Cidades

Clima de insegurança ronda escolas estaduais após demissão de cerca de 200 vigilantes

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Em menos de 30 dias, quatro casos de violência despertaram o clima de insegurança dentro das escolas públicas de Salvador  |   Bnews - Divulgação Arquivo/BNews

Publicado em 20/09/2018, às 11h44   Diego Vieira


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Em menos de 30 dias, quatro casos de violência chamaram a atenção para o clima de insegurança enfrentado por estudantes e professores dentro das escolas públicas de Salvador. O mais recente aconteceu na última terça-feira (18) no Colégio Estadual Deputado Rogério Rego, no bairro de Jardim Cajazeiras. Na ocasião, homens armados invadiram a unidade escolar e roubaram o carro de uma professora. 

No dia 22 de agosto, três alunos do Colégio Estadual Thales de Azevedo, no bairro do Costa Azul, foram assaltados dentro da unidade escolar. Cinco dias depois, um jovem foi detido após invadir o Colégio Estadual Manoel Devoto, no Rio Vermelho. Nas imagens de vídeos gravados por estudantes, é possível ver o jovem jogando cadeiras na direção dos alunos.

Já no dia 11 de setembro, um adolescente de 12 anos foi baleado na quadra que divide as Escolas Municipal e Estadual João Pedro dos Santos, na Avenida Bonocô. Ele foi atingido na região das nádegas e na perna. 

Os casos aconteceram no mesmo período em que cerca de 200 vigilantes que prestavam serviço para a Secretaria de Educação do Estado da Bahia foram demitidos. A informação é do Sindicato dos Empregados de Empresas de Segurança e Vigilância do Estado da Bahia (Sindivigilantes). De acordo com o presidente do sindicato, José Boaventura, do total de demitidos, 150 trabalhavam nas escolas estaduais da capital baiana. 

“A Secretaria da Educação alega que os desligamentos foram necessários para a redução de custos. No entanto, não existe nenhum tipo de planejamento, ou seja, a retirada desses vigilantes não significa a troca por outra medida de segurança. Simplesmente tiraram e largaram esses espaços vazios”, disse.

Ainda segundo o presidente, em 2016, o Governo do Estado instituiu a manutenção dos vigilantes apenas nas escolas localizadas em cidades com mais de 100 mil habitantes. “Existem casos que só existe um vigilante à noite para cuidar do patrimônio e durante o dia fica um porteiro ou qualquer pessoa para cuidar do controle de entrada e saída, porém essas pessoas não têm preparo e nem responsabilidade para isso”, explicou.

O representante da categoria informou ainda que já foi solicitada uma reunião com a Secretaria de Educação da Bahia para tratar o assunto. “Nós somos contra as demissões por dois motivos: um é o desemprego e o outro é a fragilidade da segurança de professores, alunos e até mesmo dos próprios vigilantes que permanecem trabalhando nessas escolas”, afirmou. 

Para ele, além da manutenção do quadro de profissionais da vigilância, a instalação de um portal de detector de metais na portaria das unidades escolares contribuiria para a redução da criminalidade. “No Espírito Santo por exemplo, as escolas já contam com o detector. Para nós, é um equipamento importante, porque se alguém tentar entrar no colégio com uma arma ou coisa parecida, esse detector já identifica. Isso ajudaria bastante na segurança e proteção das pessoas”, ressaltou.

Segundo a coordenadora do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB-BA), Marilene Betros, a categoria enviou um documento para a Secretaria da Educação pedindo a adoção de medidas para solucionar o problema referente à violência nas instituições de ensino. 

“Na verdade, é preciso aumentar o quadro de vigilantes e não diminuir. Então, é necessário que o Governo do Estado reveja esse posicionamento, porque está se tornado uma constante. A gente tem cobrado do Estadoe do Município o aumento do efetivo para que a gente possa dá uma tranquilidade aos professores, alunos e funcionários”, afirmou. 

O que diz a Secretaria Estadual da Educação
Segundo a pasta, não procede a informação de redução de profissionais que fazem a segurança nas escolas da rede estadual. Pelo contrário, o quadro destes profissionais foi ampliado com a convocação, em maio, após processo seletivo, de 691 novos porteiros, perfazendo o total de 2.246 vigilantes e 1.436 porteiros que atuam nas escolas estaduais. Além disso, as unidades contam com o apoio da Polícia Militar, que realiza a Ronda Escolar no entorno das escolas de toda a Bahia, através das Companhias Independentes de Polícia Militar (CIPM) e dos Batalhões de Polícia Militar.

Ainda de acordo com a secretaria, em 2016, o Estado iniciou as ações de fortalecimento da segurança pública, com a adoção da vigilância eletrônica, através do Centro de Operações e Inteligência. Conforme o órgão, o centro recebe, em tempo real, na sala de monitoramento, as imagens registradas por câmeras de fibra ótica, instaladas no entorno das unidades escolares. A Secretaria também esclarece que o ocorrido no dia 11 de setembro não foi em escola estadual e sim na quadra localizada no espaço interno da escola municipal João Pedro dos Santos.

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