Esporte

A vitória da esperança sobre a experiência: crônica de um BaVi

Publicado em 24/04/2011, às 13h18   Fábio Bito Teles


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Torcedor é um ser otimista. O torcedor tipo, quero dizer. Aquele que veste a camisa todo domingo e saí pro estádio sem se importar com o adversário, com quem estará em campo pelo seu time, muito menos em que divisão o time dele está.

E é esse tipo de gente que faz o futebol ser uma coisa incrível de se ver. Quem já ouviu Binha, torcedor símbolo do Bahia, dizer que o tricolor é maior que Barcelona, Real Madrid, Inter de Milão, Manchester United e o escambau sabe do que eu to falando.

Às vezes fico me perguntando de onde vem tanta esperança. Que lógica própria é essa do torcedor de futebol que acha que naquele domingo tudo sera diferente. O que faz um torcedor do Corinthians acreditar que, dessa vez, o time vai longe na Libertadores. Ou o torcedor do Botafogo achar que, agora sim, o juíz não vai aprontar uma e o time vai ficar no meio do caminho chorando. Deu pra entender?

Esse eterno otimista, o torcedor. O escritor ingles Samuel Johnson cunhou uma celebre frase, repetida tantas vezes em mesas de bar: o segundo casamento é o triunfo da esperança sobre a experiência. E o que falar do terceiro, quarto ou quinto casamentos? Haja Tolima!

Sou bem casado, é verdade, mas entendo qual o X da questão. O que faz um cara que fracassou numa ou em várias relações achar que, daquela vez, sim, daquela vez vai?

É mais ou menos assim que o torcedor do Bahia vai a Pituaçu neste domingo, para enfrentar o Vitória pela semifinal do Campeonato Baiano. Cheio de esperança, apesar da experiência.

São 10 anos sem conquistar um título. Uma freguesia que incomoda e, sempre, ou quase sempre, na verdade, tem o mesmo enredo. O tricolor chega para o confronto sem a vantagem em campo, com o retrospecto recente desfavorável, mas ainda cheio de história pra contar. Em casa, no primeiro jogo, perde por 1×0, 2×1, e aí vai ter que fazer das tripas coração para reverter o resultado no Barradão. Chegando lá, joga como nos velhos tempos, domina a partida, deixa o leão acuado, mas precisava de dois gols de diferença. A vitória por 1×0, 2×1, 3×2 não é suficiente o título continua com o adversário.

Sou do tempo em que o Bahia ainda ganhava Campeonato Baiano, ou melhor, do tempo em que o Bahia ainda ganhava campeonato. Tempo em que segunda-feira era dia de vestir orgulhoso o manto tricolor e tirar um sarro dos sofredores rubro-negros. Foi esse Bahia que aprendi a amar e é pore le que eu ia à Fonte Nova e vou para Pituaçu.

Mas vestir azul-vermelhor-e-branco nesse domingo é como engomar aquele belo terno para casar-se novamente. Cheio de esperança, apesar da experiência.

Bora Bahêa!

Texto publicano no Blog do Juca Kfouri

Classificação Indicativa: Livre

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