Política

Projeto Antibaixaria municipal é apresentado na Câmara

Imagem Projeto Antibaixaria municipal é apresentado na Câmara
Deputada Luiza Maia foi homenageada durante sessão em celebração ao mês da mulher  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 30/03/2012, às 12h56   Marivaldo Filho


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Em sessão solene em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, realizada nesta sexta-feira (30) na Câmara Municipal, o projeto Antibaixaria, aprovado na Assembleia Legislativa da Bahia, foi o assunto principal. A vereadora Eron Vasconcelos (PRB), presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, anunciou que na próxima semana já deve começar a discussão, na Casa Legislativa de Salvador, sobre o projeto de lei 42/2012, o Antibaixaria soteropolitano, para impedir que os poderes públicos municipais patrocinem composições ofensivas às mulheres.

“O município de Salvador não pode ser omisso a esse fenômeno da violência simbólica. De uma forma sutil, trata a mulher com agressividade, através da musicalidade. O que está em jogo é a dignidade das mulheres”, declarou Eron Vasconcelos.

Precursora do movimento, a deputada Luiza Maia (PT), autora do projeto Antibaixaria no âmbito estadual, comemorou a aprovação da proposta. “Temos o que comemorar. Há um tempo, não podíamos nem votar e saíamos da tutela dos nossos pais para a tutela dos nossos maridos. Temos muito a progredir ainda, mas avanços estão sendo conquistados. Conseguimos essa vitória depois de nove meses de debates e muito trabalho”, afirmou.

A deputada Luiza Maia ainda contou sobre a repercussão da aprovação do PL na Assembléia: “A sociedade abraçou o projeto, me parabenizou pelo resultado, mas, a reação não foi só positiva. Voltaram a me xingar, a me ameaçar de morte e a falar que eu não irei me reeleger. Isso não me abala e eu não tenho medo”.

Cantor e compositor que viveu a época da ditadura militar, Gerônimo, favorável ao projeto Antibaixaria, lembrou dos tempos da censura. “Naquele tempo, os artistas utilizavam de códigos para fugir dos fiscalizadores. Os compositores destas músicas não tiveram a mesma educação que eu e muitos dos aqui presentes. Por isso, acham que é sucesso. As mulheres vão na onda achando que é diversão e sem perceber que é uma agressão”, opinou.
Para dar o exemplo de boa música, Gerônimo cantou à capela o sucesso brega de Wando. “Fogo e paixão” foi cantada em coro e aplaudida no Plenário Cosme de Farias.

“Nega do cabelo duro”

O sucesso de Luis Caldas também esteve em pauta, durante a solenidade. A vereadora Olívia Santana (PCdoB) disse que o pai do Axé foi “muito infeliz” ao compor a música. “Gosto muito de Luis Caldas e das músicas que ele compõe. Adoro ele. Mas me sinto ofendida quando ouço ‘nega do cabelo duro, que não gosta de pentear’. Não quero que digam que meu cabelo é duro e que eu não gosto de pentear. É ofensivo. Meu cabelo não é ruim. Ele é crespo. Ruim é quando tem piolho ou é sujo e isso independe de ser liso ou crespo”, desabafou.

Representações

Além da deputada Luiza Maia, da vereadora Eron Vasconcelos e do cantor e compositor Gerônimo, fizeram parte da mesa, durante a sessão especial, as vereadoras integrantes da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, Olívia Santana, Vânia Galvão (PT), Marta Rodrigues (PT), Aladilce Souza (PCdoB); o deputado federal Marcio Marinho (PRB); a presidente do PRB Mulher na Bahia, Silvia Cerqueira; a juíza da Vara de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, Márcia Lisboa; e a representante do bloco A Mulherada, Mônica Kalile.



Fotos: Rodrigo Soares

Classificação Indicativa: Livre

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