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Morte de irmão na Ondina: "não despertemos ódio", diz líder espírita

Imagem Morte de irmão na Ondina: "não despertemos ódio", diz líder espírita
José Medrado pede que as dores das duas famílias sejam vistas com cuidado  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 20/10/2013, às 20h49   Redação Bocão News (Twitter: @bocaonews)


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A morte dos irmãos Emanuel e Emanuele Gomes, 21 e 23 anos, atropelados pela médica Kátia Vargas Leal Pereira, em Ondina, teve grande repercussão na mídia baiana. Algumas manifestações foram feitas em Salvador pedindo a condenação da oftalmologista, autuada por duplo homicídio triplamente qualificado doloso (com intenção de matar) no inquérito policial, concluído nesta sexta-feira (18). Neste mesmo cenário, aparece uma personalidade baiana, o apresentador da rádio Metrópole e fundador do Cidade da Luz, José Medrado, que sugere um outro questionamento.
Kátia fez serviço voluntário no complexo social por muitos anos e depois passou a atender como "cota social" em seu consultório de oftalmologia pessoas enviadas pelo Cidade da Luz.
Sobre a "tragédia que tanto chocou a todos", o líder espírita explica que não tinha contato com a médica e só encontrou Kátia uma vez, quando ela o abordou em um avião se oferecendo para ajudar no Cidade da Luz e dando um cartão para contato, que deu início à colaboração dela com o complexo.

Em seu texto, ele diz que não pretende ser tendencioso. "Um episódio não invalida o outros, em sentido algum. Naturalmente, neste mesmo momento que você lê, se conhecia, lembrará dos meninos que morreram e levantará também as qualidades deles, natural, você os conhecia. A quem não conhecia, entendo, não cabe ajuizamento, somente análise de fatos. Não sejamos veículos do despertamento de ódios, mas protagonistas da busca da verdadeira justiça (sic)", diz. 

Ele ainda alerta que é preciso ter equilíbrio. "A aplicação da justiça é um direito e dever de todos, que devemos exercer sempre. É preciso que em nome desta justiça não façamos o que nos indignamos nos outros. Diante de comoções, dores...é indispensável o equilíbrio principalmente dos que não conhecem os envolvidos, a fim de não darmos vazão às nossas próprias dores, diante das dos outros", pontua.

A médica já está presa à disposição da Justiça. O Ministério Público tem cinco dias para apresentar denúncia contra a ela. Neste domingo (20), acontece a missa do sétima na igreja realizada na Igreja da Ressurreição, em Ondina, que fica próxima ao local do acidente.

Confira depoimento de medrado na íntegra
SOBRE A TRAGÉDIA (Leiam com calma, para reflexão honesta, consciente)
Fui concitado a expor aqui a minha opinião sobre esta tragédia que tanto chocou a todos. De logo, afirmo que sobre dores humanas não cabe opinião, porquanto pessoa alguma tem condições de avaliar o sofrimento e a dor que dilaceram o coração de quem quer que seja, no cenário de uma tragédia. Posto, no entanto, o meu posicionamento, em expressão que julgo de consciência e princípio, resultado das minhas reflexões cristãs. Um fato: dois jovens foram mortos em uma tragédia, após um desentendimento no trânsito, cabe o apuro da polícia, da justiça, na qualificação das mortes e a possível responsabilização penal de quem o causou. Outro ponto: a médica que conduzia o carro do atropelo fez serviço voluntário na Cidade da Luz, durante muitos anos, sendo que de uns três para cá, ela não pode mais atender no Centro, abriu, no entanto, uma cota social em sua clínica para as pessoas encaminhadas por nós. Não a conhecia pessoalmente, fui abordado por ela dentro de um avião, pedindo-me para ser voluntária no Centro, dando-me, para tanto, o seu cartão. Não mais tive contato. Repassei o cartão para o setor específico. Contato feito, trabalho encaminhado.

Por dever de consciência, quando fui instado, não poderia deixar de dizer o que é expressão da verdade simples e natural: Todos atendidos por ela sob nosso encaminhamento só tinham elogios. Não tenho aqui manifestação tendenciosa, de forma alguma, mas sentimento cristalino de debruço sobre os fatos, perfeitamente comprováveis. Um episódio não invalida o outros, em sentido algum. Naturalmente, neste mesmo momento que você lê, se conhecia, lembrará dos meninos que morreram e levantará também as qualidades deles, natural, você os conhecia. A quem não conhecia, entendo, não cabe ajuizamento, somente análise de fatos. Não sejamos veículos do despertamento de ódios, mas protagonistas da busca da verdadeira justiça.

A aplicação da justiça é um direito e dever de todos, que devemos exercer sempre. É preciso que em nome desta justiça não façamos o que nos indignamos nos outros. 

Diante de comoções, dores...é indispensável o equilíbrio principalmente dos que não conhecem os envolvidos, a fim de não darmos vazão às nossas próprias dores, diante das dos outros.

Os familiares, amigos, principalmente a mãe de Emanuel e Emanuelle devem estar em uma dor, que Deus nos livre a todos, e que a justiça seja feita; mas também a outra família, seus amigos... seguramente estão em grande sofrimento. Seremos sempre produtos de nossas ações, e responderemos por elas, sempre, para o bem, para o mal e ou em ambas as interações. Só por estarmos neste mundo, estamos sujeitos a tudo, a qualquer momento. Pessoa alguma está livre do imponderável. Guardemo-nos sempre em oração e vigilância. Obrigado.

Publicada no dia 20 de outubro de 2013, ás 10h17

Classificação Indicativa: 18 anos

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