Salvador

Desapropriação derruba casas com trator em Itapuã e revolta moradores: "Não tiveram piedade"

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Advogado do dono do terreno disse que falta de moradia é "problema deles"  |   Bnews - Divulgação Márcio Smith / BNews

Publicado em 12/01/2021, às 18h36   Márcio Smith e Gabriel Moura


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Uma ação de despejo realizada num terreno localizado no início da avenida Dorival Caymmi provocou a revolta dos moradores que ocupavam o local. Na operação, as casas que eram de madeiras foram destruídas por um trator enquanto as de alvenaria permaneceram em pé.

A ocupação no local começou em 2014 e o espaço, desde então, é alvo de uma disputa judicial entre os ocupantes e o dono do local. Luana Gomes, representante dos moradores, criticou a retomada de posse.

"Ele contratou um trator para tirar as casas que estavam aqui na comunidade. Mãe de família com crianças especiais, comida no fogo, e o trator não teve piedade. Estamos aqui desabrigados. Hoje, o que a gente quer é que Bruno Reis e Rui Costa aqui dentro para tomar alguma providência", solicitou.

A representante ameaçou convocar um protesto para interromper o trânsito na Paralela caso nenhuma providência seja tomada.  "A gente só quer moradia. Onde vamos ficar agora? A população está chegando do trabalho agora e vendo sua casa indo embora", narra.

Advogado defende ação
Marcos Malheiros, advogado do dono do terreno, defendeu a ação, mesmo que o processo judicial ainda não tenha sido concluído. Segundo ele, a retirada das casas de madeira foi feita para impedir que elas, futuramente, tornem-se de tijolo.

"Desde 2014, quando houve a invasão, Seu Bernardino [proprietário do terreno] entrou com uma ação na Justiça, onde obteve vitória. A Defensoria Pública recorreu e a sentença foi anulada porque o Ministério Público não tinha entrado no processo. Então, toda a ação está recomeçando agora", explica.

As construções de madeira podem ser retiradas sem o aval da Justiça, segundo o advogado, então mesmo com o processo em andamento a ação de hoje encontra essa brecha na lei. Malheiros ainda criticou a postura dos desabrigados em invadir um terreno que, até então, estava sem exercer função social.

"O fato deles invadirem sob alegação de que é um problema social é absurdo, pois o problema não é nosso, é deles, da prefeitura e governo do estado. Não é certo você pagar 600 e tantos mil de imposto por ano e ter a propriedade invadida", argumentou o advogado, exibindo a escritura do local. 

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