Saúde

Escândalo: dívida milionária e 'moeda de troca' podem fechar hospital

Imagem Escândalo: dívida milionária e 'moeda de troca' podem fechar hospital
Ao que tudo indica, crise no hospital vai além da questão financeira  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 03/05/2013, às 06h16   Caroline Gois (twitter: @goiscarol)



R$ 120 milhões. Este é o valor da dívida que o Hospital Espanhol carrega e faz definhar mais uma crise na Saúde do Estado. Como instituição privada, o Espanhol é referência no atedimento emergencial e responsável por receber uma grande demanda dos susuários do Planserv, gerando um retorno de R$ 6 milhões para a unidade.

Acolhendo também pacientes do SUS, os 240 leitos estão, atualmente, vazios. Apenas 50 pacientes estão internados na instituição na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). A emergência não funciona mais e dentro de 15 dias, caso um 'socorro financeiro' não aconteça, a unidade vai fechar as portas.

A crise começou a ser identificada em maio do ano passado, quando se calculou uma dívida em torno de R$ 5 milhões, cuja amortização chegava aos R$ 8 milhões. Estes números, oriundos de empréstimos e dívidas trabalhistas ultrapassam hoje a casa dos três dígitos e deixam o hospital no sinal vermelho. "Estes empréstimos foram solicitados, muitas vezes, sem necessidade. Pegavam sem motivo. Com isso, este rombo foi gerado", revelou uma fonte ao site Bocão News.



De acordo com esta fonte, que testemunhou o processo de degradação do Espanhol, desde o ano passado acordos vêm sendo feitos na tentativa de amortizar o débito e equacionar os números para manter, pelo menos, as atividades fudamentais do hospital, como a emergência. "Já houve reunião entre a diretoria e a secretaria de Saúde (Sesab), afim de viabilizar este dinheiro através da Caixa Econômica Federal. Porém, há um detalhe que está emperrando a negociação. O secretário Jorge Solla disse que caso haja este retorno da Caixa o Governo pretende modificar o estatuto para que duas vagas sejam concedidas à Sesab no conselho deliberativo. Isso está sendo usado como uma moeda de troca. Precisamos da ajuda da Caixa, mas não podemos conceder vagas ao Estado porque o estatuto - que rege as regras do hospital, não pode ser alterado. Hoje, o hospital, caso esta ajuda da Caixa venha, consegue sobreviver. Só não podemos permitir que ele feche", desabafou.

Por conta desta indefinição, na próxima segunda-feira (6), membros da diretoria e funcionários irão realizar uma manifestação na Barra com o objetivo de chamar a atenção do Governo do Estado e da sociedade para a importância em se manter o Hospital Espanhol em funcionamento. "São 128 anos. Temos compromisso com o paciente e queremos manter as portas abertas", disse a fonte, afirmando que os dias estão contados para que o pior aconteça.

Em nota, publicada no site institucional, a Real Sociedade Espanhola de Beneficência, que administra o hospital, esclarece que:



1. Inicialmente, o Hospital Espanhol esclarece que não há que se falar em desassistência aos pacientes da comunidade baiana, sejam da rede privada ou do SUS. A Emergência encontra-se atualmente fechada, em virtude do movimento paredista dos médicos plantonistas da referida unidade, não atingindo, entretanto, os procedimentos eletivos (não urgentes), que têm sido mantidos.

2. No que se refere à situação financeira da Instituição, os empréstimos encontrados em maio de 2011 pela atual gestão foram agravados pelos vencimentos das carências e pelas amortizações crescentes, em razão da vinculação, à época, de todos os recebíveis como garantias dessas operações.

3. Tais operações comprometeram sobremaneira o capital de giro da instituição, impedindo o pagamento de suas obrigações perante colaboradores, médicos, fornecedores e prestadores de serviços.

4. É relevante considerar ainda que a entidade não se encontra inadimplente com qualquer agente financeiro, o que não ocorre por determinação empresarial, mas sim por imposição de obrigações contratuais.

5. Ao longo da atual gestão, os alongamentos realizados junto às instituições bancárias não se mostraram suficientes para superar a crise financeira, que não é exclusiva do Hospital Espanhol, uma vez que assola o setor filantrópico como um todo.

6. Autoridades públicas estão verdadeiramente empenhadas na solução da situação ora vivenciada pelo Hospital Espanhol. Entretanto, exigências relacionadas com alteração do Estatuto da Instituição, ao que tudo indica, vêm retardando a formalização das operações perante a Caixa Econômica Federal e o Desenbahia.

7. Confiante de que todas as autoridades e instituições envolvidas conferirão celeridade na tramitação do projeto de reestruturação desta centenária instituição, esta Diretoria permanece envidando todos os esforços necessários à manutenção da prestação de seus serviços para a comunidade baiana.

A equipe de reportagem do site Bocão News já tenta contato com Sesab para esclarecer as informações concedidas pela fonte.

Publicada no dia 02 de maio de 2013, às 11h16


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