Política

Bolsonaro amplia cargos na Abin e autoriza treinamento de funcionários sem concurso

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Medidas fazem parte de decreto assinado pelo presidente  |   Bnews - Divulgação Vagner Souza/BNews

Publicado em 03/08/2020, às 09h05   Redação BNews


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O número de cargos na Abin poderá ser ampliado por decreto assinado pelo presidente Jair Bolsonaro. O mesmo documento permite o treinamento em inteligência a pessoas não-concursadas.

O Decreto nº 10.445 foi publicado na última sexta-feira (31). O texto aumenta o número de cargos em comissão na agência de 207 para 221. Os 14 cargos novos vieram de uma troca com a Secretaria Especial de Desburocratização do Ministério da Economia.

No fim das contas, a Abin ficou com uma folha de pagamento praticamente igual a antes, já que a maior parte dos cargos novos é de remuneração mais baixa.

Em relação ao treinamento de não-concursados, na redação de 2016, assinada por Michel Temer, à Escola de Inteligência cabia “realizar a capacitação e o desenvolvimento de recursos humanos (…) e a capacitação de pessoal selecionado por meio de concurso público”.

No novo texto, a Escola pode “planejar e executar atividades de capacitação em inteligência e em competências transversais e complementares para os agentes públicos em exercício na Abin e para os indicados pelo Sistema Brasileiro de Inteligência ou por entidades ou órgãos parceiros da Abin”.

A menção a “concurso público” foi removida. O decreto também criou uma nova unidade na Abin: o Centro de Inteligência Nacional, com 17 cargos. Para efeitos de comparação: a Assessoria Jurídica tem quatro cargos em comissão, enquanto a Escola de Inteligência tem 12.

Uma das funções do novo Centro é “realizar pesquisas de segurança para credenciamento e análise de integridade corporativa”. ‘Integridade corporativa’ é uma das traduções usadas no mundo acadêmico e empresarial para compliance, e dá a entender que a Abin vai ter a missão de evitar, no futuro, episódios como a indicação de Carlos Alberto Decotelli.

No fim de junho, o chefe do GSI, Augusto Heleno, twittou que “no caso de Ministros, cada um é responsável pelo seu currículo”. Esse novo Centro também terá a missão de “planejar e executar atividades de inteligência” para assessorar “órgãos competentes no que se que refere a atividades e políticas de segurança pública e à identificação de ameaças decorrentes de atividades criminosas”.

O Centro também pode “desenvolver ações destinadas à inovação na atividade de inteligência e coordenar unidades da Abin com parceiros para a produção integrada de conhecimentos de inteligência”.

O termo ‘inovação’ não aparece no decreto de 2016. Já algumas responsabilidades presentes no decreto anterior ficaram menos claras na nova versão. O Departamento de Contraterrorismo e Ilícitos Transnacionais deixou de existir, sendo incorporado ao Departamento de Inteligência. Este departamento trabalha no “enfrentamento do extremismo violento e do terrorismo;” mas não está previsto mais, especificamente, “implementar os planos relacionados à atividade de contraterrorismo”.

Além disso, antes cabia a três departamentos a tarefa de “processar dados e conhecimentos fornecidos pelos adidos civis brasileiros no exterior”. Esse texto sumiu e agora o termo ‘adidos’ aparece apenas no artigo da Assessoria de Relações Internacionais, a quem cabe “supervisionar” as atividades deles.

Na reunião ministerial sem pauta de 22 de abril, Bolsonaro disse sobre os sistemas de inteligência no Brasil: “o meu particular funciona”.

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