Entretenimento

"Esse pecado eu não cometi", revela Fafá de Belém sobre voto em Bolsonaro

Reprodução (Instagram)
Cantora fez a declaração em uma entrevista   |   Bnews - Divulgação Reprodução (Instagram)

Publicado em 22/07/2019, às 16h44   Redação BNews


FacebookTwitterWhatsApp

Descoberta ainda adolescente em sua cidade natal, Fafá de Belém gravou o mais recente álbum Humana, que é um manifesto político, com letras que tratam de temas como insatisfação social e diversidade.

De acordo com a revista Veja, que entrevistou a cantora, embora não se declare eleitora de direita, ela diz que o PT errou. E aponta a polarização como um mal do Brasil atual — não muito diferente da intolerância que, afirma, a fez ser hostilizada por parte da opinião pública quando a então “musa” das Diretas Já apoiou a eleição indireta de Tancredo Neves à Presidência, em 1984.

Na entrevista a seguir, a avó de duas netas solta o verbo sobre política e Lei Rouanet.

Uma canção daquela época tem algo a dizer sobre o Brasil de hoje? Sim. Ela se conecta muito com o tempo atual, em que as pessoas defendem bandeiras sem saber direito o que significam e cobram um posicionamento dos outros. Fiquei quieta durante o impeachment da Dilma (Rousseff) e o governo do (Michel) Temer, apesar de ter sido cobrada pela direita e pela esquerda. E vou continuar na minha agora.

Em quem votou para presidente? Muita gente acha que votei no Bolsonaro. Esse pecado eu não cometi. Justifiquei meu voto, porque estava em Belém e moro em São Paulo.

Não tem hoje preferência política? Nunca fui de direita, e o PT foi um partido que todos nós um dia abraçamos. Comemoramos no meio da rua a vitória do Lula. Mas essa fase foi tão complicada… (Os governos petistas) acabaram com a Petrobras. A esquerda passou por um processo de autofagia. Aí veio uma proposta completamente contrária. Somos hoje um povo separado pela ideologia.

Por que isso é tão nocivo? A polarização nos separou como se fôssemos dois povos distintos. Canto Toda Forma de Amor, do Lulu Santos, porque a gente deve começar a olhar com mais simpatia um para o outro. Político se troca, religião cada um defende a sua, mas permanecemos um povo colorido e sorridente. Não sou de panelas, não sou de grupos. Eu quero ser livre.

O movimento Diretas Já transformou sua carreira? Foi o grande trabalho que fiz na vida. Mas já tentaram apagar minha importância no movimento. Uma série da Globo, Os Dias Eram Assim, ignorou minha participação. No comício da Candelária, no Rio, cantei Menestrel das Alagoas a mais de 1 milhão de pessoas. Mas, em vez de mim, a série mostrou Milton Nascimento cantando Coração de Estudante. Eu fiquei tão… Olha, foi falta de pesquisa, igno­rân­cia ou sacanagem.

Seus posicionamentos já renderam muito preconceito? A esquerda e a direita torceram o nariz quando apoiei Tancredo Neves para presidente, em 1984. O (colunista) Zózimo Barrozo do Amaral (1941-1997) falou tão mal de mim que eu queria pegá-lo de porrada. Fui impedida pelo Armando Nogueira (ex-jornalista da Globo, morto em 2010). Mas quando o (presidente) Fernando Collor sofreu impeachment, em 1992, eu e Armando fomos comemorar na casa do Roberto Irineu Marinho (sócio da Globo). Quando entrei, dei de cara com o Zózimo, que me perguntou se eu estava bem. Disse que sim porque ele não tinha conseguido acabar comigo. Terminou com o Zózimo me chamando de rancorosa e eu dizendo que ia quebrar a cara dele. Se não tivesse a turma do deixa-disso, eu ia mesmo bater no cara.

Alguns atacam a Lei Rouanet e acusam artistas que a utilizam de querer viver à custa do Estado. O que pensa disso? Criou-se uma ideia de que assaltamos o Brasil. Vejo até pessoas de alto nível dizendo isso. É muito difícil para o artista fazer grandes shows sem a Lei Rouanet. Porque aqui funciona da seguinte maneira: a pessoa paga 3 000 reais para ver um artista estrangeiro, mas reclama se tem de pagar 300 para ver um brasileiro. Dizem que estamos roubando. Quarenta anos atrás, a verba saía da bilheteria. Hoje, pouca gente aposta num espetáculo novo.

Classificação Indicativa: Livre

FacebookTwitterWhatsApp