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Feliz de ver um artista sair das páginas policiais, diz Manno sobre Kannário

Publicado em 19/02/2015, às 07h18   Redação Bocão News (Twitter: @bocaonews)


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O cantor Igor Kannário ganhou mais um apoio após o Carnaval deste ano. Em seu perfil no Facebook, o ex-baixista da banda Jammil, Manno Góes, revelou como ouviu falar do “Príncipe do Gueto” pela primeira vez.
“Primeiro, gosto do som dele. Gosto, e muito. Já escrevi aqui, há alguns anos, da surpresa impactante que tive quando o vi cantando ao lado do trio do Jammil, quando ainda tocava como baixista na banda, em uma micareta aí que não lembro aonde. Era a maior pipoca que já vi em uma micareta do interior. Eu pirei. Tanto que registrei aqui. O som, a música, a postura, tudo me agradou”, escreveu.
Manno também comparou Kannário com o rapper Emicida. “Primeiro: o que é bandidagem? Ser favela é ser bandido? Mude rapidamente seu julgamento. Ser favela é ser banido, não ser bandido. Com todas as dificuldades, pessoas como Emicida e Kannário vêm transformando sua realidade em arte. Claro que a mensagem de Emicida é muito mais poderosa, mais eloquente e social que a de Kannário. Mas Igor só está começando. Ele está transpondo sua realidade pras suas músicas e letras. Há algo muito impactante e significativo na sua verdade”.
E acrescentou: “estou muito feliz de ver um artista sair das páginas policiais e estampar capas de jornais como destaque de um carnaval carente de novidades boas como ele”. 
Confira a postagem de Manno Góes na íntegra.
Sobre Igor Kanario:
Primeiro, gosto do som dele.
Gosto, e muito.
Já escrevi aqui, há alguns anos, da surpresa impactante que tive quando o vi cantando ao lado do trio do Jammil, quando ainda tocava como baixista na banda, em uma micareta aí que não lembro aonde.
Era a maior pipoca que já vi em uma micareta do interior.
Eu pirei. Tanto que registrei aqui.
O som, a música, a postura, tudo me agradou.
Sobre a identificação dele com a bandidagem:
Primeiro: o que é bandidagem? Ser favela é ser bandido? Mude rapidamente seu julgamento.
Ser favela é ser banido, não ser bandido.
Com todas as dificuldades, pessoas como Emicida e Kanario vem transformando sua realidade em arte.
Claro que a mensagem de Emicida é muito mais poderosa, mais eloquente e social que a de Kanario.
Mas Igor só está começando.
Ele está transpondo sua realidade pras suas músicas e letras. Há algo muito impactante e significativo na sua verdade.
Outra coisa: a felicidade de Igor no carnaval foi uma das coisas mais lindas e genuínas que já vi.
Deram uma oportunidade a quem nunca teve.
Tirem o entorno social que o envolve. Esqueça que ele é o príncipe do gueto e a voz das favelas. Ele é mais que isso: ele é um artista. Goste da Music dele ou não. Não importa. Mas não o julguem pela sua ambiência social.
Eu gosto da música dele. Do som dele.
Outra coisa: vejo aqui direto colocações de que a frase "é tudo nosso, nada deles", é coisa da bandidagem.
É?
Que bom. Deixou de ser.
Como o "perdeu, Playboy" deixou de ser.
Como o "você é peixe" deixou de ser.
A língua não tem regras. A linguagem é dinâmica. Se adapta a novos fundamentos, novas interpretações, novas interações.
Linguagem não tem dono nem castas sociais.
O significado social de Igor Kanario quem mostrou foi a rua. Eu só falo da música e do músico.
Gosto muito dele e estou muito feliz por ele.
O acho um vencedor que merece apoio; não críticas preconceituosas.
A língua portuguesa e as gírias se adaptam a tudo, constantemente.
Deixa o Kanario voar e percebam o artista; não o peso social que jogam no rapaz.
A demonstração de carinho dele por Alex Lopes, jornalista que lhe deu espaço e apoio, foi linda. Quem tem gratidão, tem valor.
Honra não é valor somente da bandidagem.
Deixa o Kanario voar.
Guardem os badogues e curtam o som dele.
Belo tá aí, cheio de Vivianes Araujos pra provar que todo mundo pode mudar. Mesmo tendo convivido com o que há de ruim nas favelas. Há inteligência, amor e paz nas favelas. Há vida! Há muita gente trabalhando, lutando e desejando dignidade, respeito e igualdade.
É tudo nosso! Nada deles !
To com você, Igor!
Estou muito feliz de ver um artista sair das páginas policiais e estampar capas de jornais como destaque de um carnaval carente de novidades boas como ele.
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Aproveitando a linda referência de Danda Rosa Madalena, pra vocês, SENHA:
Eu não gosto do bom gosto
Eu não gosto de bom senso
Eu não gosto dos bons modos
Não gosto 
Não gosto
Eu aguento até rigores
Eu não tenho pena dos traídos
Eu hospedo infratores e banidos
Eu respeito conveniências
Eu não ligo pra conchavos
Eu suporto aparências
Eu não gosto de maus tratos
Mas o que eu não gosto é do bom gosto
Eu não gosto de bom senso
Eu não gosto dos bons modos
Não gosto
Eu aguento até os modernos
E seus segundos cadernos
Eu aguento até os caretas
E suas verdades perfeitas
O que eu não gosto é do bom gosto
Eu não gosto de bom senso
Eu não gosto dos bons modos
Não gosto
Eu aguento até os estetas
Eu não julgo competência
Eu não ligo pra etiqueta
Eu aplaudo rebeldias
Eu respeito tiranias
E compreendo piedades
Eu não condeno mentiras
Eu não condeno vaidades
O que eu não gosto é do bom gosto
Eu não gosto de bom senso
Não, não gosto dos bons modos
Não gosto
Eu gosto dos que têm fome
Dos que morrem de vontade
Dos que secam de desejo
Dos que ardem
Eu gosto dos que têm fome
E morrem de vontade
Dos que secam de desejo
Dos que ardem
Composição: Adriana Calcanhoto

Classificação Indicativa: Livre

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