e deu voto contrário.
"Acho normal, somos de partidos diferentes e para cada votação existem orientações diferentes. Acompanhei [orientação do PT] porquê acredito que o projeto do jeito que está não resolve, cria insegurança jurídica. Mas o PSD entendeu que o projeto não era perfeito, mas que valia a pena ser votado na crença de que vai atrair investimento. Não vejo problema nenhum [...] votei na minha crença e Otto e Coronel da maneria que eles acreditam", assegura.
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