Política

Senado aprova convite para Ernesto Araújo prestar esclarecimentos sobre visita de secretário dos EUA

Marcelo Camargo/Agência Brasil
Na sexta-feira (18) Pompeo esteve nas instalações da Operação Acolhida em Boa Vista (RR) na companhia do chanceler brasileiro, Ernesto Araújo   |   Bnews - Divulgação Marcelo Camargo/Agência Brasil

Publicado em 21/09/2020, às 13h52   Folhapress


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Os senadores aprovaram na manhã desta segunda-feira (21) requerimento para que o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, preste esclarecimentos sobre a visita do secretário de Estado americano, Mike Pompeo, ao Brasil.

Na sexta-feira (18), Pompeo esteve nas instalações da Operação Acolhida em Boa Vista (RR) na companhia do chanceler brasileiro, Ernesto Araújo. O projeto recebe refugiados da ditadura de Nicolás Maduro.

O convite a Araújo foi aprovado em sessão da CRE (Comissão de Relações Exteriores do Senado), evitando assim uma convocação (quando a presença é obrigatória), que era a ideia inicial dos parlamentares da oposição. Procurado pela reportagem, o Itamaraty não respondeu se o ministro irá ou não ao colegiado.

A autoria foi do senador Telmário Mota (Pros-RR), que inicialmente queria uma convocação do ministro. O requerimento foi transformado em convite após o presidente do colegiado, senador Nelson Trad (PSD-MS), garantir a presença de Ernesto na Casa na próxima quinta-feira.

"O ministro atendeu o convite e vem quinta-feira (24). Queremos saber o que aconteceu. Os governistas dizem que não aconteceu nada e os oposicionistas dizem que ele ofendeu a Venezuela em território brasileiro", afirmou Trad.

A vista de Pompeo causou reação até mesmo em aliados do governo. O senador Mecias de Jesus (Republicanos-RR) apontou que o povo de Roraima não concorda com as palavras do secretário estadunidense.

"Parece um recado claro para o mundo e à Venezuela. Eles querem um palanque. O povo de Roraima não concorda com Pompeo" afirmou criticou o senador

O senador Jaques Wagner (PT-BA), autor do pedido de "moção de censura" à visita de Pompeo, alega que o governo dos EUA usou solo brasileiro para ameaçar um país vizinho. A monção também foi aprovada.

"Ele fez questão de ir bem pertinho, na fronteira do Brasil com a Venezuela, e usar o solo nacional para bravatas. Não somos nem concessão, nem base militar dos Estados Unidos no Brasil".

Segundo o presidente da CRE, o ministro precisa esclarecer aos parlamentares o motivo de Pompeo ter estado em Roraima. Também foi aprovada uma nota de repúdio à visita do secretário.

"Enquanto a gente não tem um juízo real do que aconteceu, pairam dúvida. De fato, não dá para negar que é estranho, sair um ministro dos Estados Unidos para Roraima sem que ninguém soubesse da visita", disse o presidente da comissão.

A visita do secretário norte-americano causou uma série de manifestações entre os parlamentares. A primeira reação foi do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Ele afirmou que a visita se tratou de uma "afronta". Ernesto e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) defenderam a relação com os EUA.

Em seguida, senadores iniciaram um movimento para impor uma derrota a Araujo. A ideia dos senadores era adiar a apreciação dos nomes dos embaixadores.

Entre os representantes do Brasil estão diplomatas indicados para Argentina, Israel, Chile, Canadá, África do Sul, Irlanda, Guiné, Suriname e Nepal. A votação foi mantida após o convite a Araújo ser aprovado.

Na madrugada deste domingo (20), Bolsonaro saiu em defesa da visita de Pompeo a Roraima, na reta final da eleição americana. Nas redes sociais, escreveu que a visita representa o quanto Brasil e EUA "estão alinhados na busca do bem comum".

"Parabenizo o presidente Donald Trump pela determinação de seguir trabalhando, junto com o Brasil e outros países, para restaurar a democracia na Venezuela", escreveu.

Ao lado de Ernesto, Pompeo criticou o regime de Maduro. "Nossa missão é garantir que a Venezuela tenha uma democracia", disse.

O ditador venezuelano é um dos principais focos de ataque da campanha do republicano, que defende e aplica sanções contra o regime.

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