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Após construção da Via Metropolitana, Quilombo Kingoma sofre ataques, denunciam grupos

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Segundo dois grupos, terras podem diminuir após pressão de construtoras, Governo do Estado e da Prefeitura de Lauro de Freitas   |   Bnews - Divulgação Divulgação

Publicado em 14/09/2018, às 14h50   Redação BNews


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O Quilombo Kingoma, localizado em Lauro de Freitas, na região metropolitana de Salvador, tem sofrido diversos ataques desde a construção da Via Metropolitana. O ataque mais recente ocorreu nesta quinta-feira (13). A denúncia foi feita por meio de nota divulgada pelo Movimento Aquilombar e o Movimento Nacional Quilombo Raça & Classe, filiado à CSP Conlutas.

“Repudiamos o ataque à casa de Dona Ana, liderança do quilombo. Desde 2013, com início das obras da Via Metropolitana, o Quilombo Kingoma vem resistindo aos ataques do governo da Bahia. Para que a obra fosse implementada, o governo invadiu as áreas do quilombo, destruiu uma enorme área de reserva florestal, derrubou árvores centenárias e sagradas para a ancestralidade quilombola e matou nossos rios e fontes de água”, diz trecho da nota.

Ainda segundo os grupos, todos os fatos ocorreram sem diálogo com a comunidade. “Ao contrário, a peso de muitas ameaças e perseguições. Há cinco anos, Dona Ana teve sua casa invadida, todos os móveis quebrados e colocaram uma arma de fogo na cabeça de seu esposo. Na madrugada de hoje, tentaram invadir novamente a casa de Dona de Ana, tentaram derrubar a porta com chutes e empurrões. Derrubaram as cercas e portões. Esse ataque acontece três dias depois de realizarmos a Marcha da Resistência do Kingoma. Meses atrás, derrubaram as cercas, mataram os cachorros, os porcos e o jumento. Colocaram gados dentro da roça de Dona Ana para comer suas plantações. As perseguições são permanentes”, relatam na nota.

Os grupos relatam que após abertura da rodovia, aumentou a pressão das construtoras, junto com o governo do Estado e a prefeitura de Lauro de Freitas para diminuir as terras do quilombo para a construção de um bairro novo. Hoje, 578 famílias vivem em uma área de 1.284 hectares. O governo quer reduzir a área para apenas 300 hectares, área que não engloba nem 200 famílias.

“Dona Ana e o povo de Kingoma sofrem perseguições porque não se curvam mediante a estes ataques. Não vamos nos curvar a estes senhores que há séculos nos escravizam e nos matam. Os governos do PT agem da mesma forma que velha direita contra o povo quilombola. Mas nós vamos seguir em pé e em luta contra qualquer governo que seja. Enquanto um de nós estiver vivo, haverá luta”, protestam.

Leia a nota na íntegra:

Repudiamos o ataque à casa de Dona Ana, liderança do Quilombo Kingoma, e nos solidarizamos com a luta do povo de Kingoma

O Movimento Aquilombar e o Movimento Nacional Quilombo Raça & Classe (filiado à CSP Conlutas) repudiam o ataque ocorrido na madrugada de hoje, 13 de setembro de 2018, à casa da Dona Ana, liderança do Quilombo Kingoma.

Desde 2013, com início das obras da Via Metropolitana, o Quilombo Kingoma vem resistindo aos ataques do governo da Bahia. A estrada, que liga a Rodovia CIA-Aeroporto (BA-526) e a Estrada do Coco (BA-099) nos municípios de Lauro de Freitas e Camaçari, teve início no governo de Jacques Wagner e foi concluída no governo de Rui Costa, ambos do PT. Para que a obra fosse implementada, o governo invadiu as áreas do quilombo, destruiu uma enorme área de reserva florestal, derrubou árvores centenárias e sagradas para a ancestralidade quilombola e matou nossos rios e fontes de água.

Tudo isso foi feito sem nenhum diálogo com a comunidade. Ao contrário, a peso de muitas ameaças e perseguições. Há cinco anos, Dona Ana teve sua casa invadida, todos os móveis quebrados e colocaram uma arma de fogo na cabeça de seu esposo. Na madrugada de hoje, tentaram invadir novamente a casa de Dona de Ana, tentaram derrubar a porta com chutes e empurrões. Derrubaram as cercas e portões. Esse ataque acontece três dias depois de realizarmos a Marcha da Resistência do Kingoma.

Meses atrás, derrubaram as cercas, mataram os cachorros, os porcos e o jumento. Colocaram gados dentro da roça de Dona Ana para comer suas plantações. As perseguições são permanentes.

Toda essa pressão é feita porque o povo de Kingoma resiste e luta em defesa do seu território, de sua história e de suas vidas. Com a abertura da rodovia, aumentou a pressão das construtoras, junto com o governo do Estado e a prefeitura de Laura de Freitas (vale ressaltar que a prefeita Moema Gramacho também é do PT) para diminuir as terras do quilombo para a construção de um bairro novo. Hoje, 578 famílias vivem em uma área de 1.284 hectares. O governo quer reduzir a área para apenas 300 hectares, área que não engloba nem 200 famílias.

Dona Ana e o povo de Kingoma sofrem perseguições porque não se curvam mediante a estes ataques. Não vamos nos curvar a estes senhores que há séculos nos escravizam e nos matam. Os governos do PT agem da mesma forma que velha direita contra o povo quilombola. Mas nós vamos seguir em pé e em luta contra qualquer governo que seja. Enquanto um de nós estiver vivo, haverá luta.

Não arredaremos um só passo na defesa do Kingoma. A vida da Dona Ana e do nosso povo está ameaçada. Desde já colocamos a responsabilidade direta nas mãos do governo do Estado e da prefeitura de Lauro de Freitas. Se alguma coisa acontecer à vida de Dona Ana e de outros quilombolas a responsabilidade é destes senhores.

Movimento Aquilombar e Movimento Nacional Quilombo Raça & Classe, filiado à CSP Conlutas

Classificação Indicativa: Livre

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