Política

De algoz, João Henrique vira vítima

Imagem De algoz, João Henrique vira vítima
"Há uma aminésia proposital ao que fizemos", disse o prefeito  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 12/06/2012, às 06h01   Caroline Gois Twitter (@goiscarol)



A semana já começa com declarações um tanto polêmicas e 'francas' - como definiu o próprio prefeito de Salvador, João Henrique (PP), em entrevista concedida à Rádio CBN, com apresentação de Emmerson José.
A conversa - que durou cerca de uma hora, fez um balanço da gestão do pepista e levantou questões como as leis, fiscalizações e sucessão municipal. Logo no início e de forma descontraída, o apresentador o questionou sobre a boa aparência, algo respondido de imediato: "É a boa forma, as atividades físicas, o amor e a sensação de dever cumprido", disse João Henrique. Segundo ele, "nestes sete anos e por já estar chegando ao fim do compromisso com a cidade, sinto que cumpri o meu papel".
Durante toda a entrevista, o prefeito caracterizou os principais problemas de Salvador como questões culturais e que já são enfrentadas há muito tempo, sem esquecer de enumerar dados e informações que, para ele, diferenciam a gestão pepista das anteriores. "Temos o maior adensamento populacional. São cerca de 10 mil pessoas por km²", comentou, se referindo às poucas câmeras instaladas no trânsito da cidade. "Temos 40 câmeras que contribuem com a prefeitura. Já fiz apelo ao Governo do Estado para ampliarmos este número. Temos projetos para trazermos 400, mas aí esbarramos na burocracia", disse.
Sobre leis e fiscalizações, JH confirmou que a de Carga e Descarga "está sendo aplicada". Segundo o prefeito, o que houve "foram adaptações e ajustes a pedidos de orgãos de classe". "Há uma dificuldade em se cumprir as leis aqui na cidade já que muitas delas são respaldadas em leis nacionais. Não posso aumentar o preço de uma multa por exemplo. Assim, com valores baixos o cidadão se acomoda. É uma questão de educação e transformação cultural", ressaltou. "Há também um traço cultutal muito sério que faz com que sejamos resistentes à mudança de comportamentos. A Associação Baiana de Bancos conseguiu liminares na Justiça suspendendo a fiscalização que punia as agências. Assim, não temos como fiscalizar", explicou.

João Henrique trouxe o Estado para o 'colo' e disse que "os problemas não são de três milhões de soteropolitanos e sim, de 14 milhões de baianos". De acordo com o gestor, "a prefeitura não é de uma cidade só, mas sim de 417 cidades". Além de 'globalizar' as dificuldades, JH justificou que a cidade tem demandas reprimididas - históricas, seculares e recentes e, alfinetando a oposição, questionou: "Se perguntar aos funcionários da saúde ou educação o grau de satisfação deles comparados com outras gestões, o nosso será muito maior".
Já sobre a sucessão municipal, o pepista se esquivou da pergunta sobre apoio ao PT e retirada da candidatura de João Leão, elogiando gestões lideradas pelo Partido dos Trabalhadores em detrimento, principalmente, do apoio que ganham do Governo Federal. "Capitais dirigidas pelos Partidos dos Trabalhadores têm mais acesso aos recursos. O PP ainda tem projetos a concluir e a iniciar, e pode haver alinhamento com os governos estadual e federal", afirmou.
Preso constatemente aos números, o prefeito da capital baiana não perdeu a oportunidade para criticar os atuais pré-candidatos. "Somos a terceira maior cidade em população do Brasil e temos a 25ª posição em receita mais pobre do país. E, nesta eleição, só ouço críticas a meu governo. Minha gestão não precisa de defesa. Eles têm que mostrar propostas e o que será feito. Só falam em possíveis alianças e batem na minha administração que enfrenta problemas seculares", disse.
Defendendo o trabalho que vem realizando, JH criticou a postura da população e de políticos, afirmando que "há uma aminésia proposital ao que fizemos". "As pessoas não lembram como era a Centenário, a Vasco e outras intervenções que fiz e mudaram a cidade", pontuou.
E quando o assunto foi a sucessão de 2014, João Henrique deixou a questão solta no ar, garantindo que "o valor da nossa vida é repassarmos conhecimento", e que, a partir de dezembro, ele irá compartilhar com outras pessoas o que chamou de mestrado e doutorado a experiência na prefeitura.
Após tanto discurso e questionamento, João Henrique surpreende já nos últimos segundos que tinha e pede desculpas pela franqueza. "Me desculpe. É uma carcteristica minha. Para mim o julgamento tem que ser aberto e franco", disse, como se estivesse mandando um recado. Resta saber para quem. 

Foto: Edson Ruiz// Bocão News

Classificação Indicativa: Livre

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