Política

Debandada na base: Entenda o que pode levar PL, PDT e Podemos a sair do grupo de Rui Costa e se aproximar de Neto

Vagner Souza/Arquivo BNews
O governador Rui Costa também precisa entrar em campo para diminuir a insatisfação do restante da base  |   Bnews - Divulgação Vagner Souza/Arquivo BNews

Publicado em 18/08/2020, às 20h15   Pedro Vilas Boas e Eliezer Santos


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A porta do gabinete do governador Rui Costa (PT) não está fechada apenas para opositores. A falta de atenção do petista com sua própria base é uma reclamação em comum entre os partidos que a integram e faz parte do pacote de razões pelas quais PL e Podemos podem se aproximar do grupo do prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM). O PDT também é outra sigla que pode compor a debandada, mas por outro motivo: eleições 2022.

O ex-deputado federal José Carlos Araújo, presidente do PL na Bahia, nem esconde mais a insatisfação. Em entrevista ao BNews na última semana, disse que tenta uma reunião com Rui Costa há um ano, mas não é recebido. Após o partido se reunir com o grupo de ACM Neto, Araújo deve, finalmente, conseguir se encontrar com o governador assim que uma pesquisa de popularidade chegar à mesa do chefe do Executivo baiano.

A pesquisa é importante porque inclui a "carta" do ex-deputado federal a ser colocada na mesa: Irmão Lázaro. O pastor e ex-deputado federal é popular e representaria um apoio importante tanto para Bruno Reis, quanto para a base de Rui, que, apesar da pulverização de pré-candidaturas, apoia o nome da major Denice Santiago.

O PL também não é contemplado com indicações relevantes na gestão Rui. Apesar de filiado ao partido, o secretário estadual de Turismo, Fausto Franco, é uma indicação ligada diretamente ao governador e, assumidamente, não tem uma boa relação com a sigla. "Eu, particularmente, não teria indicado. Não procuro ele", assumiu José Carlos Araújo, em entrevista ao BNews.

A presença mais significativa do PL na máquina estadual é na diretoria executiva da Companhia de Processamento de Dados do Estado da Bahia (Prodeb), que está sob a batuta de Samuel Pereira Araújo, filho de José Carlos Araújo.

Desvalorizado

Quem também não se sente valorizado na gestão é o Podemos, sobretudo depois de ter perdido espaço no comando do Departamento Estadual de Trânsito (Detran-BA). Restou à sigla a direção da Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab), que, paradoxalmente, gera vários constrangimentos aos líderes do partido justamente porque as operações de fiscalização da autarquia estadual acabam tocando aliados políticos. 

O BNews apurou que o Podemos também se reuniu com o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, na semana passada. Além dessa conversa com um partido agora ligado a ACM Neto, a sigla tem como um dos principais articuladores Michel Reis, irmão do pré-candidato Bruno Reis (DEM).

Quem mantém negociações avançadas com o Palácio Thomé de Souza é a sigla representada nacionalmente pelo candidato à Presidência em 2018 Ciro Gomes. Carlos Lupi visitou a capital baiana na semana passada e se reuniu com o prefeito ACM Neto para declarar apoio à pré-candidatura de Bruno Reis e deve mesmo ocupar a vice na chapa. O aviso já foi dado aos deputados estaduais pedetistas, que fizeram questão de ressaltar apoio a Rui Costa, mesmo com o acordo municipal.

O apoio em Salvador perpassa por uma negociação feita entre Neto, que é presidente nacional do DEM, e Ciro visando as eleições em 2022. Enquanto o democrata concorreria ao governo do estado, Ciro Gomes tentaria, mais uma vez, ocupar a cadeira de presidente da República.

O secretário municipal de Saúde, Léo Prates, chegou a filiar-se ao PDT numa forma de aproximar a sigla do DEM e selar apoio nas eleições deste ano, mas a pandemia do novo coronavírus frustrou os planos, ao menos os de Prates. O partido já havia articulado um "plano B" e também filiou a ex-secretária municipal de Promoção Social, Ana Paula Matos, que pode mesmo ser o nome para ocupar a vice de Bruno Reis.

Interlocutores do Palácio de Ondina afirmam que, além de tentar contornar a eventual debandada do PL, PDT e Podemos, o governador Rui Costa precisa entrar em campo para diminuir a insatisfação do restante da base, composta ainda por PCdoB, PP, PSD, PSB, PRP e Avante.

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